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O papa é pop? Bento 16 teve filme com Hopkins e treta com Beatles

Anthony Hopkins interpretou Bento XVI em "Dois Papas" - Reprodução
Anthony Hopkins interpretou Bento XVI em 'Dois Papas' Imagem: Reprodução

De Splash, em São Paulo

31/12/2022 11h31

O papa emérito Bento 16 morreu hoje, aos 95 anos, em um convento dentro dos jardins do Vaticano. Joseph Ratzinger foi o primeiro pontífice a renunciar em quase 600 anos de história da Igreja Católica.

Sua imagem é ligada diretamente à religião, no entanto, também se tornou um ícone da cultura pop.

Para entender se o "papa é pop", Splash separou momentos em que Bento 16 saiu da esfera religiosa e se tornou ícone cultural.

'Dois Papas'

Lançado em 2019, o filme tem uma representação fictícia do religioso.

Em entrevista ao USA Today, Meirelles disse que o retrato de Bento 16 em "Dois Papas" diferia do que o pontífice era na realidade. "Para ser sincero, acredito que o papa Bento é melhor em nosso filme do que na vida real, é mais carismático. Anthony Hopkins não pode evitar, ele é encantador."
'Dois Papas' concorreu a três Oscars, mas não levou nenhum. - Divulgação - Divulgação
'Dois Papas' concorreu a três Oscars, mas não levou nenhum.
Imagem: Divulgação

O papa veste Prada

Bento 16 também se destacou no mundo da moda.

  • O papa emérito usava calçados vermelhos, chamados de múleo, fabricados pela Prada, marca italiana de luxo.
  • Em uma lista de 2007, a "Esquire" ecolheu Bento 16 como um dos 23 homens mais bem vestidos do mundo.
  • Ratzinger também foi considerado o "melhor portador de acessórios" com seus sapatos da Prada.
  • O Vaticano não gostou de ter o papa associado à moda e, em artigo publicado à época, respondeu: "Resumindo, o Papa não veste Prada, mas Cristo". O texto, no entanto, não especificou onde os sapatos eram produzidos.

Beatles

Em dado momentos de "Dois Papas", Francisco e Bento 16 conversam e o argentino se espanta ao saber que o papa não conhece os Beatles. No entanto, na realidade, a relação entre uma das bandas mais importantes do mundo e o pontífice era diferente.

  • No auge do sucesso do quarteto, John Lennon afirmou: "Nós somos mais populares que Jesus Cristo", frase que gerou discussão e levou o Vaticano a dizer que os Beatles eram "satânicos".
  • Em 2010, Bento 16 tentou acabar com o mal-estar e, em decorrência dos 40 anos do fim da banda, o jornal oficial "L'Osservatore Romano" elogiou o grupo.
  • O artigo dizia que ao ouvir Beatles "tudo parece distante e insignificante" e o grupo é considerado "o fenômeno mais duradouro, consistente e representativo da história da música pop".
  • Poucos meses antes, o álbum "Revolver" foi considerado pela publicação como um dos mais importantes já lançados.
Ringo Starr, baterista dos Beatles, não se convenceu com a "bandeira branca". "O Vaticano não disse que nós éramos satânicos? E ainda assim perdoam a gente? Eu acho que eles têm coisas mais importantes a dizer além dos Beatles."

Sem Bob Dylan

A relação de Bento 16 com Bob Dylan, no entanto, não era das melhores.

  • Em 1997, quando Ratzinger era cardeal-bispo da Sé Episcopal de Velletri-Segni, ele não quis que o cantor se apresentasse em um evento para jovens com a presença do então papa João Paulo II.
  • A revelação foi feita pelo próprio religioso em seu livro de memórias, lançado em 2007.
  • Na publicação, ele diz considerar Dylan um "profeta errado", mas não explicou o porquê.
  • Contra a vontade de Ratzinger, o cantor se apresentou na Bolonha (Itália), e cantou "Knockin' on Heaven's Door", "A Hard Rain's A-Gonna Fall" e "Forever Young".