Não, nós não precisamos de uma série de TV de Harry Potter
A primeira série de televisão de Harry Potter foi anunciada na última quarta-feira (12). O título será uma produção original da HBO Max (que passará a ser chamada apenas por Max). Segundo o presidente e CEO da HBO & Max Content, Casey Bloys, será uma maneira de "descobrir Hogwarts de uma maneira totalmente nova".
Mas será mesmo que precisamos conhecer a escola de magia e bruxaria de um jeito diferente?
Como uma criança que cresceu lendo os livros e assistindo aos filmes de Harry Potter, posso dizer: não. Não precisamos.
A história do menino bruxo foi contada em sete volumes literários, escritos pela controversa J.K. Rowling. Ao final de "Harry Potter e as Relíquias da Morte" já tínhamos um fim satisfatório não apenas para o protagonista, como para todos os envolvidos. Se o final é bom ou é ruim, pode ser discutido, mas é preciso concordar que a narrativa terminou de maneira aceitável.
O dinheiro sempre fala mais alto e os sete livros se tornaram oito filmes. E deveria ter acabado ali. Não há a necessidade de mais história, não é preciso conhecer novos personagens. A jornada de Harry foi acompanhada de perto por milhões de fãs no mundo todo. Vimos ele bebê sendo entregue aos tios "trouxas", até se tornar um homem, casado e com filhos.
No entanto, novamente o dinheiro falou mais alto e uma saga derivada foi lançada nos cinemas - baseada também em um livro da J.K. Rowling, mas dessa vez com diversas criações feitas apenas para as telas.
O primeiro, "Animais Fantásticos e Onde Habitam", chegou aos cinemas em 2016 e levou os fãs da história do menino bruxo aos cinemas. Mas o óbvio aconteceu e aqui vou parafrasear Maurílio, do Choque de Cultura: perceberam ser um filme de Harry Potter sem Harry Potter. Não é o mesmo encanto.
Em 2022 foi lançado "Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" e, em meio a polêmicas, o longa não foi o sucesso esperado e não se sabe ainda se haverá um quarto filme.
Há também o lançamento de Hogwarts Legacy, o jogo de videogame que chegou em fevereiro e tem sido um sucesso. No entanto, neste caso, há critérios, como jogabilidade e interação, que acabam falando mais alto. E, importante frisar, o game não adiciona informações ou personagens relevantes ao universo que já conhecemos.
Além destes argumentos, há um assunto completamente ignorado pelos executivos da Warner — a detentora dos direitos autorais da saga: a transfobia de J.K. Rowling. Não é de hoje que a autora de Harry Potter faz comentários questionando a existência de pessoas transsexuais. Desde 2020 ela usa as redes sociais para tentar justificar a sua posição sobre o assunto e desagrada uma boa parte dos fãs.
Mesmo com as diversas acusações de transfobia, a autora não sofre com o "cancelamento" fora da internet. Esta nova série de Harry Potter conta com Rowling como produtora. Ou seja, ela ganhará dinheiro (e muito) com o título.
Polêmicas à parte, é inegável que o interesse do grande público por novos conteúdos de Harry Potter vem caindo. Os fãs mais fanáticos talvez ainda mantenham a curiosidade, mas aqueles que gostam da história e lembram com carinho dos livros e filmes, podem não ter digerido o "luto" do fim ainda. É preciso de tempo. O espectador precisa descansar, sentir saudades deste mundo.
Não foi o que aconteceu e a franquia saturou.
Talvez eu esteja errada e a série de Harry Potter seja um sucesso sem precedentes. Talvez. Mas poderia apostar que se a (HBO) Max focasse em algo novo, buscasse algo inédito, nada derivado do que já cansamos de assistir, o retorno positivo fosse mais garantido.
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