'Flertou com a tragédia': por que estão reclamando dos shows do Coldplay?
O Coldplay desembarcou no Brasil para uma maratona de onze shows, sendo seis deles em São Paulo, dois em Curitiba e três no Rio de Janeiro. Com ingressos esgotados, as apresentações eram muito esperadas pelo público, mas infelizmente, alguns passaram por perrengues.
Depois da primeira noite de shows, que aconteceu no dia 10 de março no Estádio do Morumbi, em São Paulo, alguns problemas começaram a surgir, como super lotação e alagamentos.
Nas redes sociais, algumas imagens de dentro do local do show começaram a circular. "Que humilhação da p*rra", comenta uma fã em um vídeo da fila para entrar no estádio. Nas imagens, os espectadores do show aparecem usando capa de chuva e com água na altura dos tornozelos.
Em alguns registros, fãs que compraram ingressos para ver o show na arquibancada estão sentados no encosto das cadeiras, porque a água cobriu alguns dos assentos.
Nas redes sociais, alguns citam a letra da música "The Scientist", do Coldplay: "Ninguém disse que seria fácil, ninguém disse que seria difícil assim".
Além dos alagamentos, muitos reclamaram do trânsito para acessar o estádio do São Paulo Futebol Clube.
A jornalista Laura Andrade contou a Splash que saiu de casa, no bairro do Butantã, quatro horas antes do show que aconteceu no dia 11 de março.
"Não é tão longe, mas eu peguei muito trânsito. Quando chegamos mais perto, começou a chover muito e a água já estava começando a subir."
Segundo contou, um poste de luz chegou a explodir no caminho até o estádio. "Os ambulantes começaram a gritar para não pisarmos na água e todos saíram correndo."
A vizinhança da arena é conhecida por ser um lugar perigoso em períodos de muita chuva. Recentemente, uma mulher ficou ilhada em seu automóvel nos arredores do Estádio do Morumbi em decorrência de uma enchente no local.
Laura disse que, ainda mais perto do estádio, as filas começaram a chamar a atenção. "Quando a gente chegou, já tinha aberto o portão, mas estava com uma fila quilométrica e tinha muita gente furando fila porque não tinha organização nenhuma. Nem polícia, nem segurança do evento, nada. Era muita gente entrando lá na frente."
Nunca peguei uma fila tão grande com o portão já aberto Ficamos duas horas para entrar.
Lotação
Além dos alagamentos, a outra reclamação feita em abundância nas redes sociais era em decorrência do excesso de pessoas nos shows que aconteceram em São Paulo.
Assim como Laura, Luiza* também foi ao show do dia 11 de março. Ela contou a Splash ter chegado às 18h00 — com a apresentação marcada para começar às 20h30 — e ficou na fila, tomando chuva, por uma hora. No entanto, este não foi o único problema que enfrentou.
"Quando entrei, as entradas para a arquibancada estavam bloqueadas e a equipe [de apoio] falava que estava cheio, para irmos em outro local", disse.
"Ao irmos ao local que a equipe direcionou, pediam para voltarmos. Insistimos para entrar e tivemos que dar a volta pela própria arquibancada até acharmos lugares vazios. Um grupo de pessoas na minha frente chegou a cair nesse percurso, mas graças a Deus, aparentemente, ninguém não se feriu gravemente."
"Às 19h30 já não havia lugar vazio. Venderam mais ingressos do que o estádio suportava, pelo menos na área da arquibancada", acusou Luiza. A Live Nation, responsável pelo evento, nega que tenha vendido mais ingressos do que o limite do local.
"As pessoas, portanto, ficaram nas saídas de emergência e nas escadas. Fiquei pensando que iria viver a próxima Boate Kiss", disse a entrevistada em referência ao incêndio que aconteceu em uma casa de shows, em 2013, em Santa Maria (RS), e matou 242 pessoas.
O evento flertou com a tragédia toda a hora.
A publicitária Heloisa Miranda corrobora o depoimento de Luiza e diz que na pista premium, o setor do qual assistiu ao show do dia 11 de março, também estava muito cheio. Os ingressos do local, considerado privilegiado, custavam R$ 980,00 e estavam esgotados.
Heloisa relatou que houve uma discussão no público em dado momento, causando tumulto.
"Tinham demarcado uma sinalização para uma faixa de segurança, que estava sendo controlada por poucos seguranças. Em um determinado momento, antes do início do show, rolou uma briga generalizada e invadiram essa área de segurança, maior empurra-empurra."
"Achei que a pista estava muito lotada, mas muito lotada mesmo. Não dava para sair do lugar para nada. Eu mesma, em alguns momentos, tive falta de ar? Controlei muito o psicológico para não entrar numa crise de pânico ali, pela falta de ar e espaço."
Foram vendidos ingressos a mais?
Com tantas reclamações do público, o Procon-SP notificou, em 15 de março, a Live Nation. "O Procon-SP notificou a empresa Live Nation Brasil Entretenimento, responsável pela realização dos shows da banda Coldplay, pedindo informações sobre problemas que teriam acontecido nos últimos shows realizados no estádio do Morumbi, em São Paulo. Consumidores reclamaram de superlotação, dificuldade para acessar os locais, impossibilidade de assistir ao evento, entre outros."
"A empresa deverá explicar que medidas tomou com relação aos problemas apontados; informar qual atendimento é oferecido ao público no local; e, no caso de serem de responsabilidade de fornecedores terceiros, a qual deles caberia esse atendimento. A Live Nation também deverá comprovar a carga de ingressos disponibilizados para a comercialização (pré-venda e venda ao público) em todas as modalidades e setores, para cada dia do evento; além de comprovar a capacidade de público dos locais."
A Splash, a Live Nation enviou uma nota sobre os shows do Coldplay em São Paulo, em resposta às reclamações. Segundo a produtora, o público foi de 72.500 pessoas.
"Os shows da banda Coldplay no Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), não ultrapassaram a lotação. Podemos confirmar que os acessos ao local do show foram inferiores à capacidade total do local, que foi previamente aprovada pelas autoridades locais, conforme Alvará n° 6068.2023/0000873-9 e Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros nº 628646", disse a empresa por meio do comunicado.
Planejamento
Sabendo que poderia passar por perrengues, a produtora Paola Sirotsky conta a Splash que se planejou bastante para o show do dia 12 de março. "Eu fechei uma diária com um taxi de confiança, então combinei um horário de partida e ele ficou à disposição nas redondezas para ir embora. Não quis ir de Uber ou carro porque sabia que o preço estaria exorbitante e seria muito difícil conseguir vaga."
"Quanto à organização do show, não passei pelos problemas que tenho escutado, não peguei nem um minuto de fila. Cheguei duas horas antes e deu para curtir bem a apresentação, e peguei um lugar bom na arquibancada."
A Splash, a Live Nation indica que o público chegue com antecedência ao estádio se possível e que, mesmo com os atendentes sinalizando as melhores entradas dos setores, que, caso percebam alguma aglomeração, se dirigir a uma próxima entrada do mesmo setor ao longo do anel.
*Nome trocado a pedido da entrevistada.
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