Como quatro jovens da periferia levaram a 'rebolada' para a novela das 9?

Você provavelmente já ouviu a música "Na rebolada" e viu amigos dançando ao som de "é só tu bater a palminha, virar de costa e a rebolada" nas redes sociais. Isso porque a música d'Os Quebradeiras se tornou viral nas redes e foi parar até em "Travessia".

Na trama escrita por Glória Perez, a personagem Silene (interpretada pela atriz Aoxi), mostra a nova dancinha para Nunes (Orã Figueiredo). Assim, os amigos Gustavinho (17 anos), RK (18), Zelé (19) e LC (23) foram parar no horário nobre da TV Globo.

"Esqueça tudo, meu irmão, foi muito bom. Fiquei muito feliz. É raro a música tocar na televisão assim, ainda mais um funk", conta Gustavo, animado, sobre ouvir a música gravada em colaboração com DJ Zullu na novela das 9.

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"Quando tocou, minha mãe estava vendo Netflix, saí tirando a Netflix dela, coloquei na Globo. Ela gritou e todo mundo gritou. Todo mundo ficou feliz", lembra RK.

Formado pelos quatro amigos do Fonseca, na Zona Norte de Niterói, na região metropolitana do Rio, o grupo já conquistou nomes como L7NNON, Ludmilla, Lexa, Mel Maia, Virginia Fonseca, Anitta e até o craque Neymar. Quando o astro do futebol dançou a música deles, eles viraram a sensação do momento e receberam diversas mensagens nas redes sociais.

Em conversa com Splash, direto do estúdio onde nasceu o hit "Na Rebolada", eles contam que levaram cerca de apenas dez minutos para criar a dancinha e a letra da música. Mas como é possível criar um sucesso tão rápido?

Eles dizem que é segredo, mas não escondem que um novo hit do grupo nasce da espontaneidade e do improviso dos encontros entre eles, seja no estúdio ou na casa de um deles. Inquietos, é difícil até eles ficarem parados enquanto dão a entrevista.

Hoje, "Na Rebolada" tem mais de um bilhão de menções no TikTok e mais de 17 milhões de reproduções no Spotify — chegou a figurar no TOP 100 das mais ouvidas no Brasil dentro da plataforma. O clipe oficial com DJ Zullu tem quase um milhão de views no YouTube.

O sucesso ainda é um fator novo para os jovens, mas eles não negam que estão felizes com a visibilidade que vem ganhando. Os amigos se conhecem há anos, dançam juntos há cerca de quatro, mas levam a sério a carreira no funk desde o final do ano passado. Com uma trajetória artística curta, eles creditam o sucesso a Deus.

"O nosso nome surgiu na saída de um evento. Estava eu (RK), Zelé e Lucas. O Lucas já carregava o nome 'LC Quebradeira' há um tempo, nós conversamos, 'ah, vamos fazer um grupo' e ficou esse nome. O Gustavo dançava solo, mas passou um tempinho e ele entrou no grupo. Assim que ele chegou, começou a nossa rotina de ir para o estúdio fazer música, criar dança... Estamos até agora", diz RK.

"A primeira vez dos quatro juntos foi no Espaço Hall (casa de show na Zona Oeste do Rio). Antigamente a gente era só dançarino. A gente foi convidado para lançar o passinho no show de uma DJ, Foi nesse dia que formos os quatro em um palco grandão. Daí em diante, ficamos nós quatro para sempre", completa ele.

Todos sempre tiveram aproximação com a dança e o funk, tanto que exploram as dancinhas em seus próprios perfis nas redes sociais há anos e lucram como influenciadores digitais — juntos, eles somam mais de um milhão de seguidores somente no Instagram.

Só Gustavinho que não era ligado no estilo musical. Por influência da família que veio do interior, preferia o sertanejo. Mas não teve jeito: quando LC mostrou a batida, ele se apaixonou também.

"Minha mãe não gostava que eu escutasse funk porque falava palavrão. Fui escutar depois de velho, com uns 12 ou 13 anos. Hoje em dia, todo mundo (da minha família) gosta e apoia. O nosso show de funk é diferente, não é proibido. Dá para ouvir numa festa de família", pensa Gustavinho.

"Hit do carnaval"

E eles não param! Os meninos d'Os Quebradeiras lançaram recentemente "Pagodão do Birimbola (Tchubirabirom)". Em parceria com o produtor musical Machadez e a gravadora Mousik, o grupo une o funk ao axé em uma releitura do sucesso de 2010 do grupo Parangolé.

"Vai ser o hit do Carnaval", acredita LC, que comemora o desempenho do novo hit no TikTok. Só nessa plataforma, mais de 30 mil vídeos criados com a música em apenas 48h.

E eles sonham longe. No palco com Splash, imaginaram como se imaginam nos próximos anos. "Imagina Os Quebradeiras e Chris Brown. Colaborar com Justin Bieber. Virar dançarino da Rihanna, Beyoncé... Me imagino bem financeiramente, dando uma casa para minha mãe, de boa... As paradas bem básicas mesmo. Tranquilão com a vida", pensa RK

"Me imagino com um Camaro, um Porsche, morando em São Paulo, lá no Guarujá, tomando umazinha com dez mulheres do lado", diz Gustavinho, aos risos. "Me imagino nos Estados Unidos", diz LC. "Morando em Portugal, papo reto", pensa Zelé.