Piada sobre zoofilia e ação contra Xuxa: controvérsias de Sikera Jr.
O apresentador Sikêra Jr., 56, foi demitido pela RedeTV e deve apresentar seu último programa na emissora no final deste mês.
Segundo o colunista de Splash Ricardo Feltrin, a RedeTV alegou que Sikêra atingiu a reputação da casa com discursos homofóbicos e extremistas, além de ter trazido problemas judiciais, levando anunciantes a pedirem sua saída.
Não foram poucas as controvérsias de Sikêra ao longo dos anos, que briga com Xuxa na Justiça e já levou outra apresentadora a se demitir da RedeTV.
"Raça desgraçada"
Em ao menos duas oportunidades, Sikêra Jr. chamou pessoas LGBTQIA+ de "raça desgraçada" na TV.
Em 2020, Sikêra utilizou a imagem da modelo Viviany Beleboni, que ficou famosa por representar Jesus Cristo crucificado na Parada do Orgulho LGBT, ao tratar de um crime cometido por um casal de mulheres lésbicas. Isto é um "lixo", uma "bosta", uma "raça desgraçada", afirmou o apresentador em seu comentário.
No ano seguinte, ao comentar um comercial de TV em que crianças apareciam falando sobre respeito à diversidade, ele voltou a usar a expressão.
Após perder patrocinadores, ele pediu desculpas e disse que "se excedeu", apesar de continuar sendo contra o que era exibido na propaganda. O episódio fez com que Nathalia Arcuri, que apresentava o programa Me Poupe! Show, deixasse a emissora.
Em um terceiro momento, após o anúncio da publicação de uma história em quadrinhos em que o personagem Superman apresenta-se como bissexual, Sikêra Jr. e membros de sua equipe compuseram, cantaram e dançaram uma música que relacionava a prática do crime de pedofilia à comunidade LGBTQIA+.
As falas renderam a ele múltiplos processos, com resultados distintos. Ele chegou a ser condenado a indenizar Viviany, mas recorreu e foi absolvido em segunda instância. Em razão da fala envolvendo a história em quadrinhos, o MPF do Rio Grande do Sul ajuizou uma ação civil pública contra Sikêra pedindo R$ 10 milhões.
Zoofilia e briga com Xuxa
Em outubro de 2020, Sikêra Júnior causou revolta entre os defensores da causa animal ao exibir ao vivo um vídeo de um homem tendo relações sexuais com uma égua. Se relacionar com animais é crime de zoofilia.
Além de mostrar o vídeo, ele simulou a cena em tom de humor com os funcionários do programa.
Luisa Mell foi uma das ativistas que se pronunciaram sobre o caso e, meses depois, entrou com uma ação contra o apresentador pedindo R$ 1 milhão de indenização, após ser "atacada" por ele.
O episódio também gerou uma complexa briga judicial com Xuxa, em que Sikêra foi condenado em segunda instância a indenizar a apresentadora em R$ 50 mil e a indenizar Junno, marido de Xuxa, em R$ 10 mil após chamá-lo de "jugolô".
"Mulher que não pinta a unha é sebosa"
Em 2018, quando apresentava o programa "Cidade em Ação" na afiliada da RedeTV! na Paraíba, Sikêra disse que mulher que não pinta a unha é "sebosa". Ele mostrava uma mulher presa acusada de traficar drogas, e comentou: "Ela não pinta as unhas. Mulher que não pinta a unha é sebosa!"
O apresentador também usou expressões interpretadas como sendo de cunho racista para descrever a mulher, como "venta de jumenta".
Em resposta à declaração, movimentos feministas organizaram um protesto em frente à sede da emissora pedindo sua demissão à época. A TV Arapuan pediu desculpas pela fala do seu apresentador e disse que não compactuava com o discurso.
Em fevereiro deste ano, o MPF pediu a prisão e pagamento de multa por crime de racismo. A instituição afirma que Sikêra Júnior extrapolou os limites da liberdade de expressão e violou o direito da mulher em sua fala. Procurado por Splash à época, não se manifestou.
Cachê do governo Bolsonaro
Em junho, Sikêra admitiu ter recebido um cachê de R$ 120 mil por ações publicitárias para o governo Jair Bolsonaro (PL). Ele afirmou:
Ganhei os R$ 120 mil e estou esperando mais. Foi trabalhando honestamente. Esse dinheiro antes ia para a Folha (de S.Paulo), para a TV Globo. Mas agora não vai mais. Distribuem para outras empresas. E esse ainda é um dos menores cachês.
Chamou telespectadora de "vagabunda"
Em 2015, quando ainda trabalhava na afiliada do SBT em Alagoas, Sikêra chamou de "vagabunda" e "preguiçosa" uma telespectadora que teria comemorado a queda de um helicóptero da polícia.
"Olha o que ela escreveu. Estou pesquisando sobre você desde ontem. Eu sei que você tem 8 [perfis no] Facebook. Ela diz assim 'hahaha um helicóptero da polícia caiu. Alegria.' Mulher, como você diz algo assim? São almas, são pessoas", disse Sikêra. "Deixa eu pegar os meus óculos para eu ler melhor o nome dessa raça de vagabundo", completou.
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