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De 'Cavalgada' a 'Kamasutra': Erasmo Carlos cantou sexo de forma explícita

Erasmo Carlos revolucionou a música ao explorar temas ligados ao sexo  - Guto Costa/Divulgação
Erasmo Carlos revolucionou a música ao explorar temas ligados ao sexo Imagem: Guto Costa/Divulgação

De Splash, em São Paulo

23/11/2022 04h00

Erasmo Carlos escreveu sobre sexo quando o assunto ainda era um tabu. O músico de 81 anos, que morreu na terça-feira (22), no Rio de Janeiro, cantou de maneira corajosa as mais diferentes características do desejo sexual e desafiou a ditadura militar, o conservadorismo e os pudores de várias gerações de brasileiros.

Uma das primeiras canções a abordar o tema foi "O Terror dos Namorados", lançada em 1965. Na música, que faz parte do álbum "A Pescaria", o artista cantou "eu beijo", mas, se não fossem os militares, teria entoado "eu fodo".

"Antigamente, era 'beijo, beijo, beijo' porque não podia dizer 'fodo, fodo, fodo'. Cada época é de uma maneira, mas sempre falei de sexo", revelou o cantor, em entrevista à imprensa de Belo Horizonte, em 2015.

Na década de 1980, com "Cavalgada", o músico descreveu um ato sexual: "Usar meus beijos como açoite e a minha mão mais atrevida. Vou-me agarrar aos seus cabelos, para não cair do seu galope".

Com "O Côncavo e o Convexo", ao lado de Roberto Carlos, Erasmo cantou o encaixe dos corpos de maneira mais poética, mas não menos ousada para a época. O rei Roberto, inclusive, tinha medo de se apresentar com a faixa no começo. "Quando a gente se beija, se ama e se esquece da vida lá fora", diz um dos trechos da composição.

"Fantasias" chegou no início dos anos 2000. Em conversa com a revista Rolling Stone, em 2011, o artista contou detalhes sobre as intenções da letra. "Posso falar com sinceridade? 'Fantasias' é uma música em que eu falo de uma punheta. Eu com a mulher que eu quiser se eu fechar os olhos e tocar uma punheta."

Na mesma entrevista, o artista disse que em "Calma Baby", do disco "Santa Música" (2004), "tem uma mulher fazendo amor no final da canção". A partir dos 3 minutos, é possível escutar gemidos de forma mais explicita.

Álbum 'Sexo'

Erasmo Carlos  - TV UOL - TV UOL
Erasmo Carlos falou sobre sexo ao longo de toda a carreira
Imagem: TV UOL

Erasmo Carlos lançou o disco de inéditas "Sexo" em 2011. O projeto abordou tema sem pudores, mas sem perder o romantismo que o acompanhou ao longo da carreira. O álbum contou com as participações nas composições de Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto, Nelson Motta e o produtor Liminha.

O eterno Tremendão descreveu posições e outros detalhes do ato sexual nas músicas, a exemplo "Kamasutra", "Sentimento Exposto", "Santas Mulheres Santas", "Vênus e Marte" e "Sexo é Vida".

"Esse assunto inexplicavelmente ainda é tabu. É o que gera a vida e sempre rende polêmica. O que a gente faz dentro de quatro paredes é pornografia? Faz parte do ar que respiro. Meu vício é o amor que consigo através do sexo", disse o músico, na época do lançamento, em conversa com o Extra.

A capa do disco apresenta uma imagem de coração que sugere uma vagina. Em conversa à IstoÉ, no mesmo ano, o compositor falou que sempre foi muito cuidadoso com as capas dos discos, em especial quando o vinil reinava sozinho.

"Gosto de capas que têm vida própria, que não sejam um simples invólucro para embalar o disco. Tem que ser algo que chame atenção! Encomendei essa capa para o Ricardo Leite, que é o cara que fez a arte gráfica do meu disco 'Rock 'n' Roll'. Disse a ele que criasse uma capa que retratasse o sexo com amor", completou.