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'O Sexto Sentido': Legado e influência da obra-prima de Shyamalan

Bruce Willis e Haley Joel Osment em "O Sexto Sentido" (1999) - Divulgação
Bruce Willis e Haley Joel Osment em "O Sexto Sentido" (1999) Imagem: Divulgação

Mariana Assumpção

Da Ingresso.com

04/02/2023 04h00Atualizada em 04/02/2023 21h54

Embora o aguardado novo milênio só tenha começado em 2001, a mítica que assolou as vésperas do ano 2000 fomentou a criatividade nos mais diversos campos artísticos, incluindo o do cinema. Não por acaso, 1999 é reconhecido por alguns cinéfilos como um dos anos mais prolíficos da indústria contemporânea.

Dentre os lançamentos constantemente relembrados desse período, "O Sexto Sentido" se destaca. Contudo, o que de fato torna o filme e o momento no qual foi realizado tão especiais para o cinema?

NARRATIVAS INOVADORAS VERSUS BILHETERIA

Entre 1995 e 1998, superproduções dramáticas e filmes catástrofe figuravam no topo das bilheterias - "Independence Day" (1996), "Titanic" (1997) e "Armageddon" (1998) representam as maiores arrecadações dos anos nos quais foram lançados. Em 1995, "Apollo 13" ficou em segundo lugar do ranking, perdendo por pouco para a animação Toy Story.

A partir do ano 2000, as grandes franquias que revivem sagas do passado ou baseiam-se na literatura começam a despontar: "Harry Potter", "O Senhor dos Anéis", "Star Wars" e os longas inspirados em quadrinhos ganham força logo na primeira década do século 21 - e, desde então, não pararam de se popularizar.

Dito isto, o que o incomparável ano de 1999, disposto entre os dois momentos anteriormente abordados, tem de extraordinário?

A reposta é simples: a inovação.

Além de "O Sexto Sentido", os dias marcados pelos anseios sobre o "bug do milênio" também nos presentearam com os aclamados "A Bruxa de Blair", "Matrix" e "Clube da Luta". Mesmo que hoje já possam ser considerados clássicos de sucesso, tais filmes contrariaram as tendências de Hollywood e do público geral de sua época.

Estas e algumas outras produções provaram para a indústria que não eram apenas as sequências, derivados e adaptações de histórias populares os capazes de levar milhões de pessoas aos cinemas: narrativas e linguagens originais podiam fazer o mesmo.

"O SEXTO SENTIDO": QUALIDADE E REVIRAVOLTA POR UM PREÇO JUSTO

"O Sexto Sentido", escrito e dirigido por um (bastante jovem) M. Night Shyamalan, é protagonizado por Haley Joel Osment e pelo astro Bruce Willis. O filme apresenta os dramas de Cole (Osment), um garoto que vê os espíritos de pessoas mortas à sua volta. Um dia, ele conta o segredo ao psicólogo Malcolm Crowe (Willis), que tenta ajudá-lo a descobrir o que está por trás de suas visões.

Num primeiro momento, os realizadores do suspense sobrenatural, que contou com um orçamento modesto de US$ 40 milhões (R$ 202 milhões), jamais imaginariam que a produção atingisse o status que alcançou: além de se tornar uma referência atemporal do gênero, "O Sexto Sentido" arrecadou mais de US$ 672 milhões (R$ 3,4 bilhões) nos cinemas mundiais, garantindo com folga o segundo lugar no pódio das bilheterias daquele ano.

As atuações e os dramas abordados no longa o ajudaram a ganhar a admiração da audiência, porém, uma característica de "O Sexto Sentido" que deixou plateias de queixo caído foi a conclusão do arco de Malcolm Crowe: um dos mais impressionantes plot twists da história do cinema.

Para quem não está familiarizado com o estrangeirismo, plot twist define uma reviravolta surpreendente na história. O filme não é apenas um dos que melhor representam tal transformação narrativa, como também foi um dos principais responsáveis por tornar a estratégia de roteiro popular.

O LEGADO DE "O SEXTO SENTIDO"

"Os Outros" (2001), "Ilha do Medo" (2010), "Garota Exemplar" (2014) e tantos outros filmes que (quase) todos nós amamos foram, inegavelmente, inflamados pelo legado de "O Sexto Sentido" até que, enfim, saíssem do papel.

Todos eles carregam histórias que conduzem a um determinado caminho, e são capazes de tirar o fôlego quando, ao estarem prestes a ser concluídas, apresentam respostas opostas a tudo aquilo que imaginamos inicialmente. Por fim, o mais divertido é revê-las e perceber que as pistas das quais precisávamos sempre estiveram presentes, e cada replay é uma nova oportunidade de descobrir outra agradável surpresa escondida.

Depois do sucesso de seu terceiro longa-metragem como diretor, Shyamalan repetiu a "fórmula" que o consagrou em outros projetos, e também influenciou uma geração de cineastas. Decerto que mestres da sétima arte como Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Robert Wiene e Orson Welles já faziam o mesmo anteriormente, mas Shyamalan contribuiu, de forma incontestável, para o renascimento dessa forma cativante de fazer cinema.

Na última quinta-feira (2), Shyamalan retornou às telonas com "Batem à Porta", longa que promete potencializar os ápices de tensão e surpresa, marcas registradas do cineasta.

Ele assina a direção, roteiro e produção do longa, que conta a história de uma família feita de refém por quatro estranhos armados. A partir daí, uma jovem e seus pais precisam fazer uma escolha impensável para evitar o apocalipse, enquanto estão com acesso limitado ao mundo exterior.

"Batem à Porta" é estrelado por Dave Bautista em uma elogiada atuação, além de Jonathan Groff, Bem Aldridge, Nikki Amuka-Bird, Kristen Cui, Abby Quinn e Rupert Grint.