Vida de luxo nos EUA, tráfico humano e prisão: como Kat Torres perdeu tudo
Depois ser presa nos Estados Unidos no dia 2 de novembro, Katiuscia Torres, conhecida como Kat Torres ou Kat A Luz, agora foi presa preventivamente no Brasil, em Minas Gerais, sob suspeita de manter pessoas em condições análogas à escravidão. A informação foi confirmada por Splash.
O caso, que envolve a imagem de influenciadoras digitais, muito dinheiro e falsas promessas de enriquecimento, ganhou repercussão e notoriedade quando a modelo Yasmin Brunet foi envolvida em denúncias e suspeitas que circulavam na internet — e acusada, erroneamente, de participar de um esquema de tráfico de pessoas e prostituição.
Como tudo começou?
A história ganhou notoriedade quando a ex-modelo Leticia Maia foi apontada como desaparecida nos Estados Unidos. Os pais da jovem acreditavam que ela poderia estar sendo mantida em cativeiro por Kat Torres, junto a outra jovem chamada Desirrê Freitas.
Quando as suspeitas começaram a tomar proporções maiores na internet, Leticia fez lives e gravou vídeos no Instagram, para garantir estar bem. No entanto, seguidores começaram a suspeitar que ela pudesse estar sendo ameaçada, pois olhava muito para os lados e para cima durante as transmissões.
Foi em uma dessas lives que Yasmin Brunet entrou para a história. Ela resolveu assistir a uma transmissão de Leticia, e pediu para que a garota filmasse o quarto onde estava, para tranquilizar os seguidores.
Como Yasmin foi acusada?
Depois disso, Leticia demonstrou irritação e encerrou a live. Em seguida, Katiuscia fez uma publicação acusando Yasmin de manter a garota em cativeiro. As três — Leticia, Katiuscia e Desirrê — começaram a divulgar a história.
No fim do mês de outubro, Yasmin registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Crimes Cibernéticos, em São Paulo. "Vou fazer questão de mostrar para elas que na internet existem, sim, leis que precisam ser seguidas, e que isso não é uma brincadeira que você faz com alguém. Esse tipo de acusação seríssima não é uma brincadeira que você faz com alguém", escreveu em seu perfil no Instagram, ao justificar por que decidiu procurar medidas legais.
Prisão nos Estados Unidos
O caso ganhou um novo capítulo quando, no dia 2 de novembro, os nomes de Katiuscia, Leticia e Desirrê apareceram em uma lista de detentos do condado de Cumberland, no Maine. O estado está na divisa com o Canadá, e a suspeita é que elas estivessem tentando cruzar a fronteira com documentos irregulares.
Qual era o esquema?
Em entrevista concedida ao jornal O Globo, mulheres denunciaram como Katiuscia Torres, Desirrê Freitas e Leticia Maia aplicavam os golpes.
Kat, autodenominada guru espiritual e bruxa, cobrava valores altos, em dólar, para consultas e conselhos amorosos. Uma das vítimas conta que foi extorquida em mais de R$ 150 mil, e que fazia tudo o que a mulher ordenava.
A vítima conta que Katiuscia a convidou para viajar aos Estados Unidos, e renunciou a tudo o que tinha no Brasil para tal.
"Ela e as meninas [Letícia e Derissê] me tratavam como rainha. Mas comecei a ver que os banhos com cristais não funcionavam. O meu ex não me procurava, e as meninas deixaram escapar que a Kat as proibira de falar de negócios comigo (...) Depois de cinco dias, eu vim embora e nunca mais falei com nenhuma delas."
Outra moça disse que Kat sugeriu que ela fosse trabalhar nos Estados Unidos como "sugar baby" (em geral, mulheres jovens que aceitam presentes caros, viagens, entre outras de homens mais velhos e ricos, conhecidos como "sugar daddies").
"Eu procurava as consultas, mas ela também sempre me procurava falando que a voz disse que eu precisava ouvir um conselho. Depois que terminei meu relacionamento, ela disse ter percebido que meu problema era não gostar do curso de engenharia do petróleo que estava cursando e propôs que eu fosse trabalhar com 'sugar baby' nos EUA. Ela queria ter várias meninas fazendo o mesmo que eu porque me contou que pretendia montar um Airbnb para isso", afirmou.
Ainda segundo O Globo, a Polícia Federal apura indícios de que a seita da qual Kat se dizia líder era uma "cortina de fumaça" para encobrir crimes que envolvem tráfico internacional de pessoas e prostituição. O caso é acompanhado pelo Ministério das Relações Exteriores, pela Polícia Civil de Minas Gerais e também por autoridades dos Estados Unidos.
Vida de luxo e affair em Hollywood
Nascida em Belém, no Pará, Katiuscia tentou a vida de modelo no Rio de Janeiro, e engatou uma carreira internacional ao fazer trabalhos com grifes renomadas. Desde então, começou a levar uma vida de luxo, ostentando bolsas, viagens e joias caras.
Em 2013, ela ganhou os holofotes ao ser fotografada ao lado de Leonardo DiCaprio em festas na França. Na ocasião, ela foi apontada como possível namorada do astro de "O Lobo de Wall Street" (2013) e "Era Uma Vez em... Hollywood" (2019).
"Temos um pacto de que nada jamais pode ser dito", falou, na época, ao jornal Extra. "Na Europa é diferente. As pessoas nos viram em muitos lugares juntos. Então, não precisaram perguntar. Ele não gosta de ser fotografado. Mal consegue andar depois que as pessoas percebem que é ele."
Em seu site oficial, atualmente fora do ar, Kat se definia como atriz, comediante e escritora de sucesso de vendas do livro "A Voz - Uma História de Superação, Crescimento Espiritual e Felicidade".
Volta ao Brasil
Extraditada, Katiuscia deu entrada no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, no último sábado (19), após o pedido de prisão preventiva ter sido publicado na quinta-feira (17). Detalhes sobre o processo estão sob sigilo.
Em seu Instagram, Yasmin Brunet comemorou a prisão de Katiuscia, e fez um pedido:
Que a Justiça seja feita por todas as vítimas dela.
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