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Por que 'The Last of Us' é a aposta mais ousada da HBO?

Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) se escondem em uma das primeiras imagens da série de "The Last of Us" - Divulgação/HBO
Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) se escondem em uma das primeiras imagens da série de 'The Last of Us' Imagem: Divulgação/HBO

De Splash, em São Paulo

03/12/2022 04h00

Após décadas de adaptações malfadadas de games para o cinema, a maré parece estar virando. Em janeiro, a HBO estreia a série "The Last of Us", baseada no game homônimo e de sucesso da Naughty Dog. Para quem conhece o universo dos jogos, Joel e Ellie dispensam apresentações. Para quem não conhece, é hora de responder: por que é esta a história que pode mudar as regras do jogo para séries baseadas em games?

Estrelada por Pedro Pascal (de "The Mandalorian", "Game of Thrones") e Bella Ramsey ("Game of Thrones", "His Dark Materials"), a série é uma das atrações de hoje da CCXP22. O elenco e o time de produção vão se encontrar diretamente com os fãs brasileiros!

A história é ambientada em um mundo pós-apocalíptico, e os dois jogos do criador, Neil Druckmann (o primeiro, lançado em 2013 e a sequência, em 2020), estão entre os mais adorados da última década. Seja pela forma como os personagens e os cenários são interativos ou pela história emocionante e cativante, "The Last of Us" e "The Last of Us: Parte II" fazem jus à fama que carregam.

Druckmann - Gabe Ginsberg/Getty Images - Gabe Ginsberg/Getty Images
Diretor de criação e roteirista Neil Druckmann, dos jogos 'Uncharted' e 'The Last of Us', no DICE Awards em 2017
Imagem: Gabe Ginsberg/Getty Images

E a indústria reconhece. Os dois estão entre os jogos mais premiados da história da indústria, acumulando troféus de várias associações e segmentos, como o BAFTA, o The Game Awards o DICE Awards, conhecido como o "Oscar dos videogames".

Por isso, a missão da série não era fácil. A HBO reuniu nomes que trouxeram sucessos recentes (Craig Mazin e Carolyn Strauss, de "Chernobyl") e o próprio Druckmann para o desenvolvimento da adaptação. A julgar pelas primeiras imagens divulgadas, a fidelidade foi uma preocupação constante da direção de arte.

Qual a história de TLOU?

TLOU - Divulgação/Sony - Divulgação/Sony
Arte da capa do primeiro jogo de 'The Last of Us'
Imagem: Divulgação/Sony

"The Last of Us" se passa 20 anos após a civilização moderna ter sido destruída. Joel, um sobrevivente rígido e solitário, recebe a missão de levar uma garota de 14 anos para fora de uma zona de quarentena.

A quarentena existe porque a destruição em questão começou com a mutação de um fungo, que transforma os hospedeiros (ou Infectados) humanos em criaturas perigosas e com instintos canibais. As zonas de quarentena, controladas por militares, são onde moram as pessoas não infectadas.

A jornada dos protagonistas, que começa com um trabalho aparentemente simples que Joel exerce a contragosto, logo mostra ser mais importante do que o homem previa inicialmente. Ellie e Joel criam uma conexão forte e emocionante, da qual depende a sobrevivência de todo o mundo.

'Lawrence da Arábia de jogos narrativos'

TLOU - Divulgação/HBO - Divulgação/HBO
Primeira image divulgada da série de 'The Last of Us' mostra Joel e Ellie de costas
Imagem: Divulgação/HBO

Para Craig Mazin, a reputação de "The Last of Us" chega na frente para qualquer executivo. Ele aposta que a adaptação pode ser crucial para o futuro do formato.

"Acho que a HBO não estava necessariamente por dentro do mundo dos games, mas basta uma pesquisa de 20 minutos no Google para saber que 'The Last of Us' é o 'Lawrence da Arábia' dos jogos narrativos", comparou o roteirista em entrevista para o IndieWire, citando o longa de David Lean vencedor de sete prêmios Oscar.

Por isso, a aposta é arriscada. Considerando a reputação do jogo, é uma responsabilidade ainda maior lidar com o nível de exigência e atenção a detalhes dos fãs. Se for bem sucedida em sua empreitada, "The Last of Us" aponta para um futuro em que os games ganham um espaço de mais requinte no universo de Hollywood; se não, cimenta o caminho oposto.

O que torna o jogo tão especial?

Esqueça de termos como "jogabilidade", "gráfico" e semelhantes. Tudo isso importa, mas não é o que faz de "The Last of Us" algo tão único.

Em questões técnicas, sim, é verdade que "The Last of Us" tem muitos méritos, mas o que o transformou em um sucesso estrondoso está além disso, e fala diretamente com a emoção. Sim, é possível chorar durante um jogo!

Assim como na grande maioria dos dramas clássicos, o que conquista o público é o coração da história. A relação inicialmente conflituosa e relutante entre Joel e Ellie se transforma à medida que eles superam desafios e lutam um pela sobrevivência do outro. O aspecto pai e filha é o motor desta dinâmica, e a sensibilidade das emoções é bastante destacada durante o jogo.

A capacidade de reconstrução do mundo diante de tragédias também é um dos pontos fortes de "The Last of Us". Joel e Ellie redescobrindo a natureza e entrando em contato com animais selvagens são sinais de que há esperança para um futuro — mesmo em meio ao caos e tanta destruição, eles conseguem apreciar beleza e simplicidade.

"The Last of Us" estreia na HBO no dia 15 de janeiro. A primeira temporada contará com 10 episódios.