Mulher que 'narrou' seu corpo sendo dissecado na TV diz: 'Encontrei a paz'
A mulher que narrou o próprio corpo sendo dissecado em um programa de televisão do Reino Unido disse, antes de morrer, que "encontrou a paz". Toni Crews, 30, foi a primeira pessoa no país a ter o procedimento transmitido na TV.
A britânica, que morreu em 2020, assinou documentos para ofereceu seus restos mortais após ser diagnosticada em 2016 com adenocarcinoma — câncer que atinge glândulas e tecido epitelial de vários órgãos, como estômago, intestino e pâncreas —, após apresentar inchaço no rosto e problemas na visão. A história foi transformada no documentário "Meu Corpo Morto", que foi ao ar na segunda-feira (5), com narrações de Toni feitas com ajuda de novas tecnologias, reproduzindo sua voz.
"Eu não sei em que acredito de verdade. Não acredito em inferno ou paraíso, mas acredito que nossa energia continua em vida, e isso me dá paz para o futuro", narrou ela, no programa.
Ela acrescentou: "Tem sido uma jornada difícil, mas eu tive momentos incríveis de reconexão com minha família e amigos. Posso ter perdido um olho, mas consigo enxergar com mais clareza do que nunca o que é importante na vida", disse ela.
No documentário, Toni menciona que o câncer a ajudou a reavaliar a vida, principalmente após ter passado por um relacionamento abusivo.
Carta e narração
Em uma carta para os dois filhos mostrada no documentário, ela disse:
Mamãe está aqui. Prometam que sempre vão lembrar que vocês são mais corajosos do que acreditam, mais fortes do que parecem, mais espertos do que pensam e duas vezes mais bonitos do que jamais imaginam. Mamãe sempre amará vocês.
A produção contou com uma tecnologia para reproduzir a voz de Toni, que "narra" sua história e explica a própria decisão de doar o corpo para a ciência.
Após uma cirurgia para remover o olho direito, ela permaneceu em remissão por dois anos, até que em 2018 teve de voltar a passar por sessões de radioterapia e novas intervenções cirúrgicas. Após ser considerada livre dos tumores, Toni foi surpreendida em 2020 pelo diagnóstico de metástase. Exames apontarem que o câncer tinha se espalhado para seus pulmões, ossos e camada de gordura que envolve a pele, além do cérebro.
O documentário já está gerando resultados positivos para educar outras pessoas, de acordo com o que a professora de anatomia na Escola de Medicina de Brighton e Sussex, Claire Smith, informou ao tabloide Mirror.
"Nós somos muito privilegiados de explorar a jornada do câncer graças à incrível doação feita pela Tony", declarou ela, ao jornal. "Com o documentário, nós tivemos a chance de convidar mais de mil estudantes, incluindo enfermeiras, paramédicos e neurocientistas, que normalmente não teriam a chance de aprender sobre esse câncer raro", afirmou Smith, que espera que os resultados dos estudos deixem uma herança duradoura para a comunidade.
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