Lilia Cabral conta que visitou Pedro Paulo Rangel antes de ele ser entubado
Lilia Cabral, 65, se emocionou ao dizer que visitou Pedro Paulo Rangel antes do ator ser entubado. O artista morreu na madrugada de hoje, às 5h40, aos 74 anos.
Em um depoimento à GloboNews, a colega de profissão visitou o ator no último sábado (17), um dia antes de Paulo ser entubado no CTI da Casa de Saúde São José, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
"Ele me olhou, você sabe que a pessoa está sofrendo. Não quer que ela sofra, mas ao mesmo tempo não quer que ela vá. Mas ele foi como queria, eu acho, sem sofrimento", afirmou Lilia.
Em seguida, a atriz desabafou sobre a despedida do ator. "Além de tudo, ele tinha a plenitude e a sabedoria da vida. [Sabia] a hora em que se deve começar e a hora em que se deve terminar, como o tempo da comédia. (...) E a gente não aprende, a gente sente".
Colegas de profissão desde 1984, eles conheceram no teatro. Anos depois, Lilia e Pedro Paulo contracenaram juntos na novela "Vale Tudo", em 1989, como os irmãos Aldeíde e Aldálio.
"Era um dos maiores atores desse país. O PPP [apelido de Pedro Paulo] era um gigante. Extraordinário. Com o passar dos anos, fui encontrá-lo em 'Vale Tudo'. Tínhamos muitas coisas em comum. Ele, filho único, eu também, filha única, e com isso nós fomos nos aproximando demais. Além de ser um grande ator, era um mestre, generoso, atencioso, carinhoso. Vai uma pessoa que você ama, agradece, vai sentir falta. Não ter ele na TV, no teatro, não ter ele, a gente sente muita falta", lamentou.
Além da atriz, mais famosos também lamentaram a morte do ator e se despediram com homenagens nas redes sociais. Vanessa Gerbelli lembrou da gentileza do ator durante as gravações da novela das seis "O Cravo e a Rosa", que reprisou recentemente na TV Globo.
Morte
O ator estava internado desde 30 de novembro para tratar um quadro de enfisema pulmonar. Ele encarava uma doença pulmonar desde 2002. Ele havia sido internado no início do mês de novembro, para tratar do quadro.
No último dia 14 de dezembro, a sedação foi suspensa em uma tentativa de extubá-lo. Na ocasião, os médicos afirmavam que o quadro do ator ainda era grave.
Relembre a carreira
Pedro Paulo Rangel nasceu em junho de 1948 no Rio de Janeiro (RJ).
Filho de dois funcionários públicos, descobriu o gosto pelo teatro aos 11 anos, por meio de um vizinho que era ator amador.
Ainda na infância, integrou o elenco da peça infantil "O Bruxo e a Rainha", onde conheceu o ator Marco Nanini. Mais tarde, os dois estudaram juntos no Conservatório Nacional de Teatro, hoje a escola de teatro da UNIRIO.
Teve sua primeira experiência no teatro na peça "Roda Viva", de Chico Buarque, dirigida por Zé Celso, com quem também trabalhou na peça "Galileo Galilei". Na época, atuou ainda em uma montagem de "Romeu e Julieta" dirigida por Jô Soares.
Em 1969 estreou na televisão pela TV Tupi, na novela "Super Plá". No ano seguinte, fez a novela "Toninho On The Rocks", na mesma emissora.
Em 1972, estreou na TV Globo na novela "Bicho do Mato". Três anos depois, fez história na dramaturgia ao estrelar o primeiro nu masculino da televisão brasileira no papel de Juca Viana, em "Gabriela".
Ainda em 1975, ganhou seu primeiro papel principal na novela "O Noviço", que teve apenas 20 episódios.
Na época, atuou ainda em "A Patota", com o amigo Nanini, "Saramandaia" e "O Pulo do Gato" na Globo. Em 1979, teve uma nova e breve passagem pela Tupi, trabalhando em "Dinheiro Vivo", novela escrita por Mário Prata.
Pedro Paulo retornou à TV Globo em 1981, atuando por anos nos humorísticos "Viva o Gordo" e "TV Pirata".
Em 1988, voltou de vez às novelas com "Vale Tudo". Nos anos seguintes, interpretou personagens marcantes nos folhetins, como o homossexual Adamastor em "Pedra Sobre Pedra" (1992), o Calixto de "O Cravo e a Rosa" (2000) e Argemiro Falcão, irmão da vilã Bia Falcão, em Belíssima (2005).
Entre outras obras de destaque estão as novelas "Torre de Babel" (1998), "Desejo Proibido" (2007), "Amor Eterno Amor" (2012) e as minisséries "A Muralha" (2000), "O Quinto dos Infernos" (2000) e "O Dentista Mascarado" (2013), sua última atuação na Globo.
Em meio aos trabalhos na televisão, Pedro Paulo também se dedicou ao teatro, que lhe rendeu diversos prêmios, e ao cinema.
O ator lutou por 20 anos contra os efeitos da DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), causada pelo tabagismo. Isso não fez com que ele parasse de atuar, apesar de ter deixado as novelas em 2012.
"Isso absolutamente não me impede de trabalhar. Eu tomo remédios, tenho uma rotina. Faço fisioterapia", disse.
Seu último papel foi o de bibliotecário da Imperatriz Leopoldina na série "Independências" (2022), da TV Cultura.
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