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Como Roberto Carlos perdeu a perna em acidente aos 6 anos

Roberto Carlos fazendo show no seu cruzeiro Emoções em Alto Mar - Divulgação/ Filipi Dahrlan
Roberto Carlos fazendo show no seu cruzeiro Emoções em Alto Mar Imagem: Divulgação/ Filipi Dahrlan

Do UOL, em São Paulo

23/12/2022 14h00

O cantor Roberto Carlos estará mais uma vez comandando o especial da Globo hoje. Muita gente se pergunta: como foi que ele perdeu a perna?

Isso aconteceu após um acidente em junho de 1947, em Cachoeiro do Itapemirim, cidade em que ele nasceu. Reservado, o cantor não costuma comentar detalhes da vida pessoal. Mas, ao longo dos anos, foi possível juntar as peças e entender como aconteceu o episódio.

O que se sabe sobre o acidente?

  • Foi em 29 de junho de 1947 na cidade de Cachoeiro do Itapemirim (ES)
  • Roberto Caros tinha seis anos
  • Era dia de São Pedro e ele chamou uma amiga para ver as celebrações
  • Ele tropeçou na linha do trem depois de ser alertado por uma professora
  • Foi atropelado pela locomotiva a vapor na altura da canela direita

O episódio foi tão traumático que é citado em duas músicas do cantor: "O Divã" ("Relembro bem a festa, o apito/E na multidão um grito/O sangue no linho branco") e "Traumas" ("Falou dos anjos que eu conheci/No delírio da febre que ardia/Do meu pequeno corpo que sofria/Sem nada entender").

Muito do que se sabe sobre o episódio, no entanto, vem do livro "Roberto Carlos Outra Vez", do biógrafo Paulo Cesar de Araújo.

Na publicação, a amiga do rei, que estava com ele no momento, Eunice Solino, falou sobre o acidente.

Me lembro da professora na frente do trem, gritando para o maquinista parar. Mais um pouco e ela também podia ter sido atropelada, porque se desesperou, coitada. Guardo até hoje essa imagem comigo.
Eunice Solino

Como foi o resgate?

  • Multidão se aproximou para ajudar
  • Alguns buscaram um macaco para levantar a locomotiva
  • Outros retiraram Roberto Carlos dos trilhos
  • Alguém chamou uma ambulância.
  • Um jovem fez um torniquete com o paletó e o levou ao hospital de carro
  • Ele foi atendido pelo médico Romildo Gonçalves

Segundo o biógrafo, o médico relembrou em entrevista ao jornalista Ivan Finotti que o menino não parecia ter percebido a gravidade do acidente e afirmou: "Doutor, cuidado para não sujar muito o meu sapato porque é novo".

Ele não sentia dor, porque o trem havia destruído os nervos que davam sensibilidade à região. O médico ousou com uma técnica nova para a época: ao invés de amputar a perna na altura do joelho, como era o procedimento padrão, fez a amputação um pouco abaixo. Isso permitiu que Roberto Carlos mantivesse os movimentos na articulação.

Ao descobrir que o filho havia perdido parte da perna, o pai de Roberto Carlos ameaçou matar o maquinista que conduzia o trem, acreditando se tratar de uma imprudência. No entanto, o caso não foi isolado: o acidente sequer constou na reportagem sobre a festa de São Pedro no jornal do dia seguinte, apesar de ter interrompido o desfile da escola.

A vida depois

Segundo o jornalista Nelson Motta, que produziu uma série sobre a vida de Roberto Carlos com o diretor Breno Silveira, o cantor só conseguiu uma prótese aos 14 anos de idade — até lá, andava de muletas e prendia a barra da calça com um alfinete.

Roberto Carlos conseguiu a prótese depois de muitas tentativas, com um médico alemão. E qual foi a primeira coisa que o rei fez quando voltou a ter duas pernas?

Ele saiu correndo, caindo, tropeçando, entrou pela areia, foi correndo pela praia. No dia seguinte, foi a um baile, dançou a noite inteira.
Nelson Motta