Amigos e familiares vão do riso ao choro em documentário de Paulo Gustavo
Eram 130 horas de materiais de bastidores que se transformaram no documentário que estreia hoje no Prime Video. Da turnê musical "O Filho da Mãe", que Paulo Gustavo fez ao lado de Déa Lúcia, aos depoimentos de amigos e familiares, as diretoras Susana Garcia e Ju Amaral constroem uma homenagem singela, mas efetiva, a tudo que o comediante tinha como mais importante em sua vida.
"Pensamos em um recorte que é o início da vida profissional dele, que foi se inspirando na mãe, e que termina com ele homenageando a mãe", explica Susana, em entrevista a Splash.
"A partir disso, a gente viu quais eram os pilares importantes da vida dele: a relação com a mãe, a relação com a família, a relação com o trabalho, e todo o pano de fundo é o afeto e o amor. Dessa forma, a gente foi dividindo esse material, com o show como um fio condutor disso tudo, e tentando trazer todos esses aspectos com muita alegria, muito amor e muito humor."
Médica, cineasta e amiga íntima de Paulo, Susana é irmã de Mônica Martelli e foi responsável pela direção de dois sucessos de público do comediante: "Minha Vida em Marte" e "Minha Mãe é uma Peça 3", que detém o título de maior bilheteria da história do cinema nacional. Para ela, que visitou Paulo no hospital e chega a relatar no documentário como eram as conversas com ele no quarto, encarar as lembranças ia além das obrigações profissionais.
"Eu estava com medo, porque depois que ele partiu eu nunca tinha visto nada", confessa. "Precisei bloquear. Então, estava nervosa, mas o lado de tentar deixar uma coisa bonita registrada foi maior."
Eu prometi a ele que a gente faria uma coisa linda, à altura dele. Então, eu fui como se eu estivesse em uma missão. Meu tesão de fazer isso foi maior que qualquer sofrimento, e me deparei com um material que me trouxe muita alegria, porque é ele vivo, brincando. Achei que seria um reencontro com Paulo na vida.
Susana Garcia, diretora de 'Filho da Mãe'
Inversão de papéis
Susana e Malu Miranda, head de originais da Amazon Studios, reforçam que a transformação do projeto acaba ampliando o leque do que "Filho da Mãe" simboliza a longo prazo. Embora a ideia inicial de Paulo fosse fazer uma homenagem à mãe, Déa Lúcia, o resultado é uma homenagem também a ele.
"Acho que ninguém sabia da dimensão dessa homenagem que ele queria fazer em vida para a mãe", reflete Malu. "Esse projeto que ele tinha tão querido, que ele queria que fosse série, ou filme, e realmente virar ao contrário, com a nação o homenageando, um registro dessa e de todas as homenagens que estão dentro do filme. O filme em si é uma grande homenagem, com muitas camadas."
Para cobrir tantas camadas e facetas da vida de Paulo Gustavo, Susana e Ju Amaral (irmã do comediante) convidaram alguns amigos, colegas e familiares para ajudarem a compor a imagem da figura que contagiou o Brasil com Dona Hermínia.
Embora recheado de figurinhas conhecidas do público, é possível que a falta de um rosto ou outro seja sentida — e, para isso, Susana tem uma justificativa.
"O Paulo Gustavo tinha muitos amigos, então a gente realmente teve que escolher. Como tínhamos pilares, escolhemos pessoas que representavam isso: a relação dele com o trabalho, quem é que poderia falar bem e com propriedade? Amigos que já trabalharam com ele, Marcus Majella e Mônica Martelli. E fomos selecionando dessa forma."
Sobre possíveis ausências, ela conta que sabe que as pessoas vão senti-las, mas reforça que a seleção foi feita em busca de coerência narrativa.
"Foi uma escolha para fazer a narrativa andar. Por exemplo, o Fil [Braz, roteirista] que era amigo de uma vida inteira, que estava ali desde o início criando a Dona Hermínia com ele, precisava estar no momento da profissão, para entendermos como que foi o 'Minha Mãe é uma Peça'. Tudo foi muito pensado."
Do riso ao choro
Emocionante para quem acompanhou a trajetória de Paulo Gustavo e iluminador para quem não seguiu a carreira do comediante tão de perto, "Filho da Mãe" reforça quais foram alguns dos elementos que o transformaram em uma figura tão inovadora no cenário da comédia nacional.
A inspiração na mãe somada ao humor honesto, escrachado e, ao mesmo tempo, familiar fizeram o resultado da equação ser algo que agrada de avós a netos. Por isso, "Filho da Mãe" se preocupa em mostrar como Paulo começou e qual a importância do foco que ele deu à representatividade LGBT+, seja através de sua vida pessoal ou de sua arte.
Do sucesso de público e bilheteria de "Minha Mãe é uma Peça 3" à forma como Paulo falava sobre sexualidade de forma natural em seus shows, "Filho da Mãe" jamais esquece a importância do tema na construção de seu patrimônio. O filme também não deixa de lado o quanto o humor contagiante de Paulo, e as risadas que arrancava a qualquer momento, tinham tons políticos e universais.
O resultado é uma obra que ressalta a importância de Paulo Gustavo para além de Dona Hermínia — como filho, marido, pai, amigo, comunicador e cidadão. E, dessa forma, arranca risos e choros à medida que vai caminhando por sua trajetória até os momentos finais. Fica a saudade, mas também fica o legado.
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