‘Bom Dia Brasil’ foi da Brasília da ditadura a jornal leve e descontraído

Há 40 anos ia ao ar a primeira edição do jornal "Bom dia Brasil", na Rede Globo. Sob comando do jornalista Carlos Monforte, âncora e editor-chefe, o telejornal surgiu com o objetivo de apresentar fatos políticos e econômicos, que tivessem origem ou repercussão em Brasília, de onde era apresentado — até então, o primeiro jornal instalado na capital do país.

Na época, o Brasil flertava com a redemocratização, após 20 anos de ditadura militar. Um ano antes da estreia do jornal, aconteceram as primeiras eleições gerais para a escolha dos governadores dos estados e, alguns anos mais tarde, em 1989, a população voltaria a conquistar o poder de voto para eleger o presidente da República pela primeira vez em 25 anos.

Este cenário foi o estopim para a emissora planejar o "BDBR", um telejornal voltado a assuntos políticos e econômicos. A atração era exibida de segunda a sexta, às 7h e tinha cerca de 30 minutos de duração. O destaque do jornal se dava com o quadro 'Café da Manhã' que apresentava entrevistas de autoridades políticas da época, além de empresários renomados do Brasil dos anos 80.

Relacionadas

Saídas de Chico e Tramontina fazem Globo perder as vozes do Carnaval

Bete Pacheco assume posto de Burnier no 'Conexão GloboNews'

Renata Lo Prete se descuida e abre o 'Jornal da Globo' de tênis

Na sua estreia, o jornal contou com uma entrevista do então presidente da República, o general João Baptista Figueiredo, para o repórter Carlos Henrique. Estima-se que em um ano mais de 700 autoridades estiveram na atração, entre eles os políticos Delfim Netto, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, a atriz Dina Sfat e o cineasta Neville de Almeida.

De 1990 a 2000: mais espaço para os estados e foco no público feminino

Nos anos 90, após 10 anos no ar, o "BDBR" passou por uma reformulação. Em 1991 Carlos Monforte foi substituído por Antônio Augusto. Já entre 1994 e 1995 Luís Carlos Braga apresentou e editou o jornal.

Em 1996, Renato Machado assumiu o cargo de editor-chefe ao lado da jornalista Rosa Magalhães. Renato ainda se tornou âncora do telejornal e o apresentou com Leilane Neubarth.

Embora a espinha dorsal do jornal ainda fossem as entrevistas, o novo formato ganhou um ar de revista eletrônica, com um tom mais informal. A ideia era propor um programa para o público feminino e, portanto, temas do cotidiano foram inclusos, por exemplo, cultura e comportamento, além de condições meteorológicas e funcionamento do mercado financeiro.

O programa conquistou ainda um novo horário, 7h30 da manhã e mais 30 minutos de duração. A produção retornou ao Rio de Janeiro e o bate-bola entre âncoras em outros estados, colunistas e convidados deu mais dinamismo à atração.

Neste período, Carlos Monforte voltou ao jornal, participando de Brasília e, de São Paulo, Chico Pinheiro apareceu pela primeira vez na atração em que, no futuro, ele ainda faria história. Os dois se tornaram comentaristas do telejornal e colaboravam com as entrevistas.

Entre 1998 e 1999 Carlos Nascimento comandou o jornal, já em 1999 foi a vez de Cláudia Bomtempo ancorar o "BDBR", de Brasília. Na função, a jornalista ficou por 10 anos, até 2009.

Evolução, grandes nomes do jornalismo e última bancada de Chico Pinheiro

Na mesma medida que os anos 90 trouxeram novos temas para o jornal, na década seguinte isso não foi diferente. Em 2004, além dos assuntos já abordados, o jornal incluiu esportes na sua editoria.

Já com mais de 30 anos no ar, em 2011, o "BDBR" conquistou temas internacionais, com entradas ao vivo de correspondentes diretamente dos estúdios da Globo em Nova York, Londres e Tóquio.

Nestes anos todos, com a ideia de ter âncoras em diferentes estados, o "BDBR" foi apresentado por grandes nomes do telejornalismo da atualidade, como Mariana Godoy, Carla Vilhena, Rodrigo Bocardi, Renata Vasconcellos, Zileide Silva, Giuliana Morrone, Mariana Gross, Heraldo Pereira, Renato Machado, Chico Pinheiro e Ana Paula Araújo.

Os dois últimos, inclusive, dividiram a bancada do jornal pelos últimos 9 anos. Foi nessa bancada que, em abril de 2022, o jornalista Chico Pinheiro, conhecido pelo bom humor, pelos bordões e, por estimular "coragem" aos telespectadores nas segundas-feiras, deu adeus à Rede Globo após 32 anos na emissora. Desde então, Ana Paula Araújo comanda sozinha a atração.