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Originais valem milhões: Abílio Diniz vence processo por telas falsas

Abílio Diniz comprou supostas obras de Alfredo Volpi por R$ 69 mil, em 2007, mas descobriu que elas seriam falsas anos depois  - Divulgação
Abílio Diniz comprou supostas obras de Alfredo Volpi por R$ 69 mil, em 2007, mas descobriu que elas seriam falsas anos depois Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

25/02/2023 15h33Atualizada em 26/02/2023 15h57

Um dos homens mais ricos do Brasil, Abílio Diniz ganhou uma indenização de R$ 238 mil em um processo contra a galeria Pintura Brasileira, em São Paulo, que teria vendido dois quadros falsificados ao empresário — a defesa da galeria disse a Splash que as obras são autênticas e que usará laudos para tentar reverter o caso (leia mais abaixo).

Em decisão publicada ontem pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, assinada pelo juiz Rogério Márcio Teixeira, a galeria foi condenada a pagar R$ 138 mil a Abílio e sua mulher, Geyze Marchesi, pelos danos materiais sofridos pelo casal e R$ 50 mil a cada um deles por danos morais.

Diniz comprou as pinturas "Bandeirinhas com Mastro" e "Bandeirinhas" por R$ 69 mil, em 2007. Mas em meados de 2015, pretendendo adquirir certificados de autenticidade das obras, o empresário pediu uma avaliação do Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna, especializado no acervo do pintor.

O Iavam avaliou que as obras eram falsificadas, segundo o que alegam os Diniz no processo. Um colecionador de arte e um estudioso das obras do italiano também teriam sido consultados, confirmando o laudo do instituto.

Ao justificar a procedência da indenização por danos morais, o juiz Teixeira afirmou que diretores do Masp (Museu de Arte de São Paulo), convidados para um jantar na casa de Abílio e Geyze durante uma das Bienais de Arte da capital, teriam notado a falsificação.

A galeria Pintura Brasileira, representada pelo marchand Marcelo Barbosa, negou que as telas fossem falsas, afirmando que a autenticidade delas era atestada pela filha do pintor e que "os laudos elaborados pelo Instituto Volpi contêm falhas e informações equivocadas".

As partes envolvidas ainda fizeram uma audiência de conciliação em 2019, mas sem sucesso para chegar a um acordo. Em 2021, segundo o histórico do TJ-SP, o processo seguiu para os trâmites até o julgamento.

Um perito da Justiça paulista atestou que as duas obras "não são autorais do artista ítalo brasileiro Alfredo Volpi", destacando a diferença na assinatura e no estilo da pincelada dos quadros em comparação com dezenas de originais.

Um restaurador que conviveu com o pintor também deu seu parecer no processo, concordando com a perícia, que constatou que as obras originais do artista valeriam entre R$ 1 milhão e R$ 1,2 milhão cada uma, valor bem acima do investido pelo empresário, que transferiu a posse das telas para a mulher antes de descobrir que elas eram falsas.

Outro lado

Segundo o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que representa a galeria e o galerista, as obras são autênticas. A defesa diz que possui um laudo que comprova que a assinatura no quadro é de Volpi e um laudo técnico refutando a posição do perito judicial — que negou a autenticidade.

Além disso, o advogado disse que as obras foram com um certificado que conferia a autenticidade da obra - atestado pela filha de Volpi, que tinha procuração para isso.

"O Abílio Diniz não cometeria um erro primário desses de comprar obras falsas. E de fato não cometeu. As obras são boas e vamos comprovar que de fato são", afirmou Marco Aurélio de Carvalho.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado em versão anterior deste texto, Abílio Diniz é acionista do Carrefour, e não do Pão de Açúcar. O erro foi corrigido.