Letícia Sabatella admite fascínio pelo BBB: 'Aula de psicologia social'
Parceiros na vida e na arte, o casal de atores Letícia Sabatella e Daniel Dantas estende essa dupla sintonia agora para os palcos. São eles os protagonistas da encenação de Ilíada, poema grego de Homero, datado do século 8 a.C.
A montagem, em curtíssima temporada, está em cartaz desde o início do mês no Teatro XP, do Rio de Janeiro, em curtíssima temporada até 2 de abril. A tradução é do maranhense Manuel Odorico Mendes (1799-1864), considerado o precursor de Guimarães Rosa nas letras nacionais.
"Encenar a Ilíada já é um atrevimento. Não à toa, é um dos textos mais importantes da literatura [mundial]. Essa tradução que a gente usa é um enigma de linguagem - muito picaresca, muito nordestina, cheia de humor e de segundas intenções", analisa Sabatella.
Ela exalta também a atemporalidade da obra. "Naquele tempo, a gente já vê muito das humanidades que a gente visita hoje. Tem muita coragem, muita covardia, delírio, idealização... Tudo o que a gente pode perceber no nosso mundo hoje. A Ilíada é pop", brinca, no programa Splash Entrevista.
Big Brother Brasil
E, por falar em pop, o casal se mostra antenadíssimo com os hits da TV e do streaming atuais. Letícia, por exemplo, confessa sem pudores a paixão por um dos campeões de popularidade - e polêmicas - da mídia brasileira: o Big Brother Brasil.
"Outro dia eu parei no BBB e não consegui largar. Fiquei emocionadíssima! Acho que é uma aula muito interessante de psicologia social - sobretudo no nosso país, em que sinto falta de a gente se analisar mais. É um programa faz a gente se pensar em muitos aspectos", aponta.
Ela admite ter se identificado, por exemplo, com Gil do Vigor, participante do BBB 21. "Quando a gente viu o Gil surtando com o confinamento, aquilo me explicou tanto! Todo mundo se apaixonou pelo Gil, porque ele nos representava [no momento pós-pandemia]."
Cultura pop
Atores que são, Letícia e Daniel também estão em dia quando o assunto é dramaturgia internacional. "Estou apaixonada atualmente por séries coreanas e por cinema argentino", confidencia ela.
"Também gosto das séries coreanas, das japonesas. Mas estou apaixonado pelos turcos e os noruegueses! É muito legal ver como eles constroem uma narrativa, colocando de um jeito ou de outro a sensibilidade de cada lugar", analisa Daniel.
Ele também é fã confesso da série norte-americana "The Last of Us" (HBO Max). "Estou esperando para adiantar mais. Tenho essa ligação com videogame, gosto de jogar. 'Game of Thrones' também acompanhei, tinha lido [antes] os cinco livros", conta.
Maturidade: perdas ou ganhos?
Com 52 e 68 anos, respectivamente, Letícia e Daniel enxergam sem melodrama a chegada da idade. Com sensatez, a atriz destaca que o amadurecimento é a grande vantagem de se deixar conduzir pelo ritmo do tempo.
"A gente vai percebendo que certas coisas, que antes pareciam tão absolutas, [na verdade] são relativas. Somar humanidades é ganhar mais. Você fica mais inteiro de si mesmo", defende. O próprio ofício artístico, segundo ela, ajuda a conquistar esse equilíbrio entre a maturidade e o lúdico.
"A experiência de estar no teatro é muito infantil - no que há de melhor em ser infantil, de você brincar, jogar... É de uma fonte de juventude imensa!", analisa Letícia.
"Eu mantenho viva a minha criança e também respeito a minha porção insana e louca, minha sombra. Você se inteirar de si - os anos permitem isso - é uma libertação de muitas coisas", conclui.
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