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Jean Wyllys diz que espera 'Lula criar condições' para retornar ao Brasil

Jean Wyllys diz esperar que o governo Lula crie "condições" para que ele possa retornar ao Brasil depois de anos exilado - Reprodução/YouTube
Jean Wyllys diz esperar que o governo Lula crie "condições" para que ele possa retornar ao Brasil depois de anos exilado Imagem: Reprodução/YouTube

Colaboração para Splash, em Maceió

03/01/2023 09h11

Jean Wyllys, exilado do Brasil desde 2019, quando renunciou ao cargo de deputado federal por temer pela própria vida, afirmou que pretende retornar ao seu país de origem "em breve", pois acredita que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criará "condições mínimas" para isso.

"Eu fiz tanto pelo governo Lula, porque eu quero voltar e vou voltar agora. O novo governo vai criar condições mínimas para eu voltar", disse em entrevista para a jornalista Gabriela Martins Dias, em colaboração com o Sul 21.

Morando em Barcelona, na Espanha, desde 2021, onde faz doutorado, o famoso ressaltou que ainda não se sente completamente seguro para voltar ao Brasil, mas destacou que o fim da gestão de Jair Bolsonaro (PL) representa "um avanço civilizatório".

Conforme o ex-deputado, ele se sentirá confortável para voltar ao Brasil quando houver proteção garantida pelo Estado contra aqueles que, assim como ele, sofreram ataques e foram perseguidos por extremistas.

Wyllys Não foi convidado para integrar o governo. Filiado ao PT desde 2021, Jean Wyllys garante que não foi convidado pelo partido para ocupar algum cargo no governo Lula, mas pondera que gostaria de trabalhar com "um tipo de inteligência estratégica, que pensasse a interseccionalidade das questões".

Porém, na impossibilidade de um cargo na gestão Lula, o ex-deputado afirma que continuará atuante em suas pautas, seja como acadêmico ou artista, pois, afirma, "minha voz não depende de cargo".

Perseguido. Jean Wyllys foi eleito deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro por três mandatos consecutivos. Assumiu dois mandatos e renunciou ao terceiro, em 2019, quando foi substituído por seu suplente, David Miranda (PDT-RJ).

Nos anos em que integrou o Congresso Nacional como parlamentar eleito, Jean Wyllys se destacou pela defesa dos direitos humanos, principalmente da comunidade LGBTQIA+, mas também pelos embates travados com o então deputado federal Jair Bolsonaro.

Atacado com piadas e gestos homofóbicos por grupos conservadores, Wyllys disse à Folha que a escolha de sair do Brasil deu-se não pela eleição de Bolsonaro em si, mas pelo "aumento no nível de violência [no país] após a eleição dele".

Antes de tomar a decisão de abdicar ao mandato, o ex-parlamentar era constantemente assediado nas ruas, recebia ameaças de morte nas redes sociais e andava com quatro seguranças.

Fake news. Além dos ataques e das ameaças, Jean Wyllys foi uma das primeiras vítimas das fake news políticas no país. Personalidades como Alexandre Frota (PROS-SP) o acusaram de considerar a pedofilia "uma prática normal" — Frota foi condenado por injúria e difamação pela acusação mentirosa.

Entre outras inverdades sobre ele, constam a que ele teria dirigido um filme em que Jesus e seus discípulos seriam retratados como homossexuais. No ano passado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foram condenados a indenizar Wyllys em R$ 20 mil por compartilharem vídeo que ligava o ex-deputado a Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro em 2018.