Red Pill vira munição para misoginia: o que a pílula significava em Matrix?
As falas misóginas de Thiago Schütz, 35, dono da página "Manual Red Pill", viralizaram nas redes sociais e mostraram um nicho até então não muito conhecido: os influenciadores "Red Pill".
O termo "Red Pill" ("pílula vermelha" em português) surgiu no filme "Matrix" (1999) e seu conceito foi reapropriado na cultura desde então.
O que "Red Pill" significava em "Matrix"?
Uma das cenas icônicas do filme mostra Morpheus (Laurence Fishburne) oferecendo a Neo (Keanu Reeves) uma escolha entre uma pílula azul ou uma pílula vermelha.
Essa é sua última chance. Depois disso, não há como voltar. Você toma a pílula azul e a história acaba. Você acorda em sua cama e acredita no que quiser acreditar. Você toma a pílula vermelha e fica no País das Maravilhas. E eu mostro a profundidade da toca do coelho.
Morpheus
Ou seja:
- a pílula azul permitiria a Neo seguir vivendo em um mundo de ilusões;
- a pílula vermelha faria com que ele adquirisse consciência sobre a realidade que o cercava.
No entanto, com o tempo, a metáfora da pílula vermelha foi ressignificada por causas muito distantes de seu sentido original — e isso inclui sua adoção por grupos misóginos.
No vocabulário atual, os "Red Pills" seriam homens que se opõem a um sistema que supostamente favoreceria mulheres e o feminismo e que os coloraria em desvantagem. Já os "blue pills" continuariam vivendo em ilusão e, portanto, seriam usados pelas mulheres.
'Pegar de volta' o que é usado pela extrema-direita
Eréndira Ibarra, que interpretou Lexy em "Matrix Resurrections" disse em entrevista a Splash em janeiro de 2022 que grupos de extrema-direita começaram a usar as referências e metáforas da franquia de maneira errada, e que o novo filme serviu para reverter essa situação.
O novo filme pega de volta a narrativa. Por muito tempo, 'Matrix' e a pílula azul e a vermelha se tornaram uma espécie de meme para a ultra-direita. Eram pessoas que não acreditam na diversidade e usavam isso a metáfora das pílulas a favor deles, mas não é.
Eréndira Ibarra
*Com reportagem de Ana Sarmento, publicada em 23/11/2021
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