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Pressionado, Guilherme pediu desculpas a Glória Perez antes de morrer

De Splash, em São Paulo

07/11/2022 11h43Atualizada em 07/11/2022 13h17

Guilherme de Pádua morreu no último domingo, aos 53 anos, depois de sofrer um infarto. A notícia foi confirmada pela Igreja Batista de Lagoinha, da qual ele era pastor desde 2017. O ex-ator ficou conhecido por ser o assassino de Daniella Perez, sua ex-colega de elenco da novela "De Corpo e Alma" e filha de Glória Perez, a autora da produção.

De Pádua mantinha um canal no YouTube e, por meio dele, pediu desculpas à mãe de Daniella. Em agosto, o pastor publicou um vídeo se dirigindo a Glória Perez.

Logo no começo da gravação, ele diz que, em decorrência do lançamento de "Pacto Brutal", documentário sobre o assassinato da atriz que foi sucesso de audiência na HBO Max, muitos questionaram seu "sentimento cristão".

No registro, ele explica que não queria que o pedido de perdão fosse feito por meio de um vídeo na internet e que chegou a ensaiar diversas vezes um encontro entre ele e Glória, que seria promovido por seus advogados.

"Talvez eu nunca vá ter a possibilidade real de pedir perdão por isso", disse ele. "Eu te peço perdão por todo o sofrimento que te causei", se referindo a Glória Perez.

No mesmo vídeo, o ex-ator também pediu desculpas a Raul Gazolla, o viúvo de Daniella Perez. Guilherme de Pádua relembrou que abraçou o colega quando chegou à delegacia. Naquele momento, Gazolla ainda não sabia que a mulher havia sido morta por De Pádua.

"Vi que era a pior pessoa do mundo. Nunca na minha vida eu senti algo como naquele momento", disse Guilherme de Pádua.

Assassinato de Daniella Perez

Em 1992, um crime brutal chocou o Brasil. Daniella Perez, de 22 anos, filha da dramaturga Gloria Perez, foi assassinada a punhaladas no dia 28 de dezembro pelo ator Guilherme de Pádua e sua cúmplice, Paula Thomaz, que estava grávida dele na época.

Guilherme encontrou Daniella na saída do estúdio em que eles gravavam a novela. Ele seguiu a atriz com Paula Thomaz, então esposa do ator, que estava escondida no banco de trás do carro. Quando Daniella parou em um posto de gasolina, sofreu uma emboscada: Guilherme deu um soco na artista, que caiu desacordada. A atriz foi colocada no banco de trás do carro do ator, agora com Paula no volante. Dirigindo o veículo de Daniella, Guilherme conduziu até um terreno baldio na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Uma vez no local, o casal apunhalou Daniella Perez mais de 18 vezes. Segundo relatório da perícia, o pulmão, o coração e o pescoço foram atingidos.

Julgamento

Uma testemunha estranhou ver dois carros parados no terreno baldio e, por precaução, anotou a placa dos veículos e avisou a polícia de que algo poderia estar acontecendo no local. As autoridades seguiram a denúncia e encontraram o carro de Daniella. Ao andar um pouco pelo lugar, um policial encontrou o corpo da atriz.

Em pouco tempo a polícia chegou até o veículo de Guilherme. Na ocasião, o ator adulterou uma letra da placa, mas foi encontrado mesmo assim.

Inicialmente, o assassino negava o crime. Ele foi encaminhado à delegacia no dia 29 de dezembro. Depois que as provas foram apresentadas, Guilherme de Pádua admitiu a culpa. Ao analisar o caso, a polícia entendeu que Paula também estava envolvida e, no dia 31 do mesmo mês, a prisão dos dois foi decretada. O julgamento aconteceu cinco anos depois e ambos foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima. Guilherme foi condenado a 19 anos, e Paula, a 18 anos e seis meses.

Em maio de 1993, Paula deu à luz Felipe, enquanto estava presa. Ela e o ator se separaram pouco tempo depois, em decorrência das diferentes versões apresentadas como defesa. Na maior parte delas, ele responsabilizava a então esposa pelo crime.

Com apenas sete anos de prisão, os dois foram colocados em liberdade condicional.

Assassinato é retratada em série

A morte da filha da escritora Gloria Perez e o julgamento de Guilherme de Pádua foram temas da série "Pacto Brutal: o assassinato de Daniella Perez" — que foi lançado em julho passado pela HBO Max.

A série dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra traz depoimentos de amigos da atriz, como Claudia Raia, Fábio Assunção, Maurício Mattar, entre outros, detalhes da investigação da polícia e depoimentos de Raul Gazolla e Gloria Perez.

Na série da HBO Max, Gazolla relembrou o dia em que descobriu a morte da mulher. Ele conta que assim que percebeu que Dani não estava em casa, saiu procurando por ela pelas ruas do Rio de Janeiro, além de ter telefonado para família e amigos para avisar de seu sumiço.

"Cheguei em casa e a Dani não estava. Eu esperei uns 10 minutos e falei: 'Pô, furou o pneu'. Passei pela Tycooon (estúdio onde Daniella gravava) e não tinha nada. Falei: 'Deixa eu fazer o caminho da praia' (...) Fui para o shopping da Gávea. Ela não estava. Ela nunca tinha feito isso de sumir, não deu satisfação, ninguém sabia onde estava", relembrou.

A polícia já havia sido avisada do sumiço da Daniella, e horas depois encontraram seu corpo e seu carro. Na delegacia, Marilu Bueno foi quem contou para Raul que sua esposa estava morta. "A Marilu falou: 'Raul, você tem que ser muito forte, mas a Dani não está mais aqui com a gente'. Eu fiquei desesperado. Fui correndo para o policial e falei: 'O carro está muito amassado? O teto não está amassado? O carro capotou?'. E ele falou que não. Aí eu falei: 'Mataram minha mulher'", contou o ator, com lágrimas nos olhos.

Gazolla foi até o local onde estava o corpo de Daniella aos prantos: "Desesperado, quando eu olhei o corpo da Dani, eu parei. Eu falei para o Rodrigo [irmão de Daniella]: 'Não é a Dani. É o corpo da Dani que está ali, mas não é a Dani'. Nesse dia, eu tive certeza que nós temos alma. Porque tinha um corpo ali que não tinha mais vida, que tinha sido da Daniella. Eu só queria saber o que aconteceu, que alguém teve que matar minha mulher'".

Guilherme de Pádua, o assassino de Daniella, foi para delegacia para prestar solidariedade à família e chegou a abraçar e consolar Gazolla. Já no velório, a polícia sabia que Guilherme era o culpado.