Topo

GRLS: Por que homens formam maioria em festival de homenagem ao 8 de março?

Marcel Augusto e Alexandre Leal foram juntos ao GRLS prestigiar as cantoras do line-up - Flávio Ismerim/UOL
Marcel Augusto e Alexandre Leal foram juntos ao GRLS prestigiar as cantoras do line-up Imagem: Flávio Ismerim/UOL

Flávio Ismerim

Colaboração para Splash, em São Paulo

05/03/2023 09h08

Começou ontem mais um Festival GRLS, que organiza um line-up composto apenas por cantoras em função do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. No palco, grandes nomes da música cumprimentaram milhares de mulheres presentes na celebração. No entanto, a exemplo da primeira edição, o público foi majoritariamente masculino, o que pode causar estranheza aos desavisados.

Quem circulou pelo Centro Esportivo Tietê não teve dúvidas: havia mais homens do que mulheres. E esse estranhamento fez Splash buscar entender o que tantos homens foram fazer num festival pensado para as mulheres.

Para entender o movimento, é necessário voltar ao passado. Em 2020, o GRLS ficou marcado como o último grande evento social antes das medidas mais severas contra aglomerações usadas no enfrentamento da covid-19.

Como atrações principais, estavam a cantora australiana Kylie Minogue e a girl band britânica Little Mix, elementos-chave para compreender a presença de parte do público masculino, dado o forte apelo das divas junto ao público LGBTQIAP+, que ajudou a lotar o Memorial da América Latina na ocasião. A presença foi tão massiva que uma brincadeira popular sugeria a troca do nome do festival de GRLS para GAYS, aproveitando a grafia similar.

Com homenagem ao Brasil, Kylie Minogue se apresenta no festiva GRLS!

Duda Beat e Jojo repetiram fenômeno. Ontem, no primeiro dia da edição 2023, notadamente havia mais homens gays do que mulheres no Centro Esportivo Tietê. O line-up do dia contava com nomes como Lexa, Margareth Menezes, Duda Beat, Jojo e Sandy, recebidas por uma plateia repleta de fãs não-heterossexuais.

O coordenador de embarcações Marcel Augusto, 25, estreou no GRLS para assistir ao show de Jojo (cantora norte-americana famosa pelo hit "Too Little Too Late").

Para ele, o festival é uma oportunidade de dar visibilidade para mulheres bem-sucedidas em diferentes nichos da música. "Aqui você vê uma variedade, o que mostra que mulheres podem seguir diferentes caminhos e não precisam ter um perfil específico para chamar a atenção do público LGBTQIAP+ ou de outras mulheres", afirmou.

Marcel estava acompanhado do seu amigo Alexandre Leal, 33, que trabalha com direitos humanos e foi, principalmente, para ver a pernambucana Duda Beat. Ele confidenciou a Splash que a maior parte dos artistas que ele ouve é de mulheres, então faz sentido ele ir a um festival como o GRLS.

"Um festival com line-up todo feminino reconhece e dá espaço para as mulheres, porque elas movimentam a cultura e a música. Não é só a representatividade, é um reflexo da realidade", comentou Alexandre.

O contador Tales Campos Fransciso, de 29 anos, foi ao GRLS acompanhar a esposa - Flávio Ismerim/UOL - Flávio Ismerim/UOL
O contador Tales Campos Fransciso, de 29 anos, foi ao GRLS acompanhar a esposa
Imagem: Flávio Ismerim/UOL

Festival inclusivo recepciona milhares de mulheres e também homens héteros. O contador Tales Campos Francisco, 29, por exemplo, foi um dos presentes que disse ter ido ao GRLS para acompanhar a namorada, que queria muito ver o show de Sandy.

"Eu gostava mais de Sandy e Júnior. Da Sandy, especificamente, eu não conheço muito. Eu vim mais para acompanhar ela, não conheço muito algumas artistas", confessou, acrescentando que o desconhecimento não o impediu de curtir a energia do evento. "A ideia é muito boa, a comida, o ambiente, as pessoas. A vibe é muito legal", explica.