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Tom Cavalcante lamenta ausência do humor na TV aberta: 'O povo pede'

Colaboração para Splash

22/03/2023 11h00

É impossível se falar em humor no Brasil sem citar Tom Cavalcante, 61. Com quase quatro décadas de estrada como comediante, ele é amplamente recordado por papéis como o porteiro Ribamar, do extinto Sai de Baixo, e o ébrio João Canabrava, que viveu na Escolinha do Professor Raimundo e no Zorra Total.

Agora, Tom leva toda essa gama de experiências adquiridas na telinha para os palcos, por meio do espetáculo de humor O Tom Tá On, que estreia brevemente em São Paulo. Neste projeto, o humorista trabalha suas crônicas e piadas em cima das atualidades do Brasil e do mundo, com uma boa dose de improviso.

"No meu show, misturo stand-up com tudo o que aprendi de dramaturgia. Com aplicação dos meus personagens no palco, cantores, texto, histórias para contar... Faço um conjunto disso tudo", adianta ele ao jornalista Zeca Camargo, no programa Splash Entrevista.

As imitações, um dos carros-chefe do humor de Tom, não poderiam faltar no cardápio do espetáculo. O saudoso cantor Belchior, o padre Fábio de Melo e a apresentadora Ana Maria Braga são algumas das personalidades que ele homenageia em cena.

"Sempre tive minhas imitações muito bem recebidas. É um produto único do brasileiro fazer esse tipo de imitação. A gente tem essa particularidade e temos que evidenciar cada dia mais essa nossa originalidade", acredita.

"Me coloco no lugar de fazer humor por humor, no sentido de alegrar. Mesmo quando entro em alguma situação da vida política nacional, [faço isso] como uma crítica construtiva, uma demonstração de conscientização", expõe.

Os Parças: do cinema para o streaming

Um dos projetos mais bem sucedidos nos quais Tom Cavalcante se envolveu recentemente foi a franquia de cinema Os Parças, que protagoniza ao lado de três grandes talentos da atual geração da comédia: Bruno de Luca, Tirullipa e Whindersson Nunes.

"Como sou o 'tio' da turma, uso a técnica da surpresa. Estudo o texto com eles, passo o texto com eles e na hora falo tudo ao contrário! Os meninos foram aprendendo isso e começaram a aprontar também", revela Tom.

O longa original, de 2017, fez tanto sucesso que ganhou dois anos depois uma continuação de mesmo nome. Tamanho boom chamou a atenção da plataforma de streaming Globoplay, que idealizou uma versão da história em formato de sitcom, ainda por estrear.

"Recebemos o convite do Globoplay para entrar para o streaming e fazer essa série. Ficamos especialmente agitados com tantas situações [cenas] que são gravadas fora de ordem cronológica! Estamos em uma expectativa muito grande de ver o resultado disso no ar", confessa o veterano.

Parceria com Whindersson Nunes

Tom, aliás, é só elogios a Whindersson, um de seus principais parceiros de cena tanto nos filmes como na série de Os Parças.

"Ele é uma pessoa muito decente, um cara muito meigo. Um matuto do interior que veio para a capital e se deu bem com o próprio trabalho. A índole dele é de um cara muito bom, muito manso, muito humilde", descreve.

"Ele ouve muito. Chegou querendo agregar conteúdo ao trabalho dele, sem buscar 'inventar a roda'. Às vezes me pede: 'Tom, me dá uma piada para eu colocar aqui' - coisa que eu fazia com Chico Anysio, com Miguel Falabella", compara.

Onde está o humor na TV aberta?

Exatamente por ser um dos nomes mais emblemáticos do humor na ficção nacional, Tom Cavalcante enxerga com tristeza a perda de espaço do gênero na televisão aberta, onde chegou a ser considerado indispensável em décadas não tão distantes.

"O que me vem à cabeça é que o custo x benefício quando se faz humor não está sendo percebido pelos nossos dirigentes. É uma pena. O povo pede por isso. Os artistas, comediantes e atores, pedem por isso", observa.

Ele acredita que o canal pago Multishow, onde estrela programas como a sitcom Dra. Darcy e o talk show ficcional Multi Tom, é um dos poucos que ainda têm um investimento forte no gênero.

"O Multishow é uma célula viva que ainda luta por esse espaço. Mas é preciso que isso venha para a TV aberta, porque 70% da população brasileira tem acesso à TV aberta, [mas] ainda não tem o streaming", defende.