De 007 a detetive: Daniel Craig não quer mais saber de ação

Daniel Craig, 54, viveu o agente 007 por 15 anos, em cinco filmes diferentes da franquia.

Com o passar do tempo, a imagem de James Bond foi ficando intrínseca ao ator, que ficou com fama de ser uma pessoa séria e até mesmo bruta. Para se distanciar da ideia errônea criada com os anos como o agente com permissão para matar, o artista estrelou "Entre Facas e Segredos" (2019), título de mistério, dirigido por Rian Johnson.

Na trama, Craig interpreta Benoit Blanc, um detetive com claras influências dos famosos Hercule Poirot e Sherlock Holmes. Diferente do personagem que o alçou à fama mundial, o investigador é um homem simpático, sensível e que trabalha muito mais com o cérebro do que com o corpo.

Relacionadas

O maior mistério do excepcional 'Glass Onion' é sua ausência do cinema

Daniel Craig descobre machucado durante entrevista: 'Bati a cabeça?'

Filme cancelado de James Bond se passaria na Rússia, conta diretor demitido

Com o sucesso do primeiro filme, um segundo longa foi lançado na Netflix. "Glass Onion: Um mistério Knives Out" chegou à plataforma no ano passado e foi um sucesso tão grande que concorre na categoria de Melhor Roteiro Adaptado no Oscar 2023.

Em entrevista a Splash, Daniel Craig conta não sentir falta das sequências de ação que gravava para os filmes de 007. "De jeito nenhum", brinca. "Não tem motivo para sentir falta. James Bond nunca apenas entrou em uma sala, ele sempre foi levado às pressas. Já Benoit, não corre para um lugar. Ele pode entrar em uma sala, facilitando muito." Craig chegou a lesionar joelho durante gravações de "007 - Contra Spectre", em 2015, e precisou passar por cirurgia.

Além de diferirem em relação à ação, os dois personagens também contam com figurinos bastante distintos. Para viver o detetive, o ator deixou de lado os ternos chiques de James Bond e colocou roupas coloridas e confortáveis.

Outra grande diferença é o sotaque. Enquanto James Bond é conhecido por ser um símbolo inglês, Benoit não deixa dúvidas que é americano. Nascido em Chester, na Inglaterra, Craig precisou fazer aulas para aprender a falar como alguém natural dos EUA.

"Eu tive aulas com ótimos profissionais e precisei trabalhar duro durante uns dois meses antes de começarmos a filmar. Eu desejei que houvesse um caminho fácil, mas não há, tive que trabalhar muito. Pratiquei muito e tentei deixar o mais suave possível na minha voz."

Quanto à personalidade, o ator não poderia estar mais distante do agente. Durante a entrevista, Craig foi simpático, interessado e demonstrou bastante carinho por Benoit Blanc e seu processo de preparação para interpretá-lo.

"Eu li muitos livros escritos pela Agatha Christie e também protagonizados pelo Sherlock Holmes. Há um bom tempo que sou um grande fã de mistérios, então fiquei bastante feliz de lê-los."

Benoit e Phillip

Uma das revelações que mais chamou a atenção dos fãs em "Glass Onion: Um Mistérios Knives Out" foi o relacionamento entre Benoit e Phillip, personagem interpretado por Hugh Grant ("Um Lugar Chamado Notting Hill"). Muito se comentou sobre o casal, mas Craig não se importa com isso.

"Eu não ligo muito. Fico feliz que tenham gostado, mas não quero saber se eles vão ficar juntos ou aparecer mais nos próximos filmes. Não estou muito interessado em saber sobre a vida pessoal de Benoit. Acho legal dar uma espiadinha nisso ocasionalmente, mas não é disso que tratam os filmes", disse.

"Eu gosto da ideia dos detetives de Agatha Christie, misteriosos e você não sabe muito sobre eles. Quanto mais enigmáticos e menos você souber sobre eles, melhor."

Do cinema, para a Netflix

"Entre Facas e Segredos" percorreu um caminho cada vez mais comum no mundo do entretenimento. O primeiro filme foi lançado nos cinemas, mas o segundo foi lançado diretamente na Netflix.

No entanto, houve algumas exibições de "Glass Onion: Um Mistério Knives Out" em salas, o que Craig disse estar grato à plataforma de streaming. "Eu acredito que todo filme deve estar no cinema e todos possam assisti-lo desta maneira. Gostei que o longa foi lançado também nos cinemas e quem sabe ele não volte por períodos mais longos?"

Viver a experiência do cinema é algo que deve ser feito coletivamente.

"É claro que é maravilhoso poder sentar em casa, principalmente com um filme como esse, assistir você com sua família e curtir. Mas também é incrível sair e curtir com um monte de estranhos e ter aquela experiência. Acho que precisamos ter mais desse tipo de experiência na vida. Precisamos dessa experiência catártica e para percebemos que ainda somos humanos", conclui.