Iranianos famosos foram presos e perderam passaportes um mês antes da Copa
Com chances de se classificar para a próxima fase da Copa do Mundo pela primeira vez na história, o Irã passa por momento político conturbado. Artistas do país enfrentaram problemas nos últimos dois meses após se manifestarem contra o atual governo liderado por Ebrahim Raisi.
Os primeiros posicionamentos, nas ruas e redes sociais, ocorreram em setembro após a morte de Mahsa Amini, 22. A jovem foi presa por não respeitar o código de vestimenta local, segundo a Reuters.
Entre os famosos com passaporte detido está Shervin Hajipour, 25, autor da música "Baraye", que viralizou nas redes sociais por protestar contra as autoridades locais. A canção ganhou uma versão em inglês, "Para a Mulher, Vida, Liberdade", com tradução da cantora Rana Mansour.
Segundo o jornal The Times, de Israel, Shervin permaneceu preso por dias em Teerã, capital do Irã, antes de pagar uma fiança em outubro.
O casal formado pelo músico Homayoun Shajarian, 47, e a atriz Sahar Dolatshahi, 43, perdeu passaportes após se manifestar sobre Amini na Austrália, disse a publicação israelense.
Após projetar uma foto da jovem em uma de suas apresentações na Oceania, Homayoun foi detido com a mulher quando retornou ao aeroporto do Irã. Os documentos foram confiscados pela polícia local.
A atriz Hengameh Ghaziani, 52, permaneceu detida por mais de uma semana após apoiar publicamente a realização dos protestos no país, segundo informações da agência local Tasnim.
Ela foi liberada após "ordem de autoridades judiciais", divulgou a rede estatal IRNA (Agência de Notícias da República Islâmica).
Ali Daei, ex-jogador de futebol com mais gols na história da seleção iraniana (109), também foi alvo de represarias do governo local. Ele também teve passaporte confiscado, o que o impediu de realizar uma viagem.
"O governo deveria resolver os problemas do povo iraniano em vez de usar a repressão, a violência e as prisões", disse o ex-atleta nas redes sociais.
A morte de Mahsa Amini
Niloofar Hamedi, jornalista iraniana especializada em direitos das mulheres, noticiou a morte da jovem iraniana em 16 de setembro. Mahsa Amini foi detida três dias antes pela polícia moral do Irã pelo que consideraram "uso de roupas inadequadas".
Até o dia 2 de outubro, ao menos 92 pessoas foram assassinadas do país durante a repressão aos protestos. Vídeos publicados em redes sociais mostraram mulheres jogando seus hijabs — véu islâmico, em uma fogueira, cortando o cabelo, entre outras demonstrações que desafiam o regime.
O governo iraniano anunciou oficialmente que Amini morreu em decorrência de uma doença cerebral, informou a AFP (Agence France-Presse) em outubro. Em entrevista à agência de notícias local Fars, o pai da jovem disse que ela não enfrentava problemas de saúde antes de ser detida.
Artistas internacionais também se manifestaram publicamente após a morte de Mahsa Amini. Dua Lipa, Shakira e Angelina Jolie estão entre as celebridades que comentaram sobre o tema nas redes sociais.
Famosos do mundo inteiro gravaram vídeos cortando mechas do cabelo em apoio às manifestações de mulheres contra a rigidez do Irã em relação ao código de vestimenta local.
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