Roberto Carlos se pronuncia após morte de Erasmo: 'Dor é muito grande'
Roberto Carlos, de 81 anos, um dos grandes amigos e parceiro musical de Erasmo Carlos, se pronunciou após a morte do cantor, aos 81 anos no Rio de Janeiro.
O rei se manifestou em uma publicação no Instagram com um texto de despedida e uma homenagem ao grande amigo. Roberto Carlos disse que a sua dor é muito grande.
"Minha dor é muito grande, nem sei como dizer tudo o que eu penso desse meu amigo querido, meu grande irmão. Meu ídolo por tudo, pela sua lealdade, sua inteligência, sua bondade, por tudo o que eu conheço dele. Um ser humano maravilhoso esse meu irmão. É um privilégio para mim ter um amigo, um irmão assim por todos esses anos", começou.
Ele continuou e desabafou que é difícil encontrar palavras para falar dele. "O meu amigo Erasmo Carlos. Ele viverá sempre em meu coração. Que o nosso Deus de bondade o proteja e o abençoe sempre. Amém, amém, amém", escreveu.
Parceria musical
Apesar de compartilharem do mesmo "sobrenome artístico", Erasmo Carlos e Roberto Carlos não eram irmãos. A dúvida surgiu nas redes sociais após ser confirmada a notícia da morte de Erasmo Carlos, o eterno Tremendão, aos 81 anos.
Nascido Erasmo Esteves, ele adicionou o Carlos ao nome artístico em homenagem ao seu amigo e maior parceiro musical, Roberto Carlos, e também a Carlos Imperial, produtor musical com quem escreveu canções como o rock "Eu Quero Twist" e de quem foi secretário pessoal.
A conexão entre Erasmo e Roberto nasceu da música. Grandes parceiros na Jovem Guarda, a união dos dois rendeu alguns dos maiores clássicos da Música Popular Brasileira (MPB), como "Quero que vá tudo pro inferno", "Gatinha manhosa", "Como é grande o meu amor por você", "Se você pensa", "Sua estupidez", entre outras.
Roberto Carlos era padrinho do filho de Erasmo, Alexandre, que morreu em 2014. Isso fez com que Roberto e Erasmo fossem compadres.
No aniversário do de Roberto Carlos, em abril de 2021, Erasmo Carlos prestou uma homenagem em que se diz "irmão" e "compadre" do amigo.
"Parabéns, meu irmão. Eu agradeço tanto o destino por ter colocado a nossa vida na mesma estrada, e eu sou testemunha desse seu sucesso maravilhoso, da sua luta, do seu amor, da sua garra para ser o grande artista que você é. Eu já sou seu compadre, já sou seu parceiro, mas por favor não deixe de ser meu amigo porque eu te amo, muito e muito!", disse o cantor.
Morte
A informação foi confirmada pela gravadora Som Livre e a assessoria do cantor, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.
"A música popular brasileira para sempre terá em Erasmo Carlos um herói imortal. Suas passagens pela Som Livre foram e continuarão sendo motivos de orgulho e gratidão para todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com o brilhantismo de um dos maiores nomes da nossa cultura. O adeus que não queríamos dar traz a lembrança recente de que, apenas cinco dias atrás, Erasmo foi o vencedor do Grammy Latino com o melhor álbum de rock de língua portuguesa. Essa é apenas mais uma das muitas evidências de que Erasmo seguirá atual e relevante para a música por toda a eternidade. Nossos sentimentos aos fãs, familiares e amigos", escreveu a gravadora.
O "Tremendão", como era conhecido por sua paixão pelo Rock e por Elvis Presley, deixou a mulher Fernanda e três filhos.
Um dos maiores nomes do rock nacional, Erasmo Carlos estava internado no Hospital Barra DOr, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, desde o dia 2 de novembro. Ele apresentava quadro de paniculite complicada por sepse de origem cutânea.
A paniculite pode surgir em decorrência de infecções, lesões e doenças autoimunes — sintomas típicos incluem caroços sensíveis e vermelhos debaixo da pele. Já a sepse é uma doença que resulta de uma reação exagerada do corpo a algum tipo de infecção causada por vírus, bactéria ou fungo.
Essa resposta inadequada pode levar ao mau funcionamento de um ou mais órgãos, com risco de morte quando não descoberta e tratada rapidamente. Essa infecção pode ser bacteriana, fúngica, viral, parasitária ou por protozoários.
Erasmo Carlos morre aos 81; relembre sua história
Nascido Erasmo Esteves, ele adicionou o Carlos no nome artístico em homenagem ao seu amigo e maior parceiro musical, Roberto Carlos, e também a Carlos Imperial, produtor musical com quem escreveu canções como o rock "Eu Quero Twist" e de quem foi secretário pessoal.
Com 29 álbuns de estúdio, lançados entre 1965 e 2019, e cinco discos ao vivo, Erasmo Carlos foi um dos pioneiros do rock n' roll no Brasil, estilo musical que adotou desde o início da carreira influenciado por um de seus maiores ídolos, Elvis Presley. Foi uma das músicas que fez muito sucesso na voz do rei do rock - "Hound Dog" - que o aproximou de Roberto Carlos ainda na década de 1950.
Da parceria de Erasmo e Roberto Carlos nasceriam clássicos como "Minha Fama de Mau", "É Preciso Saber Viver", "Amigo", "Gatinha Manhosa", "Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", "Se Você Pensa", "Além do Horizonte" entre outras canções que marcaram gerações.
Nascido no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio, Erasmo Carlos também conviveu com Tim Maia desde a infância, parte da turma da Tijuca. Foi o Síndico quem o ensinou a tocar violão. A cena aparece na cinebiografia "Minha Fama de Mau", lançada em 2019.
Em seu penúltimo álbum, "Amor É Isso", Erasmo Carlos lançou "Novo Love", uma parceria póstuma com Tim Maia. A música é uma versão em português de Erasmo para "New Love", lançada por Tim Maia em 1973. Em uma entrevista ao programa "Conversa Com Bial", em 2018, Erasmo contou que já conhecia a canção desde 1961, quando Tim estava morando nos Estados Unidos e enviou a gravação em um compacto para a namorada na época.
Antes de se lançar em carreira solo, Erasmo Carlos participou do grupo The Boys Of Rock, rebatizado de The Snakes por Carlos Imperial, com Arlênio Lívio, Edson Trindade e José Roberto, o China. O The Snakes chegou a acompanhar Cauby Peixoto no primeiro rock brasileiro, a canção "Rock N' Roll Em Copacabana", de 1957.
Em 1965 Erasmo Carlos estouraria de vez com a Jovem Guarda. O programa exibido pela TV Record era apresentado por ele, Roberto Carlos e Wanderléa, criando um movimento cultural de música e comportamento iniciado com os três. Essa época também está detalhadamente representada na cinebiografia de Erasmo dirigida por Lui Farias.
No cinema, Erasmo atuou em "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" (1970), Roberto Carlos a 300 Quilômetros Por Hora" (1971), ambos dirigidos por Roberto Farias, pai do cineasta que faria sua cinebiografia quatro décadas depois. Ele ainda participou de "Os Machões" (1972), "O Cavalinho Azul" (1984) e Paraíso Perdido" (2018). Em 2020 estreou na Netflix no filme "Modo Avião", em que interpreta o avô de Larissa Manoela. É o filme de língua não-inglesa mais visto da plataforma.
Na vida pessoal, Erasmo Carlos sofreu com duas grandes perdas. Narinha, o grande amor de sua vida com quem ficou casado por 15 anos, suicidou-se em 1995, quatro anos após se divorciar do cantor. Já seu filho do meio, Alexandre, morreu aos 40 anos em 2014 após um grave acidente de moto.
Com Narinha, Erasmo ainda teve Gil Eduardo e Leonardo Esteves. Ele deixa os dois filhos, netos, e a atual esposa, a pedagoga Fernanda Passos, de 32 anos.
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