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'A dívida que lute': fãs cruzam país e viajam horas para saideira do Skank

A publicitária Ana Karoline, 28, é fã do Skank desde 2001 - Arquivo pessoal e Weber Pádua/Divulgação
A publicitária Ana Karoline, 28, é fã do Skank desde 2001 Imagem: Arquivo pessoal e Weber Pádua/Divulgação

De Splash, no Rio

26/03/2023 04h00

O amor pelo ídolo pode levar um fã bem longe — e falamos isso no sentido literal. Fãs do Skank vão viajar horas para cruzar o país e chegar ao Mineirão hoje, às 19h. O motivo? É o último show da banda mineira após mais de 30 anos.

Eles compraram os ingressos assim que as vendas abriram em dezembro do ano passado para garantir a grade na tão esperada despedida.

Os fãs, claro, preparam surpresas para os ídolos, as quais guardam a sete chaves. Afinal, nada pode estragar esse momento único, não é? O que Splash pode adiantar é que eles vão vestir camisa usada pelos integrantes do Skank em um videoclipe lá no início da carreira.

Para os fãs ouvidos por Splash, o sentimento do momento é único: vale tudo para ver Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti juntos no palco pela última vez.

Ana Karoline administra a pagina @skankceara no Instagram - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Além da tatuagem, Ana administra a pagina @skankceara no Instagram
Imagem: Arquivo pessoal

A publicitária Ana Karoline, 28, vai sair de Fortaleza mesmo já tendo visto cinco shows da turnê de despedida — João Pessoa, Recife, São Paulo e na própria cidade, onde mostrou aos ídolos a tatuagem que fez em janeiro especialmente para a turnê de despedida.

A história dela com a banda começa em 2001 quando tinha apenas sete anos. Na época, a banda lançou o DVD "MTV Ao Vivo em Ouro Preto" e o motorista do transporte escolar dela sempre colocava músicas da banda para tocar.

"Alguma coisa me chamou atenção neles, a melodia, a letra das músicas. A primeira loucura que fiz foi fazer uma tatuagem. O amor é tão grande que resolvi colocar na pele", conta a fã.

Ana não quer perder a saideira do grupo e a chance de ver os quatro juntos no palco. "Vou lembrar de muitos momentos com a banda e com pessoas que conheci através do amor por eles", conta.

"A parte do planejamento da viagem foi um pouco apertada, mas tudo vale para ver nossos ídolos. A gente faz das tripas coração, né? As dívidas que lutem. Eu investi um dinheirinho, viu. Se for botar na ponta do lápis...", diz ela, que já superou a marca de 20 shows ao longo da vida.

Vanessa diz que Skank é sua banda nacional favorita - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Vanessa diz que Skank é sua banda nacional favorita
Imagem: Arquivo pessoal

A social media Vanessa Mattos, 28, entende bem quando Ana fala que vale tudo para ver a banda favorita. A capixaba, que já viu dois shows da turnê de despedida no Espírito Santo, vai encara vão encarar 10 horas de viagem de ônibus para ver a saideira ao lado de duas amigas.

"Os voos estavam muito caros, consegui comprar em valor promocional apenas a volta. Será a minha primeira vez em BH e pretendo aproveitar para conhecer um pouco da cidade... Divido todos os gastos (risos). Ingresso e voo já estava pagando desde dezembro. Agora, é gasto com hospedagem e turismo", conta a fã.

Ela diz que sentiria um aperto no coração se não pudesse estar presente. "Quero ver muitas músicas que foram sucesso e outras queridinhas pelos fãs. Será um show tomado de emoções para o público e banda, afinal, o último show não poderia ser em um lugar melhor que na casa deles, o Mineirão", diz.

"Estou de dedos cruzados para tocarem músicas, como 'Fotos na Estante', 'Esquecimento', 'As Noites', 'Ali', 'Baixada News', dentre outros sucessos."

Heitor sempre vai aos shows do Skank com a mesma camisa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Heitor sempre vai aos shows do Skank com a mesma camisa
Imagem: Arquivo pessoal

Para Heitor Del Esposte, 27, ir ao show é voltar para casa. Ele é mineiro, mas vive atualmente em Brasília, onde trabalha como UX designer. "Sei que tocar em casa é diferente. Poder ver o último no Mineirão, que é um templo do futebol e da música, inclusive para o Skank, é uma honra", diz

Ele conheceu a banda em 2001 ao ouvir a música "Balada do Amor Inabalável" na novela "Laços de Família" quando tinha 6 anos. "O Skank é, para mim, familiar. É como se eu pudesse sentar com eles, principalmente o Samuel, uma das maiores referências musicais que tenho, e tomar uma cerveja e conversar por horas", afirma.

A saideira vai ser o quinto show que Heitor vai. Em todos, esteve com a mesma camisa usada por Samuel Rosa no primeiro programa de TV em que a banda gravou — o "Programa Livre", de Serginho Groisman no SBT, lá nos anos 90.

"Ele estava tocando com uma camisa do time italiano Sampdoria. Pois bem. Há uns 5 anos, comprei a mesma camisa para realizar o sonho de ter a assinatura de todos os membros da banda nela. Espero conseguir realizar esse grande sonho. No primeiro show dessa turnê em Brasília, eu coloquei minha mãe nas costas e ela levantou a camisa. O Samuel viu e adorou a surpresa. No último show, espero fazer eles lembrarem do quão grande são."

Distante, mas presente!

Há quem não consiga estar presente fisicamente, mas, sim, de coração. O Analista de Parcerias Thiago Faris, 31, deixou Brasília há cinco anos e vive atualmente em Cracóvia, na Polônia. Ele não conseguiu voltar ao Brasil para o último show, mas cedeu imagens do seu arquivo para a banda utilizar no show.

Thiago Faris diz ter ido a quase 20 shows do Skank - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Thiago Faris diz ter ido a quase 20 shows do Skank
Imagem: Arquivo pessoal

"O Skank é parte dos meus dias não só pelas músicas, há 6 anos integro a página @skank_all_day, pesquisando extensivamente, catalogando e editando arquivos da banda, são materiais que muitas vezes nem eles sabiam que existiam de tão raros nesses quase 32 anos. Cedi parte desse material para a banda para essa despedida e justamente com isso estarei, de certa forma, presente".

Em 2022, ele esteve na grade de três shows da turnê de despedida em São Paulo. Na época, pediu para trabalhar remotamente por um mês e veio ao Brasil visitar a família e amigos — e, claro, assistir shows de despedida da banda favorita.

"Era minha despedida. Mas cada vez que tem show em Brasília, bate uma nostalgia maior. Pelo menos os amigos sempre vão e me marcam nas redes sociais", finaliza ele, que já foi a quase 20 shows.