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Motorista, dono de loja: banda da Boate Kiss se esfacelou após 10 anos

De Splash, em São Paulo

27/01/2023 04h00Atualizada em 30/01/2023 15h22

A banda Gurizada Fandangueira se apresentava na Boate Kiss na noite de 27 de janeiro de 2013, data em que um incêndio no local matou 242 pessoas e deixou outros 363 feridos em Santa Maria (RS). Dez anos depois, os ex-integrantes estão divididos e alguns não seguem mais a carreira na música.

A tragédia foi tema da série "Todo dia a mesma noite", lançada pela Netflix na quarta-feira (25), e do documentário "Boate Kiss - A Tragédia de Santa Maria", do Globoplay, disponível desde quinta-feira (26).

Na época, a banda completava era formada por seis músicos: o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos, o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, o baterista Eliel Bagesteiro de Lima, o percussionista Márcio André de Jesus — irmão de Marcelo —, o sanfoneiro Danilo Jaques e Giovani Kegler, responsável pelo contrabaixo.

O que aconteceu após tragédia na Boate Kiss?

Danilo Jaques foi o único integrante da banda a morrer durante o incêndio. Em depoimentos à Justiça, Rodrigo Lemos Martins afirmou que o fogo começou após o uso de um artefato pirotécnico — além de confirmar que a boate estava superlotada.

A investigação concluiu que o artefato foi utilizado por Marcelo de Jesus dos Santos, então líder da banda, durante a apresentação na boate Kiss.

  • Dois integrantes da Gurizada Fandangueira foram presos após júri realizado em dezembro de 2021 -- Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão (auxiliar técnico da Gurizada Fandangueira). Eles foram condenados a 18 anos de prisão, mas permaneceram detidos no presídio estadual de São Vicente do Sul por oito meses.
  • Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, sócios da boate, também foram condenados a 22 anos e seis meses, e 19 anos e seis meses de prisão, respectivamente.
  • Os quatro condenados passaram a responder ao processo em liberdade após a anulação do júri de 2021. A decisão foi divulgada pelo TJ-RS em agosto de 2022.
  • O Ministério Público do Rio Grande do Sul recorreu após a decisão, mas o pedido foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal após análise da ministra Rosa Weber, informou a CNN em janeiro deste ano. Um novo julgamento deve ser realizado, ainda sem data definida.

Por onde andam outros músicos da Gurizada Fandangueira?

Entre os profissionais envolvidos com a banda, apenas Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão foram responsabilizados legalmente pela tragédia.

O músico Marcelo de Jesus dos Santos, da banda Gurizada Fandangueira, chora durante depoimento no tribunal ao contar sobre a boate Kiss - Reprodução - Reprodução
O músico Marcelo de Jesus dos Santos, da banda Gurizada Fandangueira, chora durante depoimento no tribunal ao contar sobre a boate Kiss
Imagem: Reprodução
  • Rodrigo Lemos segue a carreira musical e apareceu em divulgações de shows da banda Tagarrado, que também se apresenta no Rio Grande do Sul. "Graças a Deus, estou seguindo a minha vida. Não foi fácil, passei por muita dificuldade", diz a Splash.
  • Em contato com a reportagem, um representante do grupo Tagarrado afirmou que o músico fez parte de apenas duas apresentações pontuais da banda. "Não temos nada a ver com o que aconteceu. Ele não faz parte do nosso projeto".
  • Eliel Bagesteiro de Lima é responsável legal por uma loja de móveis usados em Santa Maria (RS), segundo dados disponíveis no site oficial da Receita Federal. Em contato com a reportagem, o comércio varejista nega qualquer relação com o músico.
  • Giovani Kegler continua participando de apresentações e projetos musicais em Santa Maria, mas não integra uma banda específica. Ele também divulga informações sobre os trabalhos no Facebook.
  • Splash tentou contato com os dois últimos músicos citados, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto caso queiram comentar sobre a vida após a tragédia.