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Loucuras de fãs, reencontros, shows: como foi a volta do Planeta Atlântida?

Cerca de 80 mil pessoas foram ao Planeta Atlântida 2023 após hiato de 2 anos motivado pela covid-19 - Agência Preview
Cerca de 80 mil pessoas foram ao Planeta Atlântida 2023 após hiato de 2 anos motivado pela covid-19 Imagem: Agência Preview

De Splash, em Xangri-lá (RS)

05/02/2023 20h00

"O planeta voltou a girar". O lema do Planeta Atlântida 2023 fez sentido para as 80 mil pessoas, segundo a organização, que esperaram dois anos pelo festival em Xangri-lá, litoral norte do Rio Grande do Sul.

Alguns deles têm histórias inusitadas e passaram por perrengues para estar perto dos ídolos: a começar pela chuva, que marcou presença nos dois dias. É quase uma tradição, brincam os frequentadores mais assíduos. Capas de chuva fizeram parte do look de boa parte deles.

A cidade de quase 20 mil habitantes foi tomada por ônibus e vans de excursão. Boa parte dos frequentadores era de outras cidades do Estado e da região sul. Os amigos Yasmin, 21, Kailane, 20, Mickael, 20, e Gissely, 19, saíram de Camaquã e viajaram mais de 300 km para ver Armandinho.

"Não existem palavras para descrevê-lo. Sempre foi nosso sonho vê-lo ao vivo. Faz parte da história do Planeta. Ele tem a alma do festival", contou Yasmin, que chegou à fila às 13h com os amigos. A abertura dos portões era às 16h.

"Compramos ingresso quando abriram as vendas. Estou pagando com minha bolsa, sou estudante de biologia. Parcelamos em quatro vezes. Compramos quando só ele estava confirmado. Ainda não sabíamos qual seria a data. Tínhamos que comprar o ingresso arena, para os dois dias, mas erramos e compramos um dia só. Tivemos que comprar o certo depois e vender o ingresso errado", disse Kailane.

Os amigos Yasmin, 21, Kailane, 20, Mickael, 20, e Gissely, 19, a espera de Armandinho no Planeta Atlântida 2023 - Filipe Pavão/UOL - Filipe Pavão/UOL
Os amigos Yasmin, 21, Kailane, 20, Mickael, 20, e Gissely, 19, a espera de Armandinho no Planeta Atlântida 2023
Imagem: Filipe Pavão/UOL

As loucuras dos fãs não dizem respeito apenas à distância geográfica entre suas residências. Lisi, 35, acompanhou a filha, Malu, 14, para o show de Matuê. "Vim com minha filha pela primeira vez, sempre quis vir, agora realizo o sonho com ela", disse a mãe.

Elas chegaram depois das 15h e correram para garantir a primeira fila da grade. Mas havia um detalhe: o cantor estava previsto para subir ao palco apenas às 2h. "Ela não vai beber água, não pode querer fazer xixi", afirmou a mãe, em tom de brincadeira.

Lisi, 35, e a filha, Malu, 14, foram ao Planeta Atlântida 2023 para ver Matuê - Filipe Pavão/UOL - Filipe Pavão/UOL
Lisi, 35, e a filha, Malu, 14, foram ao Planeta Atlântida 2023 para ver Matuê
Imagem: Filipe Pavão/UOL

"A gente correu. Tinha gente desde as 12h na fila... Sempre tive vontade de vir ao Planeta, estava esperando completar 14 anos. Gosto da vibe do Matuê e da energia boa que ele transmite nas músicas", disse a adolescente.

Já o casal Luma, 27, e Priscila, 30, aguardavam ansiosamente por Ludmilla. Elas chegaram na fila por volta das 14h para representar um fã clube de Lud no sul do país. "Ela é incrível", pontua Luma. "Traz muita representatividade, veio da periferia. É lésbica", afirmou Priscila.

O casal Luma, 27, e Priscila, 30, a espera de Ludmilla no Planeta Atlântida 2023 - Filipe Pavão/UOL - Filipe Pavão/UOL
O casal Luma, 27, e Priscila, 30, a espera de Ludmilla no Planeta Atlântida 2023
Imagem: Filipe Pavão/UOL

Artistas também comemoraram o retorno de um dos principais festivais de verão do país. Tal qual o Festival de Verão de Salvador, o carioca Universo Spanta e o CarnaUOL, o Planeta Atlântida foi cancelado em 2021 e 2022 devido ao avanço da covid-19. A palavra reencontro sintetiza a energia da 26ª edição.

Como foram os shows no Planeta Atlântida?

O festival trouxe 28 atrações musicais em dois palcos: Planeta e Atlântida. A pontualidade foi regra em quase todas as apresentações, assim como a falta de manifestações políticas — o grito "Fora Bolsonaro" não faz mais parte das pautas de festivais de música.

A segunda noite do festival, sábado (4), teve um público relativamente maior que a primeira. Os destaques ficaram para Jão, Ludmilla, Luan Santana e Ivete Sangalo — visualmente os maiores públicos da edição no palco Planeta, com leve vantagem para Luan.

Na primeira noite, Jota Quest, que são velhos conhecidos do festival, Luísa Sonza e Gloria Groove se destacaram. No palco secundário, Poze do Rodo atraiu multidão que cantava as músicas a todo pulmão.

Planeta Atlântida recebe 80 mil pessoas em 2023

Além de música, os shows do Planeta serviram como anúncios. Luan Santana aproveitou sua "segunda casa" para revelar que vai realizar o Luan City Festival, um dos projetos mais ambiciosos do sertanejo. Já Ludmilla cantou pela primeira vez a música "Sou Má", que será lançada no próximo dia 7.

A banda Lagum anunciou uma pausa indeterminada. Em conversa exclusiva com Splash, eles revelaram não haver previsão para retornar aos palcos. Jão e Luísa Sonza também falaram sobre se afastarem dos palcos, mas calma: é só por um tempinho. Eles querem produzir novos discos e precisam desacelerar para entrar em estúdio.

Cultura local e pedido de casamento

O Planeta Atlântida é o principal festival da região Sul e reforça a identidade gaúcha. Cantos tradicionais e coros em alusão ao Estado foram proferidos em diferentes momentos. Neto Fagundes manteve a tradição de abertura e cantou o Hino Riograndense antes da primeira apresentação do palco principal.

Na segunda noite, a banda Comunidade Nin-Jitsu misturou as batidas do rock gaúcho e funk carioca ao palco Atlântida. Horas depois, durante o show de Reação em Cadeia, banda que retorna aos palcos após hiato, houve pedido de casamento ao som de "Um Dia", com troca de alianças e gritos na plateia do palco Atlântida.

"A gente precisa valorizar quem está no nosso lado. Quero saber hoje se tu quer transformar os nossos quase cinco anos em uma vida inteira. Quer casar comigo?", perguntou o rapaz, sendo respondido com um beijo.

Já Armandinho levou uma multidão à abertura do palco principal no segundo dia. Eles foram os responsáveis por lotar o festival mais cedo — em comparação com a noite anterior, que demorou mais para ver o espaço preenchido pelos fãs.

Segundo a produção do festival, organizado pelo Grupo RBS e DCSET Group, a edição de 2023 teve 4 mil pessoas envolvidas na realização do evento e impactou positivamente na economia local. Por meio do ingresso solidário, a edição 2023 irá repassar mais de R$ 185 mil a instituições socais locais.

* O repórter viajou a convite da organização do evento.