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Beth Carvalho falava pouco das próprias dores nas últimas semanas de vida

Beth Carvalho cantou deitada no Rio, cerca de um ano antes de morrer  - Reprodução/Instagram
Beth Carvalho cantou deitada no Rio, cerca de um ano antes de morrer Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

06/02/2023 04h00Atualizada em 06/02/2023 09h16

Os caminhos percorridos por Beth Carvalho estão no documentário "Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho", produção da TvZero que acaba de chegar ao público. O filme reúne registros inéditos narrados pela própria cantora, que morreu em abril de 2019.

O longa mostra um pouco da trajetória da mulher que atropelou as próprias dores, ocupou espaços e construiu uma das carreiras mais bem-sucedidas da música brasileira. Os problemas de saúde que a assolaram por anos e a fizeram se apresentar deitada, porém, ganharam o espaço que a artista reservava a eles.

"Nós tivemos a honra de fazer as últimas entrevistas com a Beth, um mês antes da morte dela. Nós fizemos quatro encontros longos com ela no hospital, em que ela repassava a vida. Era muito curioso porque ela falava muito pouco dessas dores. Tanto a dor de estar em um ambiente machista quanto das próprias dores físicas", disse o roteirista Leonardo Bruno, em conversa com Splash.

O documentário celebra os encontros da artista com veteranos, como Cartola e Nelson Cavaquinho, e a descoberta de uma nova geração que despontava no Rio de Janeiro entre os anos de 1970 e 1980, a exemplo de Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Arlindo Cruz.

"O recorte foi pensar Beth através dos encontros e desse material que ela produziu. A gente sabia da existência desse material. O nosso primeiro grande trabalho foi a restauração. Eram mais de 800 fitas que a gente limpou, revitalizou e transcreveu. Só isso levou quase dois anos", conta o diretor Pedro Bronz.

 Beth Carvalho - Ivan Klingen/Divulgação - Ivan Klingen/Divulgação
A sambista Beth Carvalho nos anos 70, em imagem do filme "Andança - Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho"
Imagem: Ivan Klingen/Divulgação

O filme também mostra uma briga entre a artista e o maestro Ivan Paulo. Durante a discussão, Beth deixa claro o descontentamento com mudanças do mercado e a necessidade de que as gravações fossem feitas em um intervalo de tempo cada vez mais curto.

"Um outro lado da Beth que não é um lado de dores, mas é um lado que é pouco conhecido que é, por exemplo, a cena de uma briga dela com o produtor musical. Alguns embates que ela travou ao longo da vida. Nesse é o embate que ela tem com o Ivan Paulo, o maestro. Embates que são naturais ao longo da vida artística e que a gente não quis evitar. A gente não ocultou nada", explica o roteirista Leonardo Bruno.