O que fez Anitta deixar Warner Music e encerrar parceria de 11 anos?
Anitta, 30, e a gravadora Warner Music colocaram ponto final em uma parceria de mais de dez anos.
"Após 11 anos de parceria de sucesso, concordamos em seguir caminhos separados. Anitta gostaria de agradecer a equipe da Warner Music por todo o apoio. E a equipe da Warner deseja a Anitta tudo de bom no futuro", escreveu a cantora no Instagram ontem.
A carioca estava insatisfeita com a estratégia de lançamento de seus recentes trabalhos. Em diálogos com fãs, Anitta deixou claro acreditar que faltava investimento na sua carreira por parte da gravadora norte-americana após o bom desempenho de "Envolver" e prêmios recebidos ao longo de 2022.
Investimento e apoio de carreira não é uma coisa que tenho muito, então, tenho que lutar... A gravadora se liga muito no TikTok, no que viraliza. Se não tem um sucesso logo de cara, eles dão tchau.
Anitta durante live no Instagram no ano passado
A música "Gata", por exemplo, teria um videoclipe bancado pela Warner, no entanto, a gravadora voltou atrás e disse não. O motivo? O single em parceria com o porto-riquenho Chencho Corleone — nome em ascensão da música urbana — não viralizou como esperado nas plataformas de streaming e TikTok.
"A gravadora só me dá dinheiro para investir em alguma coisa depois que está viralizando. Foi o que aconteceu com 'Gata'. Eles queriam fazer algo, estava indo super bem, mas depois decaiu. Só investem depois que dá resultado na internet", disse a artista na mesma live.
No fim das contas, o videoclipe foi bancado pela Cimed, empresa que lançou o perfume íntimo da cantora no Brasil. Sem o apoio da gravadora, a participação do artista porto-riquenho não aconteceu. Após sete meses de lançamento, o clipe possui pouco mais de 13 milhões de visualizações — número inferior a outras produções da carioca.
O clima de insatisfação ganhou repercussão midiática no início de março quando Anitta voltou a falar do assunto e respondeu a um fã que desejava vê-la fora da Warner Music. "Somos 2", rebateu ela.
"Quando você é jovem e ainda não sabe muito, tem que prestar muita atenção nas coisas que assina. Pedi à gravadora para fazer apenas o trabalho simples que deveriam: promover minha música", lamentou a brasileira no Twitter.
Dias depois, ela chegou a se revoltar por ver que a empresa usou sua foto e música em uma postagem de Dia das Mulheres.
"A comunicação na Warner é tão boa que eles usaram uma foto minha num post de Feliz Dia das Mulheres, sendo que eu fui a público pedir respeito às mulheres e dizer que é isso que este dia significa", escreveu a cantora.
Ela completou: "No fundo, usaram a minha música que disseram que nunca lançariam se não fosse um feat, porque eu não era forte o suficiente".
Chegada de Anitta à Warner Records foi celebrada
Em 2020, a cantora deu o maior passo rumo à carreira internacional ao assinar com a Warner Records, uma das principais gravadores do conglomerado da Warner Music Group. Anitta, na verdade, fazia algo inovador: enquanto assinava com o contrato internacional, ela renovou o vínculo com o braço brasileiro da empresa, que existe desde os anos 70.
Ryan Tedder, vocalista da banda One Republic e compositor de sucessos de Beyoncé e Taylor Swift, foi anunciado como produtor executivo do "Versions of Me", disco de estreia nos Estados Unidos que teve nome provisório de "Girl From Rio".
"Estamos entusiasmados em fazer parceria com a equipe global da Warner Music Latina para trazer as músicas incríveis da Anitta para os Estados Unidos e o mundo", disseram Aaron Bay-Schuck e Tom Corson, co-presidentes da Warner Records, em comunicado à imprensa.
"Anitta é verdadeiramente diferente de qualquer artista que já trabalhamos. Ela não é apenas um talento musical extraordinário, mas é uma força criativa em chamas, uma artista eletrizante e um verdadeiro fenômeno cultural. Juntamente com o empresário da Anitta, Brandon Silverstein, estamos ansiosos para escalar alturas ainda maiores", completaram.
"Versions of Me"
Dois anos depois, Anitta finalmente lançou o primeiro álbum focado no mercado norte-americano. Ela e representantes da Warner deram entrevistas a jornais celebrando a parceria e o lançamento, sem saber que desavenças ligadas à sua divulgação seria um dos motivos para o fim da parceria.
O produtor do disco elogiou Anitta ao jornal New York Times. "Ela é facilmente a pessoa mais trabalhadora com quem já trabalhei. Ela não tem um interruptor desligado", elogiou ele ao New York Times.
Tom Corson, co-presidente e diretor de operações da Warner Records, concordou. "Anitta tem o que é preciso para ser uma superestrela global". O plano? "Obviamente, queremos bater recordes", disse Corson. "E gostaríamos de vê-la como uma força única dentro dos EUA e do mercado global, alternando entre idiomas."
O disco seria o primeiro de uma série de álbuns que Anitta e Warner Music lançariam juntas.
Relação com Warner Music Brasil foi tranquila
Então MC Anitta assinou o primeiro contrato com a Warner Brasil em janeiro de 2013 após a carioca lançar, de forma independente, o videoclipe de "Meiga e Abusada". A produção chamou a atenção da gravadora.
Recém-contratada, Anitta lançou seu primeiro álbum individual, encabeçado pelo hit "Show das Poderosas". Com uma pegada pop/funk e bastante coreografia, ela pavimentou o caminho para conquistar uma legião de fãs.
O sucesso em âmbito nacional não demorou. Nos anos seguintes, vieram "Ritmo Perfeito" (2014), "Bang" (2015) e "Kisses" (2019), além de parcerias com Projota, Simone e Simaria, Nego do Borel, Caetano Veloso, J Balvin, Maluma, Pabllo Vittar e Major Lazer.
"Ela é uma máquina de sucesso e, desde que começou conosco, em 2013, produz sem parar. Mantém uma constância que raros artistas alcançam", disse Sérgio Afonso, presidente da gravadora no Brasil, em 2020 à revista Veja.
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