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'Fiz comédia em luto': Edmilson Filho perdeu mãe durante gravação de série

Edmilson Filho em cena de "O Cangaceiro do Futuro" - Netflix/Instagram @edmilson_filho
Edmilson Filho em cena de "O Cangaceiro do Futuro" Imagem: Netflix/Instagram @edmilson_filho

De Splash, em São Paulo

22/12/2022 04h00

O ator Edmilson Filho, 46, é protagonista da série "O Cangaceiro do Futuro", que estará disponível em 25 de dezembro na Netflix. O ator comentou sobre o trabalho em conversa exclusiva com Splash.

A série conta a história de Virguley, homem nordestino que acorda em 1927 após sofrer uma pancada na cabeça e tira vantagens de sua semelhança física com Lampião — Virgulino Ferreira da Silva.

Morte da mãe: "Eu já estava no set gravando, começando as primeiras cenas, e minha mãe estava hospitalizada há 45 dias com covid-19. Ela morreu pouco depois. Então, você pode imaginar: como você vai fazer uma comédia vivendo um luto? Escolhi entre desistir e viver meu luto ou seguir em frente. Foi o maior desafio da minha vida virar essa chave e fazer comédia de dia e, durante a noite, ir para o quarto chorar".

Os protagonistas Virgulino e Virguley são totalmente diferentes. "O Virguley é extrovertido, alegre, atrapalhado, feliz e o Lampião é aquela figura histórica que você tem que retratar da maneira mais fiel possível. O Lampião, na verdade, só encontrei o tom quando eu estava completamente caracterizado. Foi um desafio muito grande".

Sucesso de comédias nordestinas: 'Tem a ver com o povo se ver na tela, se identificar com esses personagens, com a dificuldade e, ao mesmo tempo, trazendo alegria. As pessoas pensam: 'ah, isso aí é caricato', e não é não. Essas pessoas existem! Estamos em 2022, mas muitos dos personagens que você vai ver nessas comédias nordestinas são vivos até hoje nas pequenas cidades".

Splash também conversou com Halder Gomes, criador de "O Cangaceiro do Futuro", que conta com Chandelly Braz e Fábio Lago no elenco. Formando dupla com Edmilson, o diretor também faz sucesso com a série "Cine Holliúdy", exibida pela TV Globo desde 2019.

O que falta para outros gêneros também fazerem sucesso nacionalmente? "Faltam políticas públicas. Eu sou fruto deste cenário, em 2002 ganhei um edital de um curta-metragem embrionário do 'Cine Hollíudy'. Há uma centralização muito grande de recursos. Na época, as políticas de governo deram a oportunidade de fazer algo experimental que virou longa, com três temporadas de TV aberta. [...] Caso as políticas voltem, tenho certeza que serão apresentados projetos incríveis nos próximos anos".

A linguagem da TV aberta é muito diferente. "No cinema a gente faz uma imersão, se compromete por horas, desliga o celular. A obra leva para o ritmo proposto. Já a TV é um caminho oposto: ali tem celular, campainha, todas as tentações para te tirar a atenção. A dinâmica para construir o produto é um desafio tremendo. Foi um grande exercício e aprendizado para lidar com o perfil de público. Cada um com a sua linguagem. Traz uma habilidade muito grande como diretor, estou pronto para tudo".

O que esperar da série? "Sempre me preocupo em inserir o trabalho em algo que traz contexto histórico. A gente fez uma pesquisa rigorosa. Virguley muda o curso da história, mas está tudo embasado. Quero que se divirtam, mas também aprendam o que foi o cangaço. Eu vejo um universo muito rico. O cangaço é equivalente ao velho oeste, do ponto de vista americano, mas é muito mais interessante".

Edmilson Filho posa com o elenco de "O Cangaceiro do Futuro" - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Edmilson Filho posa com o elenco de "O Cangaceiro do Futuro"
Imagem: Divulgação/Netflix