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Depravado, 'Babilônia' revela a ascensão do conservadorismo em Hollywood

"Babilônia" aborda um momento de grandes festas - e transformações - em Hollywood - Divulgação/Paramount Pictures
'Babilônia' aborda um momento de grandes festas - e transformações - em Hollywood Imagem: Divulgação/Paramount Pictures

Renan Martins Frade

Colaboração para UOL

19/01/2023 16h00

Esta é a versão online da edição desta quinta-feira (19) da newsletter Na Sua Tela. Nesta semana, destaques para "Babilônia", "M3gan" e outros filmes que chegam aos cinemas e aos streamings, além de uma curadoria do que vale assistir. Quer receber a edição da semana que vem no seu e-mail? Inscreva-se. Os assinantes UOL ainda têm mais de 10 newsletters exclusivas.


Lançamento desta semana nos cinemas, "Babilônia" é uma daquelas obras que permitem olhares e percepções diferentes. Com mais de 3h de duração, o novo filme do diretor Damien Chazelle (de "La La Land") conta a trajetória de três personagens em um momento importante na Era de Ouro do cinema, sempre em busca do sonho da fama em Hollywood.

Uma das marcas do filme é o excesso - incluindo na depravação. Com exagero, Chazelle busca ressaltar um momento importante na transição da indústria cinematográfica. Foi a chegada do som e, ao mesmo tempo, a do pensamento conservador.

Por isso, a edição desta semana do Na Sua Tela aproveita o gancho para destacar essa transição. São obras que exemplificam a Hollywood retratada em "Babilônia", ou que serviram de inspiração para o longa, com atores como Humphrey Bogart e Charlie Chaplin, e diretores como John Ford e Alfred Hitchcock. Ah, sim: diversas dessas produções estão disponíveis para assistir de graça.

Quer mais? Nesta semana ainda tem a estreia nos cinemas do suspense de "Holy Spider" e do terror de "M3gan", enquanto "O Menu" (um dos melhores filmes de 2022, na opinião desta newsletter) chega ao Star+.

O que tem de novo?

BABILÔNIA

Babilônia - imagem - Divulgação/Paramount Pictures - Divulgação/Paramount Pictures
Em 'Babilônia', Margot Robbie é uma atriz que estoura ainda na época dos filmes mudos
Imagem: Divulgação/Paramount Pictures

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  • Onde: nos cinemas - clique aqui para comprar ingressos
  • O que tem de bom: Damien Chazelle, de "La La Land", carrega nas cores ao apresentar o apogeu da Hollywood entre os anos 1920 e 1930. Isso para contar a trajetória de três personagens: Manny (Diego Calva), um faz-tudo que sonha em conhecer um set de cinema; Nellie (Margot Robbie), uma atriz que topa qualquer coisa em busca do estrelato; e Jack (Brad Pitt), um ator de sucesso que vive do exagero. Nesse caminho, eles precisam lidar com o advento dos filmes sonoros, escândalos e o crescimento do conservadorismo em Hollywood. "Babilônia" retrata tudo isso de forma apaixonada (e, em vários momentos, cansativa) com diversas histórias paralelas, que vão do 8 ao 80. Se você superar essa dificuldade e entender as referências (as quais explicamos melhor a seguir, fique tranquilo), encontrará um longa-metragem que tem tudo aquilo que nos fascina no cinema, para o bem ou para o mal.
  • O que te faz sentir: animação, nostalgia
  • Extra direto do Splash: Como diretor de 'Babilônia' mostrou realidade 'suja' de Hollywood?

HOLY SPIDER

Holy Spider - imagem - Divulgação/MUBI - Divulgação/MUBI
'Holy Spider' é livremente baseado em fatos que ocorreram no Irã
Imagem: Divulgação/MUBI

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  • Onde: nos cinemas; na MUBI em 10 de março
  • O que tem de bom: Esqueça qualquer preconceito que você possa ter com o cinema iraniano. "Holy Spider" segue a linha daqueles suspenses envolventes, sobre uma jornalista que investiga assassinatos em série de prostitutas, sendo livremente baseado em eventos reais. Nas entrelinhas, temos o comentário sobre uma sociedade conservadora, na qual religião e estado se misturam. Dirigido por Ali Abbasi - de "Border" e responsável por dois episódios de "The Last of Us", novo hit da HBO -, o filme é visceral e cheio de tensão. Destaque para a atuação de Zar Amir-Ebrahimi, vencedora do prêmio de Melhor Atriz no último Festival de Cannes
  • O que te faz sentir: ameaça, fragilidade
  • A opinião de Roberto Sadovski: "'Holy Spider', que foi rodado na Jordânia em 2021, termina por radiografar uma sociedade dividida pela devoção religiosa e pela pressão internacional de entidades dos Direitos Humanos. É uma história providencial que filtra pelo prisma da ficção um recorte social alimentado pela ignorância religiosa. Em uma teocracia, a fé e a lei habitam o mesmo ar rarefeito. A violência institucionalizada, como reflete o filme, alimenta seu próprio legado em vez de se dissipar. Ao usar a linguagem cinematográfica para amplificar um horror assustadoramente real, Abbasi, que reside na Dinamarca há mais de uma década, coloca a misoginia estrutural de seu país natal sob uma lupa. É um movimento corajoso - a maior evidência foram as notas de desagravo do governo iraniano quando 'Holy Spider' foi exibido no ano passado em Cannes." (leia a crítica completa)

Além desses, o terror "M3gan" chega aos cinemas - clique aqui para comprar ingressos. Já o "O Menu" é o lançamento da semana no Star+, confira mais sobre o longa aqui.

Da depravação à inocência na Era de Ouro de Hollywood

A história de "Babilônia" ocorre entre 1926 e 1952, abrangendo uma época de transformações em Hollywood. No começo a indústria estava em seu primeiro ápice, com a explosão do cinema mudo. Os filmes falados não demoram a chegar, modificando completamente a forma como os longas e curtas-metragens são feitos - e como deveriam ser as suas estrelas.

É também uma época de mudança nos costumes. Regada a libertinagem e excessos, a indústria precisa lidar com a atenção que passa a ter. Na visão de muitos, Hollywood era imoral, sendo a culpada pelo crescimento da indecência e dos crimes.

Isso culmina com a implementação do Código de Produção de Cinema, conhecido como o Código Hays. O conjunto de regras, que determinava o que as produções poderiam ter ou não, impôs uma moral conservadora na indústria. De um dia para o outro, os filmes mudaram, assim como a vida de seus astros. Atores como John Gilbert e Douglas Fairbanks, que servem de inspiração para o personagem de Brad Pitt na história de Chazelle, rapidamente entraram em declínio.

Ainda que "Babilônia" exagere muito na depravação da Hollywood pré-Código, o longa-metragem é um delicioso convite para mergulhar nos filmes que marcaram a Era de Ouro do cinema e a sua evolução. A seguir, você encontra algumas dessas produções, sendo que algumas delas estão disponíveis para assistir de graça.


INTOLERÂNCIA

Intolerância - imagem - Reprodução - Reprodução
Um dos grandes cenários de 'Intolerância'
Imagem: Reprodução

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  • Onde: UOL Play, Belas Artes à La Carte; grátis no YouTube
  • O que tem de bom: D.W. Griffith é um dos mais famosos e polêmicos diretores do cinema mudo. Afinal, ele foi o responsável por "O Nascimento de Uma Nação", filme que retratou a criação da KKK e inspirou o renascimento da instituição, com suas práticas terroristas e racistas. "Intolerância" (1916) foi uma resposta às críticas que sofreu pelo longa anterior, em um épico de 3h30 sobre a evolução da intolerância na história da humanidade. Exageradamente grandioso, passa por momentos como o Renascimento e a antiga Babilônia - incluindo 3 mil figurantes e um set com 91 metros de altura, o equivalente a um prédio de 26 andares. Um filme tão influente em seu tempo que, décadas depois, inspirou a arquitetura do centro comercial onde fica o Dolby Theatre, no qual é realizado o Oscar. Em termos de roteiro, "Intolerância" envelheceu extremamente mal e deve ser visto com olhar crítico, mas ainda assim é um retrato perfeito do cinema de antigamente.
  • O que te faz sentir: assombro, incerteza

O GAROTO

O Garoto - imagem - Reprodução - Reprodução
Icônica cena de 'O Garoto'
Imagem: Reprodução

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  • Onde: Telecine; grátis em Pluto TV
  • O que tem de bom: Charlie Chaplin foi o maior astro do cinema mudo, conseguindo como poucos captar as características da mídia para encantar o público. "O Garoto" (1921) é uma joia desse cinema, sobre um menino (Jackie Coogan) que é adotado por Carlitos (Chaplin), um vagabundo que vive de pequenos golpes. A história é extremamente cativante, fazendo o público se encantar por aqueles que são marginalizados pela sociedade - algo que, anos depois, seria proibido pelo Código Hays. Mesmo sem diálogos, continua sendo um longa-metragem extremamente efetivo e encantador.
  • O que te faz sentir: inocência, carinho

ASAS

Asas. - imagem - Reprodução - Reprodução
'Asas', uma das inspirações para 'Babilônia', traz o beijo entre os dois protagonistas
Imagem: Reprodução

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  • Onde: para aluguel ou compra em Apple TV
  • O que tem de bom: Uma das grandes inspirações de Chazelle em "Babilônia", "Asas" (1927) pode ser considerado o canto do cisne do cinema mudo. Primeiro vencedor do Oscar de Melhor Filme, o longa conta a história de dois pilotos de avião na Primeira Guerra Mundial (ainda chamada apenas de "a Grande Guerra") que disputam o amor da mesma mulher. Com enorme orçamento, "Asas" traz cenas de combate aéreo e terrestre que tiraram o fôlego do público - isso em uma época na qual os aviões eram uma invenção relativamente recente. Muitas das convenções dos filmes de guerra que vemos até hoje foram definidas pelo diretor William A. Wellman. Por fim, a produção traz o primeiro beijo entre dois homens em Hollywood - ainda que não fosse uma relação romântica, mas sim de amizade, a exibição desse tipo de cena seria proibida pouco depois.
  • O que te faz sentir: paixão, ameaça

O CANTOR DE JAZZ

O Cantor de Jazz - imagem - Divulgação/Warner Bros. Pictures - Divulgação/Warner Bros. Pictures
Primeiro filme com som, 'O Cantor de Jazz' traz blackface e envelheceu mal
Imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures

  • Assista a um trecho do filme
  • Onde: para aluguel ou compra em Apple TV, Google Play, YouTube, Claro tv+; grátis na Wikipedia
  • O que tem de bom: O filme que mudou tudo - inclusive dentro da história retratada em "Babilônia". "O Cantor de Jazz" (1927) foi o primeiro longa-metragem com som, introduzindo essa tecnologia e determinando uma nova forma de se fazer cinema. O enredo é sobre Jakie Rabinowitz (Al Jolson), um judeu que desafia as tradições da família e da religião em busca da carreira como músico - algo perfeito para aproveitar o som, inclusive brincando com essa transição dentro do próprio longa. Com o olhar de hoje é possível ver que "O Cantor de Jazz" é cheio de racismo, com o protagonista se apresentando nos palcos com "blackface" (um branco usando maquiagem para parecer negro, refletindo esteriótipos em uma atitude ofensiva). Porém, a sua importância e impacto cultural são enormes.
  • O que te faz sentir: insegurança, constrangimento

DRÁCULA

Drácula - imagem - Divulgação/Universal Pictures - Divulgação/Universal Pictures
Com 'Drácula', Bela Lugosi marcou o seu nome na história do cinema
Imagem: Divulgação/Universal Pictures

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  • Onde: Looke, Canais Prime Video; grátis em Pluto TV
  • O que tem de bom: A falta de regulamentação em Hollywood permitia aos estúdios irem em busca de histórias que movimentavam o público a partir do choque - e foram assim que chegaram ao terror. Depois de uma adaptação alemã não oficial e sem som da obra de Bram Stoker ("Nosferatu", de 1922), a Universal trouxe ao mundo "Drácula" (1931). Se hoje o longa pode parecer brincadeira de criança, na época de seu lançamento era algo chocante e assustador. O enredo é aquele que você conhece: Renfield (Dwight Frye) vai até a Transilvânia se encontrar com o Conde Drácula (Bela Lugosi), um vampiro que tem a intenção de se mudar para a Inglaterra. No novo país, o morto-vivo passa a desejar Mina (Helen Chandler) para ser uma de suas noivas. Um clássico, com uma estética sombria que definiria esse tipo de produção baseada no sobrenatural. Uma curiosidade: o cinema sonoro ainda era uma novidade e os estúdios buscavam formas de exportar suas obras em outras línguas. Por isso, "Drácula" tem uma segunda versão, em espanhol, filmada com outra equipe e atores nos mesmos cenários.
  • O que te faz sentir: medo, ameaça


SCARFACE: A VERGONHA DE UMA NAÇÃO

Scarface - imagem - Reprodução - Reprodução
O filme é livremente inspirado na vida de Al Capone, que era conhecido como Scarface
Imagem: Reprodução

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  • Onde: Looke; para alugar ou comprar em Apple TV, Google Play, YouTube
  • O que tem de bom: Os filmes com gângsteres marcaram a primeira fase do cinema com som. Lembre-se: estamos falando dos EUA abalados pela Grande Depressão, com as autoridades em descrédito e a proibição do consumo de bebidas alcoólicas - cenário que levou a um fascínio pela figura dos foras da lei. "Scarface: A Vergonha de uma Nação" (1932) é um ótimo exemplo desse momento, sendo livremente baseado na trajetória de Al Capone, na época ainda uma grande força no submundo. Paul Muni interpreta o protagonista, Tony Camonte, um imigrante italiano que conquista a Chicago dos anos 1920. A produção é de ninguém menos que Howard Hughes, o famoso magnata e filantropo. Décadas depois, "Scarface" ganharia uma nova versão pelo diretor Brian De Palma e estrelada por Al Pacino.
  • O que te faz sentir: ameaça, insegurança


NASCE UMA ESTRELA (1937)

Nasce Uma Estrela - imagem - Reprodução - Reprodução
Sucesso em sua época, 'Nasce Uma Estrela' renderia outros três remakes
Imagem: Reprodução

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  • Onde: Telecine; grátis em Pluto TV e YouTube
  • O que tem de bom: Foi em meados dos anos 1930 que o Código de Produção de Cinema passou a ser aplicado com vigor. Muitas das características que haviam marcado o cinema até o momento, como as histórias de anti-heróis e os exageros, foram proibidas. Hollywood, então, reagiu se tornando mais conservadora e buscando uma nova forma de vender o seu sonho. "Nasce Uma Estrela" (1937) é, talvez, um dos primeiros grandes exemplos dessa realidade. Conta a trajetória de Esther (Janet Gaynor), uma jovem talentosa descoberta por um famoso ator (interpretado por Fredric March), que impulsiona a carreira da amada em frente às câmeras - enquanto ele próprio precisa lidar com o crescente ostracismo e o alcoolismo. O resultado é um conto de fadas moderno, que ajuda a vender o novo tipo de glamour que Hollywood queria passar. Foi um sucesso, sendo o primeiro grande exemplo de que o público estava interessado em filmes sobre os bastidores do cinema - e que renderia mais três remakes, estrelados por Judy Garland (1954), Barbra Streisand (1976) e Lady Gaga (2018).
  • O que te faz sentir: esperança, paixão


REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL (1940)

Rebecca - imagem - Reprodução - Reprodução
'Rebecca' é um thriller psicológico clássico de Hitchcock
Imagem: Reprodução

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  • Onde: Looke; grátis em NetMovies
  • O que tem de bom: Com o Código Hays em vigor, os cineastas procuraram formas de contornar a censura para contar histórias - inclusive trazendo subenredos nas entrelinhas ou até brincando com a moralidade e a inocência impostas. O diretor Alfred Hitchcock, que veio originalmente do cinema mudo, foi um dos poucos que conseguiu fazer essa transição de forma excepcional, criando grandes joias do cinema. "Rebecca, A Mulher Inesquecível" (1940) pode não ser um de seus filmes mais famosos, mas exemplifica isso muito bem. O longa é centrado em uma jovem (Joan Fontaine) que se casa com Maxim (Laurence Olivier), um viúvo que ainda não superou a estranha morte da primeira esposa - Rebecca. Há uma nova adaptação na Netflix, mas que não se equipara ao suspense que Hitchcock traz na versão original.
  • O que te faz sentir: angústia, surpresa


NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS

No Tempo das Diligências - imagem - Reprodução - Reprodução
'No Tempo das Diligências' é o grande exemplo da dobradinha entre John Ford e John Wayne
Imagem: Reprodução

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  • Onde: Looke, Canais Prime Video; grátis em NetMovies
  • O que tem de bom: Com o Código Hays começou a grande explosão dos westerns. Afinal, os clássicos de faroeste conseguiam imprimir um maniqueísmo em histórias de aventura, colocando os caubóis como exploradores sem defeitos - isso enquanto os nativo-americanos eram erroneamente retratados como vilões sem alma. "No Tempo das Diligências" (1939), de John Ford, é um exemplo perfeito dessa fase - incluindo a sua grande estrela, John Wayne. Usando um grupo de pessoas que viaja pelo Oeste em uma diligência como metáfora, o longa aborda os ideais americanos.
  • O que te faz sentir: curiosidade, perseguição


CASABLANCA

Casablanca - imagem - Divulgação/Warner Bros. Pictures - Divulgação/Warner Bros. Pictures
'Casablanca' foi um clássico instantâneo do cinema
Imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: Um dos filmes mais conhecidos da Era de Ouro do cinema, "Casablanca" (1942) já nasceu clássico. Filmado no calor do momento, durante a Segunda Guerra Mundial (quando aqueles fatos realmente aconteciam), o longa retrata o reencontro de Rick (Humphrey Bogart) e Ilsa (Ingrid Bergman) na cidade marroquina - que havia se tornado um entreposto para aqueles que fugiam de uma Europa dominada pelos alemães, com a França transformada em marionete dos nazistas. Romântico ao extremo, quase que como um "Romeu & Julieta" do século 20, "Casablanca" tem diálogos famosos e é um grande exemplo da Hollywood da época, se equilibrando entre o conservadorismo e o antifascismo.
  • O que te faz sentir: amor, amargura

CREPÚSCULO DOS DEUSES

Crepúsculo dos Deuses - imagem - Reprodução - Reprodução
Ácido e trágico, 'Crepúsculo dos Deuses' é um retrato metalinguístico de Hollywood
Imagem: Reprodução

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  • Onde: UOL Play, Belas Artes à La Carte, Telecine
  • O que tem de bom: Não faltam exemplos de atores e atrizes que, como os personagens de Brad Pitt e Margot Robbie em "Babilônia", viram suas carreiras minguarem com o advento do som no cinema. "Crepúsculo dos Deuses" (1950) é um dos primeiros exemplos de Hollywood fazendo essa auto-referência. Conta a trajetória de Norma Desmond (Gloria Swanson), uma esquecida estrela dos filmes mudos que passa a viver em um delirante mundo de fantasia. Dirigido por Billy Wilder (que depois faria "Quanto Mais Quente Melhor"), o longa tem um humor bem ácido e o estilo dos noirs que faziam sucesso na época. Mais do que isso: transforma um momento de profunda mudança na indústria e o medo do ostracismo em uma paródia que ressoa como conto de terror na mente das grandes estrelas.
  • O que te faz sentir: rejeição, delírio


CANTANDO NA CHUVA

Cantando na Chuva - imagem - Divulgação/MGM - Divulgação/MGM
'Cantando na Chuva' é uma das grandes referências de 'Babilônia'
Imagem: Divulgação/MGM

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: "Cantando na Chuva" (1952) é um exemplo do apogeu dos musicais e que, ao mesmo tempo, traça também a trajetória entre o fim do cinema mudo e a chegada dos filmes falados. Don Lockwood (Gene Kelly) é uma famosa estrela que vê a sua carreira mudar completamente após a estreia de "O Cantor de Jazz", sendo obrigado a se adaptar à nova realidade. Muitos dos enredos de "Babilônia" são claramente inspirados nesta história - incluindo a da personagem Lina (Jean Hagen), famosa estrela do cinema mudo que tem um forte sotaque do Brooklyn. Um clássico, que vai para muito além da famosa cena de Kelly cantando e dançando a música-título.
  • O que te faz sentir: saudosismo, nostalgia


JUVENTUDE TRANSVIADA

Juventude Transviada - imagem - Reprodução - Reprodução
O estilo de James Dean em 'Juventude Transviada' ressoa até os dias atuais
Imagem: Reprodução

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: A velha Hollywood estava começando a desmoronar em meados dos anos 1950. Após um caso de antitruste na Suprema Corte dos EUA, a estrutura de distribuição - e também de monopólio e de cartel - dos estúdios se desfez, diminuindo as receitas. Ao mesmo tempo, a sociedade americana foi ficando menos conservadora e o Código Hays se tornou ultrapassado, deixando de ser aplicado com rigidez. É nesse contexto que "Juventude Transviada" (1955) foi lançado, com a trajetória de amadurecimento de um jovem suburbano (James Dean) revelando a decadência do Sonho Americano do pós-Guerra e o conflito com a geração anterior. Considerado "chocante" em sua época, "Juventude Transviada" moldou a Hollywood que viria a seguir - e transformou Dean, morto em um trágico acidente de carro pouco antes da estreia, em uma estrela global que influenciou toda uma era.
  • O que te faz sentir: vazio, desajuste


CLEÓPATRA

Cleópatra - imagem - Divulgação/20th Century Fox - Divulgação/20th Century Fox
Liz Taylor em seu mais icônico papel, o de Cleópatra
Imagem: Divulgação/20th Century Fox

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  • Onde: Star+
  • O que tem de bom: É difícil determinar exatamente quando acabou a Hollywood clássica, mas "Cleópatra" (1963) exemplifica bastante esse momento. Projeto grandioso da 20th Century Fox, o épico de mais de 4h horas de duração conta uma versão extremamente ficcional da conturbada relação do Egito Ptolomaico (e de sua rainha, interpretada por Elizabeth Taylor) com a Roma dos generais Marco Antônio (Richard Burton) e Júlio César (Rex Harrison). Dirigida por Joseph L. Mankiewicz, a grandiosa produção foi extremamente ambiciosa e problemática, se tornando o filme mais caro da história do cinema até então - custando US$ 31 milhões (US$ 275 milhões considerando a inflação). A Fox foi quase à falência e os estúdios levariam décadas para se aventurar novamente em longas-metragens tão caros.
  • O que te faz sentir: excitação, grandiosidade


Além destes filmes, vale também conferir a edição especial do Na Sua Tela sobre Marilyn Monroe, com várias sugestões de longas protagonizados por aquela que foi uma das grandes estrelas da fase final da Era de Ouro de Hollywood.

Dica do time do UOL

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