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Margareth critica governo Bolsonaro: 'Desmonte da Cultura trouxe muita dor'

Ao lado de Janja, Margareth Menezes toma posse como ministra da Cultura do governo Lula - MATHEUS W ALVES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Ao lado de Janja, Margareth Menezes toma posse como ministra da Cultura do governo Lula Imagem: MATHEUS W ALVES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

De Splash, em São Paulo

02/01/2023 20h37

Margareth Menezes, 60, assumiu o comando do Ministério da Cultura em cerimônia realizada na noite desta segunda-feira (2) no Museu Nacional da República, em Brasília (DF). A pasta foi recriada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após ser extinta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No primeiro discurso oficial, a ministra destacou a diversidade da cultura brasileira e a necessidade de reconstrução do ministério. "Eu trago dentro do meu peito um amor pelo Brasil diverso, por esse povo lindo forjado na resistência. Símbolo da alegria de viver e da diversidade. Damos início à desafiadora missão de refundar o Ministério da Cultura", disse.

A chefe da pasta criticou o governo anterior, falou das consequências da extinção do ministério para os produtores de cultura e os impactos da pandemia de covid-19. "O desmonte não trouxe só consequências econômicas, mas também muita dor. Nos últimos anos passamos por uma pandemia. Perdemos muitos trabalhadores da Cultura, entre eles o ator Paulo Gustavo."

A ministra reforçou ainda o compromisso em restabelecer o diálogo com o setor cultural. "Retomando a escuta, o cuidado com a comunidade cultural. Vamos construir pontes que levam a cultura para um futuro mais justo para os artistas e cidadãos brasileiros, especialmente aos jovens, mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, periféricos e isolados. Vamos voltar para ficar em paz com a dimensão cultural."

Por fim, Margareth Menezes soltou a voz e cantou "Chamamento", composição de Roberto Mendes e Capinam. "Manda chamar os índios. Manda chamar os negros. Manda chamar os brancos. Manda chamar o meu povo. Para o rei Brasil renascer. Renascer de novo", diz um dos trechos da música.

Autoridades, artistas e representantes da sociedade civil

O evento contou com as presenças de representantes da sociedade civil, artistas e autoridades políticas. A atriz Elisa Lucinda, 64, fez um discurso representando a classe artística.

"Esse trabalho aqui da minha amiga Margareth, e de todos que vão trabalhar com ela, é um trabalho de reconstrução subjetiva do Brasil. Precisamos urgentemente recuperar a nossa história", disse a atriz.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também participaram da cerimônia.

"Ministra, que esses quatro anos sejam de muita alegria, de uma caminhada de reconstrução. A Cultura tem muito a ajudar o Brasil. A Cultura é peça fundamental na reconstrução do Brasil e da economia, principalmente. A Cultura não está em nenhum nível menor", disse a primeira-dama, em discurso.

Desafios de Margareth

Margareth tem alguns desafios à frente da pasta, que nos últimos quatro anos foi extinta pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo integrantes da equipe de transição consultados por Splash, a nova gestão deve priorizar cinco metas para o primeiro ano:

  • Destravar recursos das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc;
  • Restabelecer diálogo com artistas e coletivos culturais;
  • Criar forças-tarefa para apresentar resultados rápidos;
  • Otimizar distribuição de recursos da Lei Rouanet;
  • Voltar a trabalhar com ONGs.