Volumes raros de 'Dom Quixote' são leiloados por R$ 2,8 milhões; entenda

Dois raros exemplares do clássico "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes (1547-1616), foram leiloados por 504 mil euros (aproximadamente R$ 2,8 milhões, na cotação atual), na quarta-feira (14), em Paris, em um evento organizado pela companhia Sotheby's.

Um volume é a terceira edição do Livro I de O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de la Mancha imprensa em 1608. Já o outro consiste na primeira edição do Livro II, concluída em 1615.

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De acordo com a AFP, os dois livros foram exibidos pela primeira vez ao público há duas semanas, na sede da Sotheby 's, em Londres. Ambos foram obtidos por um comprador anônimo em um mesmo lote no leilão, em um lance de 504 mil euros.

Antes da venda recente, as obras foram compradas por Jorge Ortiz Linares, que atuou como embaixador da Bolívia na França em 1947. O diplomata era conhecido como um apaixonado colecionador de obras representativas do romance moderno, por isso passou grande parte de sua vida procurando edições originais de livros do gênero.

Ortiz ficou tão fascinado com a ideia de obter as obras de Miguel de Cervantes que, na década de 1930, viajou para Londres para procurar por elas. Na época, a capital britânica era considerada o mais importante centro de comércio internacional de livros antigos, explicou o livreiro Ed Maggs, tataraneto de Uriah Maggs, fundador da livraria Maggs Bros, em entrevista à AFP.

No entanto, o boliviano ficou frustrado pois não havia encontrado o que tanto desejava naquela livraria. Mesmo assim, ele deixou seu contato caso surgisse uma oportunidade de conseguir os exemplares. A sua sorte mudou, em 1936, quando o diplomata recebeu um telefonema da Maggs Bros sobre a chegada dos raros volumes de Dom Quixote. Então, ele embarcou rapidamente para Londres para adquiri-los a tempo.

Em 21 de dezembro de 1936, Ortiz finalmente se tornou o proprietário dos dois exemplares de Dom Quixote, o Livro I por 100 libras da época, e o Livro II por 750, segundo Anne Heilbronn, a responsável por livros e manuscritos da Sotheby's.

A especialista enfatizou que os dois exemplares são "únicos", pois foram encadernados juntos no século 18 para um colecionador inglês. Além de ser bastante difícil encontrar Quixotes com encadernações tão antigas.