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Ernesto Paglia: Quem é o jornalista que deixará a Globo após 44 anos

O jornalista Ernesto Paglia deixará a globo após quase 44 anos na emissora - Reprodução/Instagram
O jornalista Ernesto Paglia deixará a globo após quase 44 anos na emissora Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

27/12/2022 04h00Atualizada em 27/12/2022 11h16

Após quase 44 anos de trabalho na TV Globo, o jornalista Ernesto Paglia deixará a emissora no próximo sábado (31), A informação foi divulgada hoje por Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, em e-mail sobre a não renovação do contrato do repórter especial, ao qual Splash teve acesso.

Marido de Sandra Annenberg, atual âncora do Globo Repórter, Paglia cobriu oito Copas do Mundo, greves no ABC paulista, a visita do Papa João Paulo II, as Diretas Já, entre muitos outros acontecimentos no Brasil e no Mundo.

Nas redes sociais, Paglia é mais reservado. Pai de três filhos, o jornalista se contenta em publicar imagens de viagens e trabalhos feitos para a Rede Globo.

Uma das últimas publicações é sobre a reportagem exibida ontem no "Fantástico", em que mostra a população de pinguins nas Ilhas Falkland/Malvinas.

"Esses caras são muito simpáticos!", escreveu ele, ao promover a reportagem.

Ele é formado em Jornalismo pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e começou a trabalhar na área ainda na faculdade, aos 19 anos, na Rádio Jovem Pan. No entanto, dois meses e meio depois, Paglia foi demitido por aderir à greve dos jornalistas de São Paulo.

Em busca de um novo emprego, Paglia entrou em contato com outros jornalistas que havia conhecido durante a greve e conseguiu entrar na TV Globo naquele mesmo ano. "Comecei pela madrugada, de meia-noite às 7h. Naquela época, era a porta dos fundos", lembrou ele em entrevista para o site Memória Globo.

Apenas nos dois primeiros meses de casa, Paglia emplacou cinco reportagens no "Jornal Nacional" e depois conseguiu ser realocado para o "Bom Dia São Paulo".

Anos depois, em 1983, Paglia foi convidado para ser correspondente no escritório da Globo em Londres, na Inglaterra. Aos 27 anos, ele se tornou um dos mais jovens correspondentes da emissora.

Ao retornar ao Brasil, ele ganhou o cargo de repórter exclusivo da equipe do "Globo Repórter".

Um dos primeiros prêmios veio após uma reportagem sobre a trajetória do cacique Mario Juruna, primeiro deputado federal brasileiro indígena. Na ocasião, ele recebeu uma condecoração do Festival Internacional de Televisão em Sevilha.

Em 1994 Paglia casou com a jornalista Sandra Annenberg, também da TV Globo. Os dois estão juntos até hoje.

Anos depois, em 1997, ele atuou editando e apresentando o programa "Painel", da GloboNews. A atração foi idealizada pelo próprio jornalista, que tinha como objetivo trazer uma espécie de resumo de notícias da semana, inspirado em programas da emissora britânica Channel 4.

Entre 2000 e 2002, o jornalista voltou a ser correspondente em Londres. Ao retornar o Brasil, participou de diversas coberturas, como a de quando dois funcionários da Globo foram sequestrados durante ataques de facções criminosas em São Paulo em 2006. Ele também esteve na posse do presidente Hugo Chávez, na Venezuela, no mesmo ano, além de acompanhar a de José Mujica no Uruguai, em 2010.

Um dos trabalhos recentes mais notórios foi a reportagem exibida no "Fantástico" sobre o garimpo ilegal na Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), na Amazônia, em setembro de 2017.

A trajetória de Paglia foi relembrada em um e-mail de despedida de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, ao anunciar a saída do repórter da emissora. No texto, Kamel classificou o funcionário como "um colega gentil e acolhedor" e disse que ele "deixará um legado irretocável."

Por enquanto, os últimos trabalhos de Paglia para a rede serão um Globo Repórter, já gravado e um documentário, que será lançado em breve no Globoplay.