Secretária de Tarcísio evita falar do passado e defende mudança na Rouanet
Marília Marton, secretária de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, evitou falar da gestão cultural adotada durante o governo de Jair Bolsonaro, em conversa com a reportagem de Splash. Segundo a chefe da pasta, é preciso "passar uma régua" em tudo e olhar para o futuro.
"Teve pandemia, outro momento, vamos passar uma régua. A gente tem tanta coisa para fazer. Eu passo o dia inteiro buscando, trazendo gente, conectando, é tanta gente. O que menos me interessa é o que foi. O que me interessa é o que vai ser", disse.
Graduada em Ciências Sociais pela PUC-SP, a secretária surpreendeu várias áreas do setor ao ser nomeada no início do ano. Até então, no entanto, existia uma expectativa de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pudesse escolher alguém ligado ao padrinho político.
Marília, porém, tem demonstrado apreço pelo diálogo com as diferenças - pelo menos no que diz respeito ao discurso público feito até aqui-, e traçado uma diferença clara em relação ao modelo adotado nacionalmente ao longo dos últimos quatro anos.
Ela, que se considera uma pessoa moderada de direita e liberal, afirma que uma das primeiras ações foi abrir rodas de conversas com os responsáveis pela produção cultural.
"Isso deu uma animada inclusive no próprio setor, porque ele a partir daí viu que ele passa a ter um protagonismo e uma importância que é fundamental, porque a cultura ela não é feita de projetos de governo. Ela é feita de anseios da sociedade", completou.
Leis de incentivo
As leis de incentivo cultural, como é o caso de Rouanet, Aldir Blanc e Paulo Gustavo, vez ou outra são colocadas no centro do debate e despertam discussões acaloradas entre diferentes setores da sociedade e forças políticas.
Questionada sobre o assunto, a secretária acredita que as leis evoluíram com o tempo e hoje são instrumentos importantes para a valorização de temas, por exemplo, ligados à Cultura negra e à diversidade. "Ela pode melhorar? Claro. Sempre pode melhorar", analisa.
No caso do ProaC/ICMS, que é a modalidade do programa de fomento paulista que funciona por meio de patrocínios incentivados e renúncia fiscal, ela defende mudanças nas contrapartidas. Para ela, não se faz cultura no Brasil sem financiamento público.
"É muito legal uma contrapartida de distribuição de uma quantidade de ingressos? É. Ela diz alguma coisa? Ela acrescentou alguma coisa nos últimos anos? Não sei te falar, é uma avaliação inclusive que eu pedi para os setores", explica.
'Nossa conversa com MinC é extremamente republicana'
Marília Marton descreve a relação com o Minc, até agora, como republicana. Em um dos encontros com a ministra Margareth Menezes, que contou com os secretários de cultura de outros estados, a secretária contou que teve uma conversa de pé de ouvido com a chefe da pasta.
"Exatamente sobre essa questão das contrapartidas, da Rouanet, que é sempre uma discussão do eixo Rio-São Paulo. Vai ter umas mudanças que acabam tirando os recursos dessa rota, que é muito ruim para nós. É sempre uma conversa muito boa, nunca é de porta fechada. Margareth fala sempre do diálogo, e ela é do diálogo", disse.
Segundo a secretária, a ministra teria se comprometido a passar três dias em São Paulo "para fazer um grande circuito e ela olhar exatamente o que é essa estrutura e por que São Paulo e Rio realmente tem esse grande propulsor de fomento, mas porque realmente tem condições de receber grandes eventos".
Leia outros trechos da entrevista
Marília diz que a primeira grande ação foi fazer um levantamento do que é produzido. "Eu acho também que é a partir dele que a gente consegue se enxergar. Se você perguntar para mim hoje 'quanto o estado de São Paulo produz?' Eu não consigo te responder, e a gente produz muito. A gente produz demais."
Secretária defende intercâmbio cultural entre o interior e a capital. "Na verdade, tem essa coisa, né, um pouco do que levar daqui para o interior e também como a gente valoriza o que o interior faz, né? Acho que tem essa troca que é uma troca extremamente importante porque a gente tem inclusive culturas de raiz que são magníficas, que São Paulo, a cidade, não conhece então."
Ela acredita em uma cultura sem ideologia. "Eu confesso a você que eu não sou artista, mas eu imagino que essa produção cultural que o artista faz ela é demandada de um encontro e desencontro interno muito grande. Quando a gente coloca assim: 'Vamos fazer essa produção e ela é sem ideologia, porque eu não acredito mesmo que o artista quando ele vai promover a sua produção ele ideologiza ela."
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