Mistério sobre desaparecimento no Pico dos Marins vai de assassinato a ET
Era 6 de junho de 1985 quando o grupo de escoteiros Olivetano fazia uma excursão ao Pico dos Marins, em Piquete (SP). Seria apenas mais um passeio, se não fosse por um detalhe: naquele dia, o escoteiro Marco Aurélio, de 15 anos, desapareceu. Para encontrá-lo, foram mobilizadas diversas equipes de buscas, mas todas sem sucesso.
Se passaram 37 anos e o caso poderia ser esquecido, mas não foi o que aconteceu. Em 2022, a Globoplay lançou o podcast "Pico dos Marins: o caso do escoteiro Marco Aurélio", dirigido por Ivan Mizanzuk, conhecido pelo famoso "Caso Evandro", e criado e narrado por Marcelo Mesquita, que desde 2017 estuda o caso. Além da série documental, o mistério voltou à tona ao ser reaberto pela polícia entre 2021 e 2022, trazendo outras possibilidades com novas escavações.
O conteúdo em áudio aborda, em dez episódios, as diferentes hipóteses do que pode ter acontecido: desde assassinato, até abdução por alienígena. Todas as alternativas são comentadas, por mais "impossíveis" que elas pareçam.
A Splash, Mesquita explica de onde surgiu a vontade de falar sobre o sumiço do escoteiro. "Eu ouvi a história em 2017, por uma amiga, e fiquei bem impressionado. Estava em um momento de procurar novos projetos. Então, em uma sexta-feira, peguei o carro e fui até a base do Pico dos Marins. Na época, eu não imaginava nada disso ou que o caso seria reaberto."
"Depois, entrei em contato com a família, o que foi relativamente fácil, porque eles são super acessíveis."
Personagem crucial para se entender a cronologia dos fatos e seus desdobramentos, o pai de Marco Aurélio, o jornalista Ivo Simon, participa dos episódios e forneceu documentos necessários e importantes para a investigação de Marcelo Mesquita.
"Mesmo depois de tantos anos, ele ainda é bastante empenhado em descobrir a verdade. Quando eu o procurei, ele viu um megafone. É um pai querendo encontrar o filho." Para isso, Ivo não mediu esforços para que o podcast não seja apenas uma peça de reportagem, mas também uma possibilidade de encontrar Marco Aurélio.
Ele me abriu a casa dele. Quando começamos a conversar, ele me deu pilhas de documentos, e uma caixa gigante onde ele organizou tudo.
Com total acesso ao acervo da família, Marcelo Mesquita foi criterioso ao tratar sobre os assuntos no podcast. Segundo conta, nada ficou de fora, mas fez questão de qualificar as informações. "O que prometi para o pai do Marco Aurélio foi separar o que é 'achismo', fantasia e sensacionalismo, do que é real de fato."
Um exemplo é o episódio oito, no qual é discutida a possibilidade de o escoteiro ter sido abduzido por alienígenas. Antes de entrar no assunto, o narrador deixa claro que não compactua com aquela ideia e explica que falar sobre extraterrestres poderia ser uma maneira simples — e controversa — de resolver um caso complexo.
No entanto, quando os capítulos falam da possibilidade de um crime, Marcelo Mesquita se aprofunda ao máximo possível, explicando quem são os suspeitos e quais seriam seus motivos que teriam levado a um assassinato.
O mesmo acontece com a terceira opção, a de Marco Aurélio estar vivo. E, neste caso, há uma ferramenta importante para o reconhecimento do escoteiro: seu irmão gêmeo, Marco Antônio, que funciona como um "retrato falado" vivo.
Com a abertura do inquérito a partir de um pedido do Ivo Simon, novas chances de se desvendar o mistério surgiram. Mas, para o criador, é preciso muito cuidado ao falar que ele está "investigando o caso". "Eu não sou policial, eu estou contando a história que até hoje é um ponto de interrogação."
A Splash, Mesquita revela que o processo de desenvolvimento do podcast fez com que ele tivesse até angústia quanto à própria família. "Tive um pesadelo que meu filho não estava no quarto, de tão mergulhado que estou."
"Trabalho com essa narrativa o tempo inteiro e eu estou com o senhor Ivo muitas vezes. Você imagina um pai que acorda, toma café, almoça e janta e não tem um dia, eu garanto, não tem um dia que ele não pense no filho."
O último episódio de "Pico dos Marins: o caso do escoteiro Marco Aurélio" fica disponível na próxima sexta-feira. Caso você tenha alguma informação sobre o mistério, escreva para ocasodoescoteiromarcoaurelio@gmail.com.
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