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'Central do Brasil': multidão rezou com Fernanda sem saber que era filmagem

Fernanda Montenegro como Dora em "Central do Brasil" (1998) - Divulgação
Fernanda Montenegro como Dora em "Central do Brasil" (1998) Imagem: Divulgação

De Splash, no Rio

03/04/2023 18h58

Fernanda Montenegro, 93, em entrevista ao Canal Brasil, contou que uma multidão se juntou a ela para rezar durante cena do filme "Central do Brasil" (1998) sem saber que aquilo se tratava da gravação do longa de Walter Salles.

O filme, que foi indicado ao Oscar, completou 25 anos hoje.

"Você não tem ideia. Eu acho que foram umas 3 mil (pessoas)... Uma multidão que não sei de onde veio no meio daquele descampado do interiorzão do Brasil. Eles passaram a acreditar que era uma festa religiosa para valer. Impressionante."

"Tem uma hora que corro no meio das pessoas e elas estavam rezando. Não tem como ensaiar isso. Só por uma necessidade de socorro social. Eu vi a grande comunidade daquele sertão desesperada."

Era apenas uma cena de filme e virou um ato religioso, um pedido de socorro. Quando entrei naquela capela, aquelas pessoas estavam rezando de verdade... Nem sempre isso acontece em cinema, mas aconteceu no nosso filme sem grandes investimentos para contratar uma multidão.

Do teatro para o cinema: "Sou uma mulher de teatro, então, a minha vida no palco e por uma questão de sobrevivência, 'vamos fazer uma novela', 'vamos fazer um contrato de TV', aí apareceu 'A Falecida' (1965), de Nelson Rodrigues. É impressionante, hoje, com a idade que estou, eu tenho alguns filmes referenciais, geralmente uma temática do feminino."

Produção pequena e sucesso internacional: "Foi um filme de produção pequena, modesto, nada buscando ser enorme. Mas o acaso tem sempre a última palavra, isso é uma frase básica da Simone de Beauvoir, e o acaso fez esse filme ir pelo mundo. O filme foi pelo mundo e onde ele foi, ele foi bem recebido... É pela singeleza dessa história."

Filme político: "Ali tem muito do nosso sonho de realização do nosso país. É um filme extremamente político. É uma narrativa delicadamente popular, sem demagogia, é simples."