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Primeiro nu e personagem homossexual: os marcos da carreira de Pedro Paulo

Pedro Paulo Rangel com Du Moscovis em cena de "O Cravo e a Rosa" - Reprodução/Youtube/Viva
Pedro Paulo Rangel com Du Moscovis em cena de "O Cravo e a Rosa" Imagem: Reprodução/Youtube/Viva

De Splash, em São Paulo

21/12/2022 10h59Atualizada em 21/12/2022 12h40

Pedro Paulo Rangel teve a carreira marcada por personagens cômicos, como o caipira Calixto, braço direito de Petruchio (Du Moscovis) e namorado de Mimosa (Suely Franco) na novela o "O Cravo e a Rosa", exibida em 2001 e reprisada este ano pela TV Globo.

Primeiro nu masculino da TV brasileira: O ator, morto hoje aos 74 anos, também entrou para a história da dramaturgia ao aparecer pelado em "Gabriela" (1975). Na trama, seu personagem Juca e a amante Chiquinha (Cidinha Milan) eram jogados no meio da rua, sem as roupas, depois de serem flagrados na cama pelo marido dela.

Revendo hoje a cena, apesar do clima e da emoção verdadeiros, me parece uma coisa um tanto risível. (...) Foram dois dias nus, entre centenas de figurantes e atores, debaixo de grossas mangueiras do Corpo de Bombeiros (chovia na cena), correndo pela Cidade Cenográfica da Ilha de Guaratiba. Razoável para os anos 1970", declarou Pedro Paulo, ao site RD1, em 2015.

Primeiro e único galã em "Saramandaia". Na novela de 1976, que investiu no estilo realismo fantástico, o veterano foi Dirceu, que vivia um amor impossível com Dulce (Teresa Cristina Arnaud), parte de uma família rival. Em entrevista ao Memória Globo, ele declarou que este "foi o primeiro e único galã que cometeu", deixando claro que não se identificou com o tipo de papel.

"Vale Tudo" marcou volta aos holofotes após hiato de 10 anos: Depois do sucesso nos anos 1970, o artista se afastou das novelas até 1988, quando fez parte da trama de Gilberto Braga como Poliana, sócio de Raquel Accioli (Regina Duarte). A história, marcada pelo mistério em torno da morte de Odete Roitman (Beatriz Segall) foi um fenômeno de audiência.

Personagem homossexual em "Pedra Sobre Pedra" foi pioneiro: Em 1992, Pedro Paulo virou queridinho do público como Adamastor, diretor de um suposto Grêmio Recreativo que serve de fachada para um bordel-cassino. O homem é confidente de seu chefe, Carlão (Paulo Betti), mas acaba declarando seu amor pelo patrão, que rejeita o sentimento do parceiro de negócios.

"A Indomada" marcou sucesso da parceria com Aguinaldo Silva. Poucos anos depois de Adamastor, o autor escolheu Pedro Paulo para viver o Padre José na trama protagonizada por Adriana Esteves e José Mayer. O personagem da novela, que também reunia elementos de realismo fantástica, ficou conhecido por seu jeito "descontraído" de encarar a fé, bebendo, fumando e jogando em meio a outros personagens, mas nunca por dinheiro.

Foi irmão de Fernanda Montenegro em "Belíssima": Já em um de seus últimos trabalhos pela TV Globo, Pedro Paulo deu vida a Argemiro Falcão, o Gigi, fiel-escudeiro da sobrinha Júlia (Glória Pires) que enfrenta as ordens da avó Bia Falcão, interpretada por Montenegro. A história de Silvio de Abreu, exibida entre 2005 e 2006, foi um sucesso com direito ao clássico "Quem Matou".

Entre outras obras de destaque estão as novelas "Torre de Babel" (1998), "Desejo Proibido" (2007), "Amor Eterno Amor" (2012) e as minisséries "A Muralha" (2000), "O Quinto dos Infernos" (2000) e "O Dentista Mascarado" (2013), sua última atuação na Globo.

Em meio aos trabalhos na televisão, Pedro Paulo também se dedicou ao teatro, que lhe rendeu diversos prêmios, e ao cinema.

Seu último papel foi o de bibliotecário da Imperatriz Leopoldina na série "Independências" (2022), da TV Cultura.

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