Leone comenta críticas da irmã de Pedro Dom: 'Exemplo para outras famílias'
Primeira série brasileira original do Prime Video, "Dom" foi sucesso de audiência no Brasil e em outros países. A produção é baseada na vida de Pedro Dom, o "bandido gato" que assaltava mansões no Rio de Janeiro no início dos anos 2000.
Gabriel Leone, que vive o protagonista, comentou as críticas de Érika Grandinetti, irmã de Pedro, à série. Em entrevista a Splash, ele contou que, em nenhum momento, o elenco da série teve contato com a família de Pedro Machado Lomba Neto.
"A gente sabia que estava contando a história de uma tragédia familiar e, como qualquer família, como qualquer núcleo de relacionamento, você tem visões diferentes, você tem versões diferentes", disse o ator, se referindo ao fato de que a história é contada do ponto de vista de Luiz Victor Dantas Lomba, o pai de Pedro.
Leone disse que, embora a produção toque em uma ferida familiar, há o intuito de estimular uma reflexão social e de colocar luz sobre um tema que é tabu e pouco explorado no audiovisual.
"Desde a largada, estava muito claro que, por mais doloroso que isso representasse, que isso [a série] tinha um intuito. Não era simplesmente contar uma história de ação, de violência e de sexo, etc. Muito pelo contrário. Isso acontece porque é um pano de fundo, mas os cernes são essa relação de pai-filho, é lidar com a questão da dependência química".
Para o artista, o feedback da série após a primeira temporada é uma prova de que eles atingiram o objetivo de falar sobre esses temas que são tabus.
Eu entendo e sinto muito pela família como um todo, no sentido do sofrimento que foi ter passado por isso, na época, com o Pedro. Mas é isso, nós não tivemos nenhuma relação com eles e a gente segue contando essa história com muito cuidado, com muita responsabilidade por saber da dor dessa família, mas, ao mesmo tempo honrando, de alguma forma, esse desejo de que essa história, por mais dolorosa que fosse, pudesse servir de exemplo para outras famílias. Gabriel Leone
Logo após o lançamento da primeira temporada, em 2021, Érika Grandinetti publicou um longo desabafo afirmando que nem ela, nem sua mãe, Nídia Sarmento, teriam autorizado que a história fosse contada.
Érika ainda pontuou que o conteúdo da série estaria distorcido: na ficção, a relação entre Pedro (Gabriel Leone) e o pai, Victor (Flávio Tolezani) é priorizada. Mas, na realidade, era sua mãe quem tentava internar o filho em clínicas de reabilitação.
História de dor, luta, decadência e morte de um filho que foi transformada em entretenimento, de onde ainda purga tanta dor, mas que não fez nenhuma diferença pro business Érika Grandinetti
Apesar de não ter tido contato com a família de Pedro Dom, Leone contou que já encontrou pessoas fora do set que tiveram algum contato com o criminoso e que elogiaram sua interpretação.
"Já encontrei muita gente que fala do Pedro com sorriso no rosto, fala dele com saudade e diz que ele era um cara incrível de se conviver. Mas, por outro lado, ele tinha uma doença, era dependente químico e a energia da cocaína por si só já traz um peso, uma coisa sombria para a vida. E, ainda por cima, acabou se metendo no crime, e tomou as atitudes que tomou", disse. "Eu já escutei muito desse outro lado também, de pessoas que tiveram, de alguma forma, uma passagem traumática com ele, violenta".
A intenção de Leone e do diretor Breno Silveira (1964-2022) foi a de construir um personagem humano, que nos faça sentir tanto empatia quanto raiva. "A ideia era justamente construir um cara que tomou escolhas, tomou decisões e teve que arcar com as consequências disso, mas que não era só um criminoso, não era só um bandido, não era só um dependente químico".
Olhar pro Pedro não é passar a mão na cabeça dele, nem diminuir os atos dele de maneira nenhuma, mas é simplesmente encarar ele como um ser humano que tá ali vivendo, tomando escolhas, enfim, e arcando com as consequências, sabe? Gabriel Leone
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