Bolsonaristas atacam jornalistas durante ação no Espírito Santo
Dois jornalistas da TV Tribuna, afiliada do SBT no Espírito Santo e um repórter de um site local foram atacados por manifestantes bolsonaristas, enquanto cobriam uma ação de limpeza em frente ao quartel do 38º Batalhão do Exército, em Vila Velha. Guardas Municipais também intimidaram profissionais.
A agressão aconteceu ontem à tarde. De acordo com informações de testemunhas, enquanto os jornalistas acompanhavam de longe a retirada das toneladas de sujeiras deixadas pelos manifestantes, um grupo de 30 pessoas cercou o repórter cinematográfico Diego Gama e a repórter Glacieri Carraretto com gritos, palavras de ordem e xingamentos.
"Eu e meus colegas de profissão ficamos na mira da raiva e da ira dessa idolatria irracional por um político. Eu tive medo, muito medo. Não tinha como saber o que fariam com a gente. Aguardavam por uma reação nossa para que pudessem nos agredir fisicamente. Era um grupo de cães raivosos descontando em dois trabalhadores uma insatisfação inválida, ao meu ver, e totalmente arbitrária", contou Glacieri a Splash.
O repórter do site ES360, Josué de Oliveira, estava bem perto da dupla e testemunhou em vídeo todo o ataque. Durante as gravações, um manifestante chegou a colocar a mão na frente do celular na tentativa de inibir o trabalho dele, como imprensa, em relatar os fatos.
"Quando me aproximei também fui alvo dos bolsonaristas, que nos xingavam, falavam frases antidemocráticas e tentavam nos expulsar do local. Eu estava fazendo imagens com meu celular da agressão quando um dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro tentou impedir a gravação colocando a mão na frente do meu celular e afirmando que não queriam ser filmados", relatou o jornalista a Splash.
Em um dos vídeos é possível ver e ouvir Bolsonaristas gritando palavras de ordem pedindo que a intervenção das Forças Armadas no país. Além de ofensas e xingamentos contra os jornalistas que estavam ali exercendo o trabalho como prevê a Constituição Federal Brasileira.
A presença da Guarda Municipal foi notado no local, mas os agentes nada fizeram durante as agressões verbais e ameaças que os jornalistas sofreram. Eles acompanharam tudo de longe. Após o fim do tumulto, quatro profissionais se aproximaram do cinegrafista Diego Gama e pediram para ele parasse de reagir às agressões porque isso 'incitava' os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.
"Eu tomei uns quatro empurrões, fui cercado com a repórter e eles assistiram tudo e não fizeram nada. Quando comecei a responder as agressões de longe, ainda fazendo o meu trabalho de registrar os fatos, os guardas apareceram dizendo que eu estava errado e ainda faltando com respeito contra os manifestantes. Era inacreditável aquilo, parecia que eu era o errado, bandido, disse Gama a Splash.
A TV Tribuna abriu o Tribuna Notícias 2ª edição com a reportagem do tema ontem à noite. Em nota após a exibição, a apresentadora Isabela Vidal afirmou que "O foco da reportagem era a limpeza na região da Prainha em Vila Velha e terminou dessa forma, com cenas absurdas. Não haviam motivos para hostilizar a nossa equipe. A Rede Tribuna repudia a ação do grupo, se solidariza com os nossos colegas", pontuou a âncora.
Sindicato e Federação querem punições
O Sindicato dos Jornalistas no Espírito Santo e a Federação Nacional dos Jornalistas repudiaram a atitude omissa da Guarda Municipal que não agiu para evitar agressões. Eles classificaram tal ato como cumplicidade com golpistas e crime contra a democracia, uma vez que os agentes públicos não agiram no sentido garantir a ordem e o respeito infringindo, desta forma, preceitos constitucionais e a legislação vigente que garantem o exercício do trabalho jornalístico.
O sindicato e a federação ainda cobram uma ação severa aos responsáveis e enfatizam a defesa pela liberdade de imprensa. "É hora de dar um basta à violência dos golpistas contra a democracia e contra a imprensa de forma geral e, em nome da irrestrita defesa da liberdade de imprensa e da ética jornalistica e pelo Estado Democrático de Direito, cobramos das autoridades públicas capixabas o devido rigor da lei na identificação e punição aos envolvidos neste episódio", disse a entidade.
Splash entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Vila Velha para questionar sobre a conduta dos agentes municipais. Até o fechamento dessa reportagem não houve retorno. O espaço segue aberto.
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