'300': Entenda o filme que general mandou Moraes assistir em tom golpista
O general da reserva Paulo Chagas chamou a atenção dos internautas ao recomendar, em tom golpista e de alerta, que o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, assista ao filme "300" (2007), que conta a histórica Batalha das Termópilas travada entre gregos e persas no ano de 480 a.C.
Por meio de seu perfil no Twitter, Chagas mostrou-se contrariado pela determinação de Moraes em rejeitar ação impetrada pelo PL para anular milhões de votos no segundo turno das eleições, o que poderia beneficiar o presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL). Como o partido não apresentou qualquer evidência que comprovasse a acusação, o ministro rejeitou o relatório golpista e impôs multa de R$ 22,9 milhões ao PL, ao Republicanos e ao PP, que compõem a coligação "Pelo Bem do Brasil".
Na publicação, o general coloca Moraes no papel de Xerxes, rei persa que, embora tenha derrotado o líder espartano Leônidas no épico conflito narrado em livros de História e no cinema, perdeu a guerra geral.
Paulo Chagas também lembrou que Xerxes chegou a ser ferido no rosto por uma lança de Leônidas, em um aviso de que "ele não era imortal"— essa parte, porém, foi retratada no filme, mas não há registros de que isso de fato tenha ocorrido na realidade.
"Convido Alexandre de Moraes a assistir ao filme '300 de Esparta' na cena em que Leônidas, ao final da luta nas Termópilas, em um último gesto, atira sua lança em direção a Xerxes e o fere no rosto lembrando-o de que ele não era imortal. Os persas venceram a batalha, mas não a guerra", publicou.
Entenda o filme e o contexto histórico
O filme "300", dirigido por Zack Snyder, estrelado por Gerard Butler (Leônidas) e Rodrigo Santoro (Xerxes), retrata um dos conflitos mais famosos das Guerras Médicas, que ocorreram entre 500-448 a.C, entre gregos e persas, que duelavam pelo domínio do Mundo Antigo.
Os conflitos bélicos foram retratados nos escritos de Heródoto e, posteriormente, atualizados pelos livros de História, e usados como inspiração para a literatura, a exemplo de um livro em quadrinho escrito por Frank Miller sobre a Batalha das Termópilas, em que se ambienta a disputa entre Leônidas e Xerxes que, por sua vez, inspirou Zack Snyder.
Xerxes 1º da Pérsia, filho de Dario 1º, deu início a uma investida contra a Grécia para vingar a derrota de seu pai pelos gregos na batalha de Maratona, em 490 a.C. O contexto de guerra fez com que as cidades-gregas se unissem para defender o território contra o comandante persa.
Apesar de seu exército ser bem inferior em contingente quando comparado aos persas, o rei e general de Esparta, Leônidas, juntou 300 de seus melhores homens, a elite de seu exército, somado a outras dezenas de lutadores, para tentar deter o oponente. A disputa foi travada no desfiladeiro de Termópilas. O local foi escolhido por Leônidas por ser uma região estreita, que poderia beneficiar os gregos que estavam em menor número.
O filme dirigido por Snyder retrata a infância de Leônidas, como a educação dos espartanos, que era voltada para a guerra. Valendo-se da licença poética, o cineasta adotou um tom sombrio para narrar o conflito e também para passar a mensagem que ele desejava.
As distorções entre o que de fato aconteceu e o que é narrado no filme consiste logo no começo, nas condições duras da formação militar de Leônidas. Embora de fato os homens fossem treinados desde cedo, impostos a situações precárias e de riscos, aqueles que pertenciam a elite tinham um treinamento mais brando.
Outro ponto importante alterado por Snyder é sobre o motivo que levou Efialtes a trair Leônidas, em um momento no qual os gregos conseguiam resistir bravamente aos ataques dos persas.
No longa, Elfiates, que não era considerado um guerreiro de elite, passa informações valiosas ao rei persa após ser rejeitado por Leônidas, que não aceita sua entrada na elite do exército espartano. Na verdade, Elfiates, que era um morador da região e tinha bom conhecimento geográfico da área, trocou informações sobre o território por dinheiro.
Em relação ao momento do filme em que Leônidas fere Xerxes com uma lança na boca, nenhum documento histórico comprovou que isso de fato tenha ocorrido, afinal, o líder persa era constantemente protegido por seu exército.
Sequência
Depois do sucesso que foi "300", o filme ganhou uma sequência lançada em 2014, "300: A Ascensão do Império", e ganharia um terceiro ato, mas foi cancelado pela Warner Bros.
No ano passado, Zack Snyder contou que chegou a escrever um terceiro roteiro para "300", focado em um romance gay entre Alexandre, o Grande, e Helféstio. O projeto seria chamado "Sangue e Cinzas". Contudo, o estúdio considerou que o roteiro homoerótico "não se encaixava" para um terceiro capítulo da franquia e foi arquivado.
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