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BBB 23: Afinal, o que é um relacionamento abusivo?

BBB 23: Gabriel disse que daria "cotovelada na boca" de Bruna Griphao - Reprodução/Globoplay
BBB 23: Gabriel disse que daria 'cotovelada na boca' de Bruna Griphao Imagem: Reprodução/Globoplay

Christiany Yamada

Colaboração para Splash, em São Paulo

23/01/2023 12h45

Na edição do BBB 23 (Globo) de domingo, o apresentador Tadeu Schmidt chamou atenção para o relacionamento de Bruna Griphao e Gabriel. Tadeu disse que fez um "alerta antes que seja tarde" e citou "limites prestes a ser gravemente ultrapassados", lembrando quando Gabriel disse que daria "cotoveladas na boca" de Bruna.

"Em uma relação afetiva, certas coisas não podem ser ditas nem de brincadeira", frisou o apresentador. Desde então, muitos vêm apontando o envolvimento de Bruna e Gabriel como um relacionamento tóxico ou abusivo.

Mas afinal, o que é um relacionamento abusivo?

"As pessoas acham que um relacionamento abusivo é quando um chega em casa, bate no outro, aquela briga. Não é necessariamente isso. O relacionamento abusivo vai se caracterizando aos poucos. Não é de um dia para o outro. É uma construção", diz a Dra. Gabriela Luxo, psicóloga, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento, em entrevista a Splash.

Ela descreve: "Primeiro começa o controle do comportamento, as ofensas verbais, as humilhações. E aí, um da relação vai se isolando. O abusador, então, começa a se aprofundar um pouco mais nas críticas [à parceira ou ao parceiro]. Pode ter uma agressão física, uma violência moral, psicológica, às vezes sexual. E isso vai entrando em um certo ciclo".

"Depois que tem essas agressões, a pessoa abusada da relação começa a ficar chateada e, aí, o que abusou pede perdão. Fala que não vai mais acontecer, começa uma série de promessas de mudança, agrada a pessoa, dá presentes. Então, a pessoa que foi abusada entende que ela é quem estava errada e segue na relação. E o ciclo começa de novo".

Só uma brincadeira?

Ainda que determinados comportamentos, como fazer piada com aparência, sejam ditos como "brincadeira", Dra. Gabriela classifica o ato como agressão. "Entra na parte de ofensas verbais e humilhações. Se a gente pensar no ciclo, esse seria o primeiro item".

"Essas brincadeirinhas, sim, se encaixariam em um começo de um controle de comportamento. A pessoa fala o que pensa e agride com isso. Ela pega qualquer coisa e transforma em negativo. Ela tem falas agressivas que, para ela, não são agressivas. Ela só está fazendo uma brincadeira, estava nervosa, estava em um dia ruim".

"O programa, logo na primeira semana, deu essa 'cortada'. Então imagino que, agora, o que a gente vá ver, mude. Mas, na vida real, a tendência é que comece dessa forma e vá se aprofundando".

Intervenção

Em edições anteriores, casos similares chegaram a acontecer no programa, como no BBB 17, em que Emily Araújo chegou até a levar um beliscão do então parceiro, Marcos Harter. Desta vez, o apresentador falou antes que algo do gênero pudesse acontecer.

Dra. Gabriela vê o "toque" que Tadeu deu nos brothers como algo positivo. "Eu acho que ele fez bem, levando em conta a saúde mental [dos participantes]. Talvez, no passado, essa pauta não estava tão em alta, e, por isso, em outras edições, deixaram passar mais tempo".

"A gente não sabe se iria chegar mesmo em um estado pior, mas, para evitar danos emocionais, foi muito saudável. Se tem alguém em sofrimento, é nosso papel tentar alertar".

Não acontece só entre casais

Esse tipo de comportamento não é exclusivo de uma relação romântica e também pode ser reproduzido em outros círculos. "Tem pessoas que provocam esse tipo de relação abusiva com outras configurações também, como alguns chefes e funcionários, em amizades...", detalha a profissional.

Ela ressalta, porém, o peso muitas vezes maior quando a violência se dá em um relacionamento romântico. "Em uma relação amorosa, a pessoa tem mais dificuldade de sair daquilo. Porque ela fica, praticamente, sempre junto. Já numa relação de amizade ou trabalho, você se ausenta. Você tem um respiro maior".

Limites

Dra. Gabriela ressalta que, em uma relação, tais agressões não devem ser aceitas. "Não é uma responsabilidade, mas é importante a pessoa [que está sofrendo os abusos] se manifestar. Às vezes ela acaba não fazendo isso por medo de ficar sozinha e vai deixando passar", diz.

"Para quem começa a ter um relacionamento tóxico, todo esse modo de lidar é muito sutil. Porque o abusador começa a disfarçar [as agressões] como ciúmes, proteção, 'estou fazendo isso porque eu gosto de você'. Porém, gostar do outro é ter empatia com o outro. E a pessoa vai justificando que é tudo em nome do amor. Mas temos que colocar limites, também, em nome do amor".

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