Além da Escola Base, Salaro cobriu casos de tráfico de órgãos e mortes
Valmir Salaro, 68, é um dos medalhões do jornalismo da Globo. Com 30 anos de emissora, seu rosto é conhecido dos espectadores do "Fantástico", que se acostumaram a assistir ao jornalista falar sobre assuntos espinhosos em suas diversas reportagens investigativas.
O comunicador é o personagem principal de "Escola Base - Um Repórter Enfrenta o Passado", documentário lançado recentemente na Globoplay que revisita o rumoroso caso de uma escola infantil na qual os proprietários e mais um casal foram acusados de pedofilia.
Salaro foi o primeiro jornalista a falar sobre o possível crime: sua matéria foi exibida no Jornal Nacional e a partir daí, o caso tomou grandes proporções.
No entanto, se tratavam de acusações não apuradas e uma sucessão de erros, tanto da polícia, quanto da imprensa. Por fim, os acusados foram inocentados, mas o estrago em suas vidas já tinha sido feito. A produção acompanha Valmir Salaro enfrentando os fantasmas do passado e questionando como suas decisões mudaram vidas e sua carreira.
Anos antes do caso Escola Base, em 1982, o repórter ganhou o prêmio Vladmir Herzog, ao lado de Dácio Nitrini, com a reportagem "A Rota entre o Bem e o Mal", na qual denunciava a violência urbana e truculência da Rota, a polícia de elite de São Paulo.
"Ela matava muito e chamava de tiroteio, dizendo que havia um confronto, mas muitos casos eram execução sumária. Isso marcou a minha vida pessoal e profissional", disse em entrevista à Globo.
Em parceria com o jornalista Antenor Braído, Salaro ganhou mais um prêmio Vladimir Herzog, com a reportagem "Na pista dos Assassinos". Na matéria, ele denunciava as mortes executadas por grupos formados por policiais, intitulado de Esquadrão da Morte.
Já na Globo, sua primeira grande reportagem investigativa foi para o "Fantástico", quando abordou sobre tráfico de órgãos humanos. "Eram médicos legistas que tiravam os órgãos das pessoas que tinham tido morte violenta e vendiam para faculdades de medicina. Uma coisa bem chocante", disse.
Valmir Salaro coleciona grandes coberturas, como a do Maníaco do Parque, em 1998. "Entrevistei os pais das vítimas. É difícil você ficar de frente com alguém que perdeu a filha de forma tão brutal, tão violenta. Emociona. São histórias que deixam uma marca na alma", contou à Globo.
Entre os casos mais recentes, ele entrevistou Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta condenados pela morte de Isabela Nardoni, de 6 anos. Além deles, o currículo de Salaro conta com coberturas dos casos Suzane Von Richtofen, a jovem rica que matou os pais junto com o namorado e o cunhado; Antônio Pimenta Neves, o jornalista que assassinou a namorada e colega de profissão; e Kevin Espada, o garoto boliviano morto em um jogo de futebol.
Nascido em 16 de novembro de 1953, o paulistano estudou na Faculdade Cásper Líbero e iniciou sua carreira como estagiário da editoria de esportes no Jornal da Gazeta. Já em 1978, quando trabalhava no Diário do Grande ABC, tornou-se repórter policial. Salaro conta com passagens também na Rádio Jovem Pan e na Agência Folha.
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