Parece, mas não é OnlyFans: mulheres têm conteúdos vendidos sem autorização
Diferentes sites vendem conteúdos sem a permissão das mulheres que aparecem nas fotos. Splash conversou com cinco mulheres que dizem sofrer o mesmo golpe. O Fansly, plataforma que teve o nome utilizado nas operações, confirmou enfrentar casos semelhantes.
Fotos foram retiradas dos perfis das mulheres nas redes sociais para promoverem a venda de conteúdos adultos, conforme relatos.
O mecanismo de venda funciona igual ao do OnlyFans, principal site da atividade. Mas o layout utilizado pelos golpistas na criação dos sites é inspirado no Fansly, concorrente direto.
Antonio Carlos Marques Fernandes, advogado especializado em direito digital, afirmou que foi procurado por mais de 40 mulheres que enfrentaram o problema nas últimas semanas.
'Constrangedor'
As supostas vítimas não trabalham como influenciadoras e possuem menos de 10 mil seguidores nas redes sociais. Elas aparecem de biquíni ou em poses sensuais nas imagens escolhidas, relatou Antonio Carlos.
O material é misturado com conteúdos adultos de outras mulheres — a maioria não mostra rostos. A página criada pelos supostos golpistas utiliza nome e outros dados pessoais da mulher que teve as fotos roubadas.
Os sites se utilizam do logo e do nome Fansly, mas contam com outros endereços eletrônicos. As páginas exigem cadastros e, dessa forma, conseguem acesso a dados pessoais e número de cartões de crédito dos clientes que buscam visualizar as fotos.
Giovana Gomides, 23, uma das supostas vítimas que conversaram com Splash, afirmou que suas duas irmãs também enfrentaram o problema. Familiares evitaram fazer cadastros nos sites para não cederem informações pessoais.
Meu namorado e vários amigos começaram a mandar prints. Foi uma coisa muito constrangedora.
Giovana Gomides
A plataforma Fansly foi citada em oito reclamações registradas no site Reclame Aqui. Em todos os casos, foram denunciados perfis falsos com dados de terceiros. As páginas foram derrubadas pelo portal Wix, um dos servidores utilizados para a criação de páginas na internet.
Splash entrou em contato com o Wix, mas não obteve retorno sobre o caso. A plataforma oferece a ferramenta para criação de sites e verifica os conteúdos disponíveis, mas não é responsável pela concepção e finalidade dos endereços eletrônicos criados em seu servidor.
"Estou em um trabalho novo e comecei a seguir várias pessoas. Qual é a imagem que pode ficar para quem não me conhece direito? Respeito quem faz, mas usam a minha imagem para algo que não sou", disse Marcela Lessa, 25, outra suposta vítima.
Dificuldades para denunciar
Não é considerado crime a utilização de uma foto publicada em redes sociais. Por isso, as mulheres que conversaram com Splash relataram dificuldades para oficializar denúncias com a polícia local ou delegacias especializadas.
Marcela Lessa procurou o portal Safernet, que disponibiliza um canal para denúncias de crimes virtuais. "Liguei para o 190 e eles foram bem grosseiros comigo", contou sobre o contato com a Polícia Militar.
Antonio Carlos Marques Fernandes explicou que a finalidade do uso da imagem é decisiva para a constatação de um crime. Gerar lucros com a imagem de terceiros sem autorização pode render processo por direitos autorais — e até difamação.
"Pessoas acabam utilizando o Instagram e WhatsApp para realizar fraudes, o que, na verdade, não é uma fraude digital. A tecnologia utilizada no processo é digital, mas não o crime em si. Então a delegacia especializada não precisa, necessariamente, tocar o caso".
O especialista destacou que as mulheres preferem soluções práticas, sem dar sequência a um processo jurídico. "Preferem derrubar as páginas rapidamente e, quando acontecem, acham que a questão está resolvida".
Splash conversou com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, cidade em que moram Marcella Lessa e Giovana Gomides. A orientação é que as vítimas procurem qualquer delegacia para denunciar, mas que obtenham o máximo de informações possíveis (conversas, prints, endereços eletrônicos) para comprovar o uso indevido da imagem e possibilitar o início de uma investigação.
O que diz o Fansly?
A empresa se posicionou sobre os golpes em comunicado oficial divulgado pelo suporte da plataforma que opera nos EUA.
"Se você descobriu uma página de perfil falsa se passando por você ou acredita que alguém roubou sua identidade, preste muita atenção ao endereço do site em questão", disse, ao classificar a situação como "estressante".
"Há uma epidemia de sites que se passam por Fansly, criados para tentar atrair as pessoas para roubar suas informações de cartão de crédito".
"Nos solidarizamos com as vítimas, bem como com os usuários que estão sendo enganados. Estamos trabalhando o tempo todo para encontrar uma solução permanente para esse problema", conclui o texto.
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