Quem foi Guilherme de Pádua, ator, assassino e pastor no fim da vida
Guilherme de Pádua, ex-ator e pastor batista, morreu ontem, aos 53 anos, vítima de um infarto, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A morte foi confirmada pelo pastor e líder da Igreja Batista da Lagoinha, Márcio Valadão, onde ele atuava como pastor.
Ele era lembrado no Brasil pelo assassinato da atriz Danielle Perez, filha da escritora Gloria Perez, no período em que era gravada a novela "De Corpo e Alma" (TV Globo), em 1992.
Após cumprir a pena pelo crime, ele vivia no estado de Minas Gerais ao lado da mulher, Juliana Lacerda, e atuava como pastor na Igreja Batista da Lagoinha.
Quem era Guilherme de Pádua?
Guilherme de Pádua nasceu na cidade de Belo Horizonte (MG) em 2 de novembro de 1969.
No fim da década de 1980, ele decidiu se mudar para o Rio de Janeiro em razão do sonho de tentar seguir carreira no meio artístico.
Antes de entrar na televisão, Guilherme de Pádua viveu algumas experiências no teatro. Dentre os papéis, o então artista se destacou ao interpretar um garoto de programa responsável pela morte de um diretor italiano na peça "Pasolini". Pouco tempo depois, ele voltou a atuar como um michê no musical "Blue Jeans" e passou a chamar atenção de diretores de TV.
Em 1992, Pádua teve a oportunidade de interpretar o motorista Bira na novela "De Corpo e Alma" (TV Globo). A carreira como ator foi interrompida quando ele estampou as manchetes das páginas policiais do país ao matar a atriz Daniella Perez, filha da escritora Gloria Perez.
O artista tinha 23 anos quando cometeu o crime. A sua então mulher e cumplice no assassinato, Paula Thomaz, estava grávida de seu primeiro filho.
Assassinato de Daniella Perez
Em 1992, Daniella Perez, de 22 anos, filha da dramaturga Gloria Perez, foi assassinada a punhaladas no dia 28 de dezembro por Pádua e Paula Thomaz.
Guilherme encontrou Daniella na saída do estúdio em que eles gravavam a novela. Ele seguiu a atriz junto com Paula Thomaz, que estava escondida no banco de trás do carro. Quando Daniella parou em um posto de gasolina, sofreu uma emboscada do casal: Guilherme deu um soco na artista, que caiu desacordada.
A atriz foi colocada no banco de trás do carro do ator, enquanto Paula assumiu o volante para fugir do local. Na sequência, dirigindo o carro de Daniella, Guilherme conduziu o veículo até um terreno baldio na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
No local, Pádua e Paula apunhalaram Daniella Perez mais de 18 vezes. Segundo relatório da perícia, o pulmão, o coração e o pescoço foram atingidos.
Julgamento
Uma testemunha estranhou ver dois carros parados no terreno baldio e, por precaução, anotou a placa dos veículos e avisou a polícia de que algo poderia estar acontecendo no local.
As autoridades seguiram a denúncia e encontraram o carro de Daniella. Ao andar um pouco pelo lugar, um policial encontrou o corpo da atriz.
Em pouco tempo a polícia chegou até o veículo de Guilherme. Na ocasião, o ator adulterou uma letra da placa, mas foi encontrado mesmo assim.
Inicialmente, Guilherme de Pádua foi encaminhado à delegacia no dia 29 de dezembro de 1992 e negava a autoria do crime. Depois que as provas foram apresentadas, ele admitiu a culpa. Ao analisar o caso, a polícia entendeu que Paula também estava envolvida e, no dia 31 do mesmo mês, a prisão dos dois foi decretada.
O julgamento aconteceu cinco anos depois e ambos foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima. Guilherme foi condenado a 19 anos, e Paula, a 18 anos e seis meses.
Em maio de 1993, Paula deu à luz enquanto estava presa. Ela e o ator se separaram pouco tempo depois, em decorrência das diferentes versões apresentadas como defesa. Na maior parte delas, ele responsabilizava a então esposa pelo crime.
Com apenas sete anos de prisão, os dois foram colocados em liberdade condicional.
Novo casamento e vida como pastor
Vivendo no anonimato em Minas Gerais, o ex-ator se casou com Juliana Lacerda em 2017 e mantinha relacionamento até os dias atuais.
O casamento aconteceu na Igreja Batista de Lagoinha, em Belo Horizonte, em Minas Gerais. No mesmo ano, ele também passou a atuar como pastor da comunidade, conforme informou o pastor Márcio Valadão no vídeo em que relatou a sua morte.
Pedido de perdão
Há cerca de seis meses, Guilherme de Pádua voltou a ter espaço na mídia em razão do lançamento da série "Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez" (HBO Max) e retornou às redes sociais para trazer os pontos que discordava do conteúdo — já que não foi ouvido pela produção do trabalho.
Pádua também usou o seu canal no YouTube para pedir perdão para a escritora Gloria Perez, mãe de Daniella Perez, e o ator Raul Gazolla, marido da atriz na época, pelo crime.
No vídeo, Pádua disse que o pronunciamento era a quem não acreditava em sua conversão, por não tê-lo visto pedindo perdão a Gloria Perez e às outras pessoas atingidas pela morte da atriz. O assassino, então, relatou que seu "maior sonho" era pedir perdão e decidiu usar a internet por não ter como ter contato com a escritora e o ator.
"Pensei em procurar advogados do Raul Gazolla, da Gloria Perez. Pensei em pedir pra alguém que intermediasse esse encontro. Não imaginava uma coisa pela internet, um vídeo [...] Talvez eu nunca vá ter uma oportunidade real de pedir perdão", afirmou.
"Por isso, Gloria Perez, eu te peço perdão por todo sofrimento que eu te causei. Eu jamais esqueci daquele encontro na carceragem. Nunca esqueci. Raul Gazolla, eu te peço perdão. Eu nunca esqueci do dia que eu fui chamado na delegacia, você estava lá e se arrastou até mim. Me abraçou chorando. E ali eu vi que eu era a pior pessoa do mundo", continuou.
"Nunca na minha vida eu senti algo igual eu senti naquele momento. Nunca. Eu peço perdão aos familiares, aos amigos, a todos que se envolveram com essa história, que se entristeceram, que se revoltaram. Eu sei que esse pedido de perdão talvez não vá significar nada, mas eu quero deixar registrado", concluiu Pádua.
Polêmica com Bolsonaro
Antes de morrer, Guilherme de Pádua esteve envolvido em polêmica após visita de Michelle Bolsonaro e o presidente Jair Bolsonaro (PL), no último dia 7 de agosto, na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte.
Após o culto, a primeira-dama tirou fotos com os fiéis e, após a imagem ao lado da mulher de Pádua viralizar nas redes sociais, alegou que não a conhecia.
Bolsonaro alegou que questionou Michelle Bolsonaro sobre a foto ao lado de Juliana Lacerda e contou que a mulher fez o clique sem saber quem estava ao seu lado - já que ela não se identificou como a atual esposa de Guilherme de Pádua.
Bolsonaro ainda negou que ele e a primeira-dama tenham almoçado com o casal, e ressaltou que deixou o culto e retornou para Brasília, enquanto sua esposa permaneceu na capital mineira, para almoçar com os familiares do pastor Márcio Valadão — líder da comunidade em que o ex-ator trabalhava como pastor.
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