Chupa-cabra: monstro dos anos 1990 que inspira filme existe ou é lenda?
A lenda do chupa-cabra estreia na Netflix no dia 7 de abril com a produção original "Meu amigo Lutcha". A trama se passa pela história de um menino solitário que, durante uma visita à família no México, faz amizade com uma criatura estranha, que remonta o imaginário popular da América Latina nos anos 1990.
Naquela época, começaram a surgir vários relatos de uma criatura bípede com olhos grandes e longas garras. Acreditava-se que ele era o responsável por ataques fatais em zonas rurais. Os proprietários dessas terras encontravam os animais ao amanhecer com furos nos pescoços e sem marcas de sangue, o que trazia indagações.
A este "bicho" se deu o nome autoexplicativo de "chupa-cabra". O investigador Benjamin Radford, do CSI (Comitê para a Investigação Cética, em tradução livre), se debruçou sobre o tema e afirma ter encontrado a responsável pela narrativa: uma mulher chamada Madelyne Tolentino, moradora de Porto Rico.
Ela teria visto o animal em 1995, e a história atraiu pesquisadores de ovnis — que espalharam o causo na internet, transformando o relato dela em informação global. Mais tarde, descrições semelhantes começaram a surgir em outros lugares da América Latina, incluindo o Brasil.
Segundo Radford, a visão do que seria um "chupa-cabra" se assemelhava com um monstro do filme "A Experiência (Species)", que foi lançado naquele mesmo ano. Ao questionar Madelyne se o que ela havia visto poderia ter sido inspirado no filme, ela afirmou que tinha assistido à obra semanas antes.
"É possível fazer uma conexão direta entre o filme chegando aos cinemas, ela vendo a criatura no filme, vendo-a na rua, fazendo um relato sobre isso adentrando na consciência do público", disse Radford à revista Live Science em 2011, uma publicação científica dos Estados Unidos.
No Brasil, relatos de "chupa-cabra" também começaram a emergir no interior de São Paulo, com animais morrendo sob as mesmas descrições do caso de Porto Rico.
O que era então?
A uma reportagem da Folha de S.Paulo de 1997, os ufólogos Osvaldo e Eduardo Mondini, do Centro de Estudos e Pesquisas Exológicas, afirmaram que entre os 30 animais mortos encontrados na região, apenas um tinha as características de uma vítima do "chupa-cabra".
"Já confirmamos que as outras mortes foram causadas por felinos ou por caçadores, pois encontramos cápsulas de bala nos corpos dos animais", disse Eduardo.
Ao site americano ABC News, Radford disse que evidências de DNA mostraram que os predadores nada mais eram que animais como cães, raposas e coiotes com uma doença de pele chamada sarna sarcóptica. A patologia é causada por ácaros e pode ser transmitida para humanos. Ela infesta pelo corpo e provoca sobretudo coceira, que piora à noite.
Como consequência, o animal perde pelos e podem ter uma aparência "monstruosa", com ferimentos expostos. O pesquisador ainda comentou que eles tendem a ser vistos em climas mais quentes, pois morrem em lugares mais frios.
Apesar de a ciência explicar a origem do "chupa-cabra", há ainda muitos que acreditam na existência dele.
"Acho que a maior resposta é que as pessoas gostam de mistérios. E a ideia de uma besta latina que suga o sangue de cabras é legal - captura a imaginação do público", disse ele.
Além de no filme original da Netflix, o "chupa-cabra" já foi representado em muitas outras produções da cultura pop, como na produção "Scooby-Doo e o Monstro do México", na animação "Phineas e Ferb" e em "Ben 10".
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