Topo

Rafael Ilha viveu como mendigo e tomou medida 'drástica' para afastar a mãe

Rafael Ilha relembrou seu passado como ex-usuário de drogas - Reprodução/RecordTV
Rafael Ilha relembrou seu passado como ex-usuário de drogas Imagem: Reprodução/RecordTV

Colaboração para Splash, em Maceió

14/02/2023 21h23

O cantor Rafael Ilha, 49, recordou o período em que se tornou morador de rua devido ao vício em drogas, época em que precisou tomar uma medida drástica para afastar a mãe de perto dele.

No podcast Ticaracaticast, Ilha contou que se tornou dependente de fato aos 15 anos, após ser apresentado à cocaína por uma mulher mais velha, com quem estava se relacionando. Antes desse episódio, o artista admitiu que já havia entrado em contato com outros tipos de drogas, mas sem que houvesse se viciado.

"Conheci a cocaína que foi o que me tornou um dependente aos 15 anos, já no Polegar, por causa de uma namoradinha. Já tinha conhecido outras drogas, mas não tinha continuado com o uso de nada daquilo. Me tornei um dependente imediatamente. Três meses depois tive minha primeira internação", iniciou.

"Minha vida tomou um rumo que eu não podia imaginar. Me tornei um dependente químico ao extremo, viciado, noiado. Da cocaína fui para a cocaína injetável, daí para o crack e a minha vida desandou. Acabei indo morar na rua literalmente, me envolvi com o tráfico, roubo, com tudo que possa imaginar de ruim para sustentar o meu vício", continuou.

Rafael relatou que sua saída do extinto grupo Polegar ocorreu por causa da dependência química. Foi a partir desse momento que sua vida "desandou" de uma forma que nem mesmo ele imaginava ser possível, com sucessivas passagens por clínicas de reabilitação.

Em seu relato, Rafael Ilha explicou que, como naquela época a dependência química era tratada como um problema de saúde mental, foi internado em uma clínica psiquiátrica, onde foi torturado com choques.

O artista revelou que as primeiras internações precisaram ser abafadas para não saírem na imprensa e atrapalharem a agenda do Polegar.

"Ninguém naquela época podia imaginar que eu estaria dependente químico. Então foi muito abafado e eu tive várias internações", afirmou.

Após deixar de vez o Polegar, Rafael Ilha diz que passou a "viver como mendigo" nas ruas de São Paulo. "Tive uma situação de morador de rua por quase 11 meses, morando de baixo da ponte".

Questionado se era reconhecida nas ruas, Ilha contou que isso só aconteceu uma vez. Depois, como ele "estava literalmente um mendigo", as pessoas não o associaram ao artista famoso em todo o país.

Já nas ruas, embaixo da ponte, Rafael Ilha disse que sua mãe, Sylvia Vieira, tentou socorrê-lo, tirá-lo daquela situação e iniciar um tratamento. Foi nessa época em que, para afastar a mãe de perto dele, ameaçou quebrar o carro dela com um paralelepípedo caso não o deixasse "viver da forma como queria".

"Minha mãe foi uma vez lá, nos primeiros dias, parou o carro lá e eu estava muito alterado, completamente drogado, cheio de crack na cabeça. Ela levou sanduíches e falou: 'Meu filho, come, volta para casa, vamos se tratar'. Eu falei: 'Não quero [me tratar], por isso saí de casa. Me deixa viver minha vida do jeito que eu quiser'", contou.

"Ela começou a chorar, aí eu peguei um pedaço de paralelepípedo, e falei: 'Mãe, sai daqui, porque senão eu vou quebrar teu carro inteiro'. Peguei a pedra e ameacei jogar, aí ela entrou no carro e foi embora", completou.

Perfil dos usuários. Na entrevista, Rafael Ilha destacou que muitos associam os usuários de drogas nas ruas a pessoas pobres, quando, na realidade, muitos que estão naquela situação pertencem a família abastadas, de classe média, classe média alta.

Internações. Ao falar sobre as sucessivas internações que vivenciou, Ilha disse que a vez em que foi internado em um manicômio judicial foi um verdadeiro "inferno", ao ponto de ele engolir pilhas para ser levado para o hospital e conseguir fugir.

Em outro depoimento, o artista disse que chegou a ficar amarrado por três meses em uma cama, em uma clínica de reabilitação, como forma de punição por seu comportamento.

"Sou curado." Livre da dependência química há 23 anos, Rafael Ilha afirmou que "se sente curado" graças a sua força de vontade e também graças a Deus.

Atualmente, ele dá palestras e faz trabalho voluntário em instituições para ajudar outros dependentes químicos a largarem o vício.