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'Meu Corpo Morto': mulher morta em 2020 terá corpo dissecado na TV

Toni Crews, 30, morreu em 2020 após metástase, deixando documentos autorizando doação de seu corpo para a ciência - Reprodução/Instagram
Toni Crews, 30, morreu em 2020 após metástase, deixando documentos autorizando doação de seu corpo para a ciência Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

08/11/2022 11h06Atualizada em 08/11/2022 13h56

Uma mulher que morreu em 2020 deve ter o corpo dissecado em um programa de televisão do Reino Unido, após assinar documentos oferecendo seus restos mortais para estudos médicos. Toni Crews, 30, foi diagnosticada em 2016 com adenocarcinoma — câncer que atinge glândulas e tecido epitelial de vários órgãos, como estômago, intestino e pâncreas —, após apresentar inchaço no rosto e problemas na visão.

Após exames, o tumor foi localizado em um local raro: a glândula lacrimal da paciente, já tendo se espalhado para outras áreas do rosto de Toni, que foi obrigada a remover o olho direito como parte do tratamento. Em meio à busca pela cura, a britânica, mãe de dois filhos pequenos, decidiu fazer um diário narrando seu cotidiano com a doença, em uma série de textos que farão parte do programa "My Dead Body" (ou "Meu Corpo Morto", em português), que mostrará parte dos estudos sobre seu corpo.

Na produção, que será exibida em dezembro pela emissora Channel 4, uma tecnologia foi usada para reproduzir a voz de Toni, que deve ser a responsável por explicar sua jornada e a decisão de doar o corpo para a ciência.

"Isso me dá paz para o futuro", afirmou a britânica em um dos textos que escreveu. Após a cirurgia para remover o olho direito, Toni permaneceu em remissão por dois anos, até que em 2018 teve de voltar a passar por sessões de radioterapia e novas intervenções cirúrgicas.

Mais uma vez, ela foi considerada livre dos tumores, sendo surpreendida em 2020 pelo diagnóstico de metástase, após exames apontarem que o câncer tinha se espalhado para seus pulmões, ossos e camada de gordura que envolve a pele.

Na época, depois de sofrer inúmeras convulsões, os médicos constataram que o tumor também havia chegado ao seu cérebro

Claire Smith, professora de anatomia na Escola de Medicina de Brighton e Sussex, lidera a pesquisa no corpo da mulher, em uma equipe que conta com universitários, segundo o tabloide Mirror.

Ao comentar a exibição do estudo em rede nacional, a médica celebrou a "oportunidade" de educar outras pessoas.

"Nós somos muito privilegiados de explorar a jornada do câncer graças à incrível doação feita pela Tony", declarou ela, ao jornal.

"Com o documentário, nós tivemos a chance de convidar mais de mil estudantes, incluindo enfermeiras, paramédicos e neurocientistas, que normalmente não teriam a chance de aprender sobre esse câncer raro", afirmou Smith, que espera que os resultados dos estudos deixem uma herança duradoura para a comunidade.

Uma das editoras do Channel 4, Anna Miralis, também destacou a importância do documentário, afirmando que "ele conta uma das histórias mais íntimas, de como uma jovem mãe lutou bravamente pela vida contra uma forma rara de câncer".

"Doando seu corpo para exibição pública de uma forma inédita no Reino Unido, Toni Crews nos oferece uma visão extraordinária e única sobre a jornada contra essa doença. A presença de sua voz com os textos de seus diários, cartas e postagens nas redes sociais garante que o filme esteja repleto do acolhimento e generosidade que caracterizaram a vida inspiradora de Toni", concluiu a executiva da emissora ao site The Sun.