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'Não ajudamos criminosos': os cuidados de uma série sobre crimes reais

O laboratório do "Perícia Lab", onde os crimes são recriados - Felipe Perazzolo/ Divulgação
O laboratório do 'Perícia Lab', onde os crimes são recriados Imagem: Felipe Perazzolo/ Divulgação

De Splash, em São Paulo

19/11/2022 04h00

Estamos vivendo a "Era de Ouro" das produções sobre crimes reais, também conhecidas como "true crime", e na maior parte das vezes assistimos a partir da ótica dos criminosos ou das vítimas. A série "Perícia Lab" se destaca entre tantas por sair do comum e mostrar detalhes do processo das autoridades para chegar à resolução de crimes.

O título exibido na AXN ganha novos episódios todas as segundas-feiras, às 22hh55, e acompanha o estudo e técnicas usadas pelo perito Ricardo Salada e pela fotógrafa pericial Telma Rocha. Em um laboratório montado no estúdio, eles levam o espectador a se aprofundar no trabalho das autoridades. Mas há um limite.

A Splash, Rocha explicou que existe um cuidado com o que é dito sobre o processo de perícia para não ajudar criminosos a escapar da polícia. "Meu maior receio é falar determinadas coisas que eu possa estar dando dicas para criminosos. Ou, até mesmo uma ideia para algum louco da internet. Muitas vezes eu me empolguei, mas me segurei para não falar nada demais."

A fotógrafa conta que, durante a produção do "Perícia Lab", houve diversas discussões sobre o que poderia ser falado. "Eram conversas realmente acaloradas, porque teve coisa que me recusei a fazer."

"Eu tenho um comprometimento com uma instituição da polícia, então da minha boca ninguém vai ouvir coisas que podem ajudar quem não deve. Mostramos as técnicas, como o luminol, mas mostramos de maneira lúdica. Não damos detalhes cruciais."

Telma Rocha, Ricardo Salada e André Ramiro apresentam 'Perícia Lab' - Divulgação - Divulgação
Telma Rocha, Ricardo Salada e André Ramiro apresentam 'Perícia Lab'
Imagem: Divulgação

Salada contou que tudo o que é mostrado na série é "de forma limitada". "Se fossemos falar tudo, eu estaria ajudando o criminoso. Temos que tomar cuidado com esse lado."

Não damos o caminho para os criminosos.

Por outro lado, o perito entende que há coisas que já são muito conhecidas do público. "Sabemos que as pessoas sabem de alguns detalhes já. Por exemplo: antigamente, buscávamos impressões digitais. Agora, criminosos acabam usando luvas ou tomando cuidado com as roupas. Para identificarmos, usamos outras técnicas que mantemos em segredo."

Por que fazer a série?

Com tantas ressalvas, qual a motivação de desenvolver "Perícia Lab"? Telma Rocha explica que é para sanar as dúvidas do público.

"Não é o interesse pela desgraça. As pessoas se questionam: 'Como vocês fazem?'. Peguei esse gancho e pensei: 'Nada mais legal do que realmente mostrar que existem pessoas dedicadas'. Claro que tem gente que vai só fazer o plantão, mas você também encontra quem se dedica."

Além disso, ela acredita que a série mostra que peritos brasileiros podem ser tão bons quanto qualquer outro.

"A diferença é a rapidez com que as coisas acontecem, o número de casos e de profissionais envolvidos. As dificuldades não mostram nessas séries. Mas, para você ter noção, já recebemos visitas de pessoas da França e da China para mostrar nossas técnicas, mas para eles, é um homicídio a cada três meses. Para a gente, em um plantão sossegado, temos dez homicídios em São Paulo."

"As pessoas acham que a perícia não trabalha em São Paulo. Ela trabalha e trabalha excessivamente. Dentro do excessivo, mostramos o melhor resultado", encerrou.