Brasil em Cannes: confira os representantes nacionais no festival
O Festival de Cannes anunciou hoje os filmes que serão exibidos em sua próxima edição, e o Brasil tem três representantes na lista.
Três diretores brasileiros, Kleber Mendonça Filho, Karim Aïnouz e Renée Nader Messora, terão obras exibidas no festival. Uma delas foi gravada numa terra indígena no Tocantins.
"A seleção deste ano revela que Cannes mantém sua tradição de unir o cinema de autor e os grandes filmes de Hollywood, em um mix que valoriza os diretores e a ousadia de linguagem", avalia a colunista de Splash Flavia Guerra.
Cannes, no entanto, "não perde de vista que, em tempos em que as salas ainda não recuperaram a frequência do público pré pandemia, é preciso também acolher blockbusters como 'Indiana Jones'", completa Flavia.
Karim Aïnouz concorre à Palma de Ouro com "Firebrand". O filme conta a história do casamento de Henrique 8º com sua última esposa, Catarina Parr. O monarca é interpretado por Jude Law, e Alicia Vikander é a rainha.
"Retratos Fantasmas", o quinto longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, terá sua estreia no festival. O documentário será exibido em sessão especial, fora de competição. O longa se passa no centro do Recife e conta a história dos cinemas de rua da cidade.
"Palácios de Cinema em centros de cidades são comuns a muitos outros lugares no mundo, mas ocorre que eu sou pernambucano, recifense, e parti para mostrar essa geografia da cidade com um ponto de vista pessoal", diz Kleber Mendonça Filho.
"O cinema brasileiro que reflete justamente sobre a importância, simbólica e histórica, das salas de cinema, ganha justo destaque com o filme de Kleber Mendonça Filho. Em tempos em que as salas são vistas como dispensáveis por muitos diante da atração dos streamings, "Retratos Fantasmas" traz uma reflexão oportuna sobre o tema", avalia Flávia Guerra.
Brasil também será representado por "A Flor do Buriti", dirigido pela paulista Renée Nader Messora e o português João Salaviza. O longa filmado na Terra Indígena Kraholândia, no Tocantins, estreará na mostra paralela Un Certain Regard. A obra mostra as violências sofridas pelo povo Krahô e a luta para defender sua terra.
Análise dos indicados de Cannes, por Flávia Guerra:
A seleção deste ano revela que Cannes mantém sua tradição de unir o cinema de autor e os grandes filmes de Hollywood, em um mix que valoriza os diretores e a ousadia de linguagem, mas não perde de vista que, em tempos em que as salas ainda não recuperaram a frequência do público pré pandemia, é preciso também acolher blockbusters como "Indiana Jones", grandes nomes como Martin Scorsese e seu "Killers of the Flower Moon", além de nomes como Wes Anderson. O diretor famoso por seus elencos estelares leva o novo longa "Asteroid City" e um elenco que tem nomes como Margot Robbie, Tom Hanks, Tilda Swinton, Scarlett Johansson, Edward Norton, Willem Dafoe, entre outros.
Outra marca inédita (ainda que longe do ideal) é o número de seis diretoras na Mostra Competitiva. Sempre criticado por ter um número pequeno de mulheres que concorrem à Palma, desta vez Cannes terá nomes como a italiana Alice Rohrwacher, com "La Chimera", Catherine Breillat, com "L'été Dernier" ("Last Summer"), Jessica Hausner, com "Club Zero", Justine Triet, com "Anatomie d'une chute", Renata-Toulaye Sy, com "Banel et Adama", e Kaouther Ben Hania, com o documentário "Olfa's Daughter".
Por falar em documentário, o gênero não costuma ser prestigiado na Mostra Competitiva de Cannes todos os anos. O fato de haver dois documentários em competição nesta 76 edição sinaliza a força das histórias reais no cinema internacional atual. Além de "Olfa's Daughter", "Jeunesse", do chinês Wang Bing, está na Mostra Competitiva.
O cinema latino-americano continua ocupando menos espaço que merecido na competição oficial, com apenas Karim Aînouz entre os diretores, com a já citada produção internacional "Firebrand". Na mostra paralela Un Certain Regard (Um Certo Olhar), há o chileno "Los Colonos", de Felipe Gálvez, o argentino "Los Delincuentes", de Rodrigo Moreno, e a coprodução Brasil-Portugual "A Flor do Buriti", dos já citados João Salaziva e Renée Nader Messora.
O cinema brasileiro que reflete justamente sobre a importância, simbólica e histórica, das salas de cinema, ganha justo destaque com o filme de Kleber Mendonça Filho. Em tempos em que as salas são vistas como dispensáveis por muitos diante da atração dos streamings, "Retratos Fantasmas" traz uma reflexão oportuna sobre o tema.
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